A Parapsicologia, que denominaremos Ψ, é o estudo dos fenômenos paranormais.
Entende-se por paranormal o que está além do normal e, por normal, aquilo que
pode ser entendido de forma racional pela ciência.
Então, Ψ é o
estudo dos fenômenos que não são explicados pela ciência.
As leis básicas
da ciência são aquelas formuladas nas áreas da Psicologia, da Biologia e da
Física. Assim, o parapsicólogo deverá ter uma formação ou um interesse
pluridisciplinar pelo menos nas áreas científicas citadas.
As ciências biológicas, psicológicas e físicas
utilizam-se de instrumentais que as tornem inteligíveis.
Dentre tais instrumentais encontram-se a Matemática, a
Estatística, a Química e a moderna Ciência da
Computação, no caso podendo ser considerada como
Informática.
Os fenômenos Ψ estão espalhados por todos os ramos do
conhecimento e podem até ser considerados como
participantes da própria vida dos indivíduos,
entendendo-se por indivíduos os seres com os quais
lidamos no dia a dia, desde objetos, animais,
vegetais, e mesmo os seres humanos. Estes ramos do
conhecimento, que ao longo do tempo individualizaram-se
em Economia e suas leis, Antropologia,
Arqueologia, Palentologia, Zoologia, Botânica,
Sociologia e os demais segmentos da atividade humana,
encontram-se salpicados de paranormalidade, e foram
todos construídos a partir da Filosofia que significa
amor ao conhecimento. A questão Epistemológica em
Filosofia, ou da Ciência do conhecimento, é
indispensável à noção geral de Parapsicologia ou de
qualquer conhecimento que vá manter-se ou não. Epistemologistas como G. Bachelard, T. Kuhn, M. Bunge,
P. Feeyrabend, I. Lakatos, k. Popper e mesmo R. Descartes,
M. Foucault, J. Piaget, B. Russel, E. Husserl, Hegel
tanto quanto os gregos Platão (Sócrates), Aristóteles,
Heráclito e Parmênides dentre vários outros filósofos do
conhecimento geral, como A. Schoppenhauer, são de muito
bom alvitre para o estudo da Ψ.
No Brasil, diretamente envolvidos com Ψ, estão os
pensadores filosóficos V. R. Borges, I. C. Caruso e M.
A. Machado. Fora de PSI está F. Malaguti, filósofo
(hegeliano) , atualmente na Alemanha.
Apesar destes chamados pré-requisitos para o estudo de
Ψ, ainda assim um indivíduo leigo pode interessar-se e
desenvolver suas próprias idéias e experiências no tema.
A princípio, o próprio interesse do investigador
considerado leigo basta para que ele estude o fenômeno,
dependendo do que se chama de "grau de estranheza".
Há fenômenos tão anômalos que mesmo uma criança pode ter
acesso a eles e desenvolver suas próprias idéias.
Em segundo lugar, a participação de um investigador Ψ
parece ser o bastante para que o fenômeno se produza, de
forma inexplicável. Meu ponto de vista é que Ψ
está ocorrendo a todo o momento, sendo generalizado
entre os seres, vivos ou não, e imprescindíveis, no caso
do ser humano, para a integridade do próprio ser.
Excessos de PSI todavia levam os humanos à desorientação
e, nesse caso, a interferência parapsicológica de
investigadores com prática terapêutica torna-se
indispensável.
Como, pelo visto, a pesquisa Ψ atua sobre instâncias
profundas da mente e da natureza, em geral sob nosso
desconhecimento e descontrole, admito que tal pesquisa deva
ser intrinsecamente carregada de riscos à própria
integridade que Ψ assegura ao ser humano. Uma
questão fundamental que atinge o cerne desta questão é o
controle pelo Homem do fenômeno quando então
perspectivas novas de compreensão da natureza e seu uso
construtivo, presume-se, poderão revelar potencialidades
inimagináveis no momento atual da evolução humana,
científica e tecnológica.
RELIGIÕES
O filósofo positivista Comte elabora a chamada Lei dos
Três Estados, segundo a qual a humanidade tende a
formular suas explicações dos fenômenos naturais segundo
os pontos de vista teológico, metafísico e científico.
O primeiro, ocorrido em eras pregressas do
desenvolvimento humano, dizia respeito às interpretações
sobrenaturais dos acontecimentos que cercavam os seres.
Devido à de elevada dose de ignorância, os eventos eram deificados por eles. Posteriormente, com o advento
dos primórdios sócio-políticos mais organizados, o Homem
foi obrigado a mesclar o sobrenatural e divino com o
científico. Atualmente, com sociedades econômica e
politicamente desenvolvidas e organizadas, o ser humano
evoluiu sua tendência observacional para o estágio
puramente científico (OBS.: como se as questões
científicas tivessem sido solucionadas, poderosa parcela
da humanidade ingressou no estágio 4. Uso
tecnológico).
