Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

3a AULA

FÍSICA QUÂNTICA E CONSCIÊNCIA

 

Carlos Alberto Tinoco

SUMÁRIO

Este trabalho será apresentado no "Seminário Psi Quântico e os Novos Caminhos da Física Moderna", coordenado pelos alunos do 2o ano do Curso de Parapsicologia da Faculdade de Biologia e Ciências da Saúde das Faculdades Integradas Espíritas, ser realizado entre os dias 25 e 27 de outubro de 2000.

 

I - APRESENTANDO A MECÂNICA QUÂNTICA

A mecânica quântica nasceu nos primeiros trinta anos do século XX, com os esforços dos físicos Louis De Broglie, Erwing Schroedinger, Werner Heisenberg e outros. É uma teoria da física muito bem sucedida, pois seus resultados teóricos  se coadunam com os resultados experimentais de modo esperado.

A mecânica quântica apresenta uma visão probabilista da realidade, ao contrário da física clássica que nos apresenta  uma visão causalísta do mundo material.

O físico Louis De Broglie propôs que todas as partículas estariam associadas à ondas, conforme será abordado posteriormente.

A idéia de De Broglie foi desenvolvida de forma muito sofisticada e quantitativa por E. Schroedinger em 1926, através da equação  abaixo, válida para qualquer partícula:

                                

                               ∂ ψ            ħ       ∂ 2 ψ     ∂2 ψ     ∂2ψ
                           iħ ------- = - ------- [-------- + --------+-------
﴿ +V ψ             (1)
                               ∂ t            2 m     ∂ x
2        ∂ y2      ∂z2

Há uma técnica muito importante e equivalente à equação (1), desenvolvida em 1925 por W.F Heisenberg, conhecida como mecânica matricial.

Na equação acima usada numa partícula, m  é a massa, ψ é um parâmetro associado à amplitude da onda da partícula, h é a constante de Plank e V é a energia  potencial.

A condição:                          

                          + 
                            ψ * . ψ dv  = 1                                    (2)
                          -

é chamada "normalização de onda de De Broglie”.

Foi Max Born quem sugeriu que o valor de ψ2  em um ponto qualquer exprime a probabilidade de estar a partícula localizada neste ponto.  Considerando-se um elemento de volume dv, a probabilidade da partícula ali se encontrar é dada por ψ2 dv.  Esta relação estabelece uma conexão estatística entre a partícula e a onda a ela associada.  Diz-nos onde a partícula provavelmente está e não onde ele de fato está. Portanto, em mecânica quântica, as partículas podem estar em vários lugares, simultaneamente.  Repetindo, a mecânica quântica é uma visão estatística, enquanto que a física clássica apresenta uma visão causalística da realidade.


II - ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA MECÂNICA QUÂNTICA

 A visão estatística da mecânica quântica acarreta algumas consequências de extrema importância. Serão abordadas algumas delas em seguida.


2.1 PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE

É bem conhecida a experiência de difração da luz realizada por Young, capaz de demonstrar a natureza ondulatória da luz (figura 2). Nela, a luz de uma única fonte, passa através de duas fendas retilíneas, estreitas e paralelas. A luz que emerge, forma as conhecidas franjas de difração num anteparo plano colocado em frente. Na teoria ondulatória clássica são introduzidos os conceitos de comprimento de onda λ e de velocidade de transmissão c. Deles, pode-se determinar a frequência  f  da luz   usando a equação: 

                                        c = f.λ                                                (3)

Figura 1

A teoria ondulatória clássica da luz, oriunda do eletromagnetismo clássico de Maxwell, difere, fundamentalmente, da teoria fotônica da luz formulada por Einstein em 1905, ao estudar o efeito fotoelétrico.  A primeira fornece uma visão contínua da luz enquanto a segunda, se baseia no ponto de vista desta como corpúsculos, os fótons.

Na teoria clássica, a energia luminosa poderia crescer gradualmente, de zero em diante, de forma contínua. Na teoria fotônica a energia luminosa é sempre múltipla de um quantum elementar que é a energia de um fóton. Essa dicotomia, caracterizada pelo fato da luz ser, simultaneamente, onda e corpúsculo, perdurou até o ano de 1924, quando o físico Louis De Broglie propôs a audaciosa idéia de que não apenas a luz, mas todas as partículas subatômicas têm caráter dicotômico: podem ser encaradas como ondas ou como partículas. A sua equação pode ser apresentada do seguinte modo: seja h a constante de Planck, p o momento linear da partícula (p= mv) e   λ  o comprimento de onda associado à essa partícula, então, pode-se escrever:                                 

h
p  =  --------                                         (4)
            λ

A equação (4) contém em si o princípio da complementariedade.  Ela nos coloca diante do paradoxo de que os constituintes da matéria são, simultaneamente, ondas e partículas.  Dependendo do tipo de instrumentação usada para observar os constituintes subatômicos, estes podem se apresentar como ondas ou como partículas.

Em experiências realizadas independentemente por Davisson e Germer e por G. P. Tomson, usando fontes de elétrons, foi possível conseguir a difração dessas partículas, ou seja, os elétrons se comportaram como  ondas.

Como podem os constituintes subatômicos, serem, simultaneamente, ondas e partículas?


2.2. PRINCÍPIO DA  INCERTEZA

Em 1927, Werner Heisenberg enunciou o Princípio da Incerteza, o qual pode ser definido pela equação abaixo                                                      

                                 h
( ∆ P).( ∆ X)   ≤     -------                            (5)        
                                4π  

 

onde: P = mv = momento linear da partícula;

          X = posição da partícula em relação à um referencial;

          ∆X = incerteza do momento linear;

          ∆P = incerteza da posição da partícula.

Vamos tornar claro o que seja incerteza.  Suponhamos que um projétil é disparado sete vezes, com a mesma velocidade inicial e sob a mesma inclinação do cano da arma em relação à linha do horizonte. Suponhamos que as medidas das distâncias atingidas pelo projétil, sejam as seguintes:

            X1 = 3258,6 m

            X2 = 3256,3 m

            X3 = 3250,2 m

           X4 = 3266,1 m

           X5 = 3261,6 m

            X6 = 3253,5 m

            X7 =3252,8  m

 

A diferença entre a maior e a menor distância alcançada vale X4 - X3 = 15,4 m.  Se, em mil disparos as variações nos comprimentos situarem-se dentro do valor 15,4 m, então, pode-se dizer que a incerteza na medida da distância, para aquela arma, disparando sob as mesmas condições, vale    ∆  X = 15,4 m.

 

Figura 2

 

A equação (5) nos coloca na posição de observadores com limitada capacidade de observação.  O produto das incertezas do momento linear e da posição é igual a uma constante. Em outras palavras, se pretendemos aumentar o grau de certeza na medida da posição da partícula, aumentará a incerteza em relação à medida da sua velocidade e vice-versa. Isto significa dizer que não é possível se adquirir medidas corretas da posição e da velocidade das partículas subatômicas. Esta incerteza nos tira a possibilidade de uma visão