Sob este prisma, qualquer tradução sobrenatural do
fenômeno Ψ tornar-se-ia inadequada, incluindo-se a
deificação como origem primeira e última do
desconhecido. Ainda que desconhecido, o imaginário
dos seres caminha inexoravelmente para utilizar-se do
método científico e não religioso de Ψ, evitando-se um
retrocesso. Isso pode todavia ser um erro
drástico, mesmo porque na área que estamos tratando
parece que os dogmas científicos mais avançados ainda
assim são impotentes na definição exata das leis que
governam a parapsicologia. Além disso, o culto
religioso é rico na fenomênica paranormal e parece
exatamente que este fato está associado à aceitação das
divindades. Aproveito para dizer que relacionando
a lei de Comte a Ψ, estamos aproximadamente muito
afeitos à interpretação sobrenatural, mesmo sob a
perspectiva metodológica, já que a ordem científica
apresenta-se inoperante.
Uma função básica de parapsicologia é a abstração
religiosa e a penetração no buraco do inusitado
paranormal sem desprezo do sobrenatural mas caminhando
no sentido positivo da evolução comteana e não
retrocedendo aos estágios preliminares, o que
significaria um retorno involutivo e uma relegação ao
segundo plano do conhecimento humano adquirido até
agora.
ARTES
Entendo por arte uma distorção objetiva da representação
da realidade. Como expressão de tal distorção, a
arte induz ao receptor da emoção do artista uma emoção
qualquer que só está definida em sua origem de
representação, isto é, a realidade. O desvio
interpretativo que impõe o artista aos objetos de sua
percepção às vezes proveniente de uma alteração neural
com relação ao comum das expressões emotivas, é o que se
chama em geral de criatividade.
Eventualmente, sem passado real ao qual o artista deva
se reportar, ele "cria" a novidade como se ela proviesse
do nada, apenas do seu interior isolado. Neste
momento, quando a inspiração parte não da realidade
percebida sensorialmente mas de algo que só se torna
real pela utilização de uma técnica apropriada, enfim,
podendo ser mesmo uma visão interna, aí a arte ativa o
poder materializador de idéia emotiva do artista.
Não se pode falar de arte sem falar na sua materialidade
como emoção concretizada. Mas, a atitude criativa
do autor independe às vezes da sua própria vontade, caso
das artes psíquicas, ou paranormais, mesmo que ela não
seja objetivada por um pincel ou um cinzel.
Em segundo lugar, os aspectos particulares
expressionais do artista em geral não são revelados ou
programados pois eles são revelados inefáveis e não
podem ser declarados. A origem profunda da arte,
excluindo-se algum viés introduzido pela química e pela
relação neural, permanece um mistério e a emoção
artística criativa assemelha-se muito às formulações
científicas aparentemente desprovidas de emoção.
Veja-se como exemplo o trecho da carta escrita por
Einstein a Hadamard, respondendo a um questionário para
"L' Enseignement Mathématique", publicada em 1952 em
"The Creative Process". de Brewster Chiselin, Mentor Books, N Y, 1952, e repetida por Fayga Ostrower, em "Criatividada
e Processos de Criação", IMAGO, 1977, RJ:
"As palavras ou a língua, escrita ou falada, parecem não
ter função alguma no mecanismo do meu
pensamento. As entidades
psíquicas servindo como elementos
no meu pensamento, são
certos signos e imagens mais
ou menos claras, que podem ser
reproduzidos e combinados intencionalmente (voluntarily).
Naturalmente há certa conexão entre esses
elementos e conceitos lógicos relevantes. É claro
também que o desejo de alcançar conceitos logicamente
interligados constitui a base emocional desse jogo
bastante livre (rather vague play) com os elementos
acima mencionados. Contudo, do ponto de vista
psicológico, esses jogos combinatórios parecem
constituir o aspecto essencial do pensamento produtivo -
antes que surja alguma ligação com construções lógicas
verbais, ou outra espécie de signos que possam ser
comunicados a outros". O grifo é meu.
POLÍTICA
Em geral, como de comum acordo, os parapsicólogos
brasileiros evitam falar em política, pois revelam-se
temerosos de que a possível discussão política possa vir
a desagradar um ou outro grupo que esteja interessado em
manter e usufruir do poder político, no Brasil,
partidário, como um sub-produto do Estado que se
amplifica às menores hierarquias sob seu comando.
Entretanto, este fato não nos impede de ampliar o estudo
da parapsicologia ao domínio da política haja vista que,
do ponto de vista do fim a ser atingido, pretende
uma modificação drástica nos conceitos políticos que
atuam sobre as sociedades.
Embora a metodologia utilizada em PSI aplique conceitos
pré-estabelecidos, o fim a ser alcançado pode contrariar
estes próprios conceitos pré-estabelecidos (exemplo: a
velocidade máxima do sinal). Então, como
orientação, o método, no anarquismo metodológico
científico, é abandonado para abarcar a Parapsicologia e
fenômenos afins e anômalos. P. Feeyrabend é um
exemplo, em "Contra o Método", do qual não tenho nenhum
registro editorial.
Retornando à política em si, e à sua relação com a
sociedade, têm-se dois pólos
1 - O da prevalência do Estado, com poder central sobre
a sociedade.
2 - O da prevalência da sociedade, com poder difuso e
ausência do Estado. Nesse caso, os representantes
da Sociedade que os mantém como seu organizador são
absorvidos na própria Sociedade.
Qualquer sistema político será uma gradação entre estes
dois pólos, podendo haver um menor controle estatal e um
maior laissez-faire social auto-regulador e
vice-versa.
A política associada ao primeiro pólo poderíamos chamar
de estadismo absoluto, com poder central, burocracia,
planejamento total da sociedade hierárquica. Do
outro lado, com o fim da hierarquia de algum poder
central, atinge-se o limite no anarquismo absolutamente
difuso, liberdade geral, laissez-faire, regulação
interna, utilização de recursos sem o limite imposto
pela escassez, etc... Nesse último caso, sem muito
esforço intelectivo, fica óbvio que poderia ser
alcançada a desordem social e então os indivíduos da
sociedade teriam que se organizar de alguma forma tal
que esta organização pudesse alcançar uma "ordem não
hierárquica", um mecanismo de feedback negativo (veja-se
Cibernética e Sociedade - Wiener). Repetindo, as
variações políticas e suas variantes situam-se
parametricamente na referência ao estadismo absoluto ou
ao anarquismo difuso.
A Parapsicologia, nos seus âmbitos de investigação e de
estudo, ao sinalizar um rompimento epistemológico com a
ciência oficial, aproxima-se muito mais do anarquismo
contestador do status quo que de um poder de onde
promane uma rígida ordem científica. Esta seria a
postura política inerente à Parapsicologia.
ECONOMIA
A economia é produzida pela organização da escassez de
recursos. Ao contrário, se os recursos fossem
ilimitados, a organização da abundância poderia
acontecer mas de uma forma completamente diferente da
desenvolvida pela humanidade que sempre conviveu com a
escassez. Períodos de entressafra obrigam o ser
humano a guardar e estocar suas conquistas da safra,
mais ou menos, ou consumir com mais moderação os
recursos estocados. Por uma tendência humana
envolvida neste movimento de acumulação de riqueza crua,
o ser humano, ou por acaso, ou pela sua própria
tendência já aludida (retenção anal - fecal neurótica e prazer
físico infantil), guarda mais e futuramente terá mais
poder que seu vizinho que guardou apenas o necessário à
sua sobrevivência. Esta fase imaginada como
primitiva, permitiu a acumulação de bens, propriedades e
capital de uma forma, poderíamos dizer, geométrica, tal
que os detentores dos bens, comercializassem para os que
gastaram seus bens para si próprios. Havendo um
limite de recursos, o processo geométrico de acumulação
cria uma desigualdade em que os acumuladores tornam-se
ditadores do consumo dos que apenas preocuparam-se com
sua sorte.
A figura abaixo sintetiza o nosso ponto de vista da
atividade econômica.

0 = Morte
A = Indivíduo que não acumulou
B = Indivíduo que acumulou
A proposta Ψ para a economia, como pressupõe energia a
partir do vácuo ou da mente hiperdimensional, parece
inesgotável.
Nesse caso:

Observe-se o fim da neurose na ausência de um outro
comparativo que servia como atuador.
Vê-se não haver a prevalência original nem de A nem de
B, mesmo com o prazer retentivo anal identificado em
ambos, mas não um prazer neurótico que se realiza no
exercício da sobrepujança.
A produção em "tempo real" (quando houvesse necessidade)
bastaria, ao grupo de indivíduos A socializados com o
grupo de indivíduos B, independente da tendência
neurótica de ambos, devido à ausência de escassez de
recursos ou produção em "tempo real" da abundância de
recursos, isto é, em tempo imaginário. O leitor
poderá argumentar com muita razão, ser esta uma utopia.
Entretanto, os sistemas envolvidos tenderão, pelo uso de
Ψ, a uma tal sociedade em que a injustiça não se faça
pela acumulação de bens por uns em detrimento de outros.
O momento, todavia indica uma crise econômica mundial do
capitalismo, o modelo de acumulação em base neurótica,
mas que parece não terá solução senão a perpetuação, por
uma outra forma, diria desumana, da mesma divisão - que
há hoje, 2009, das sociedades entre pobres e ricos pois
os recursos continuam escassos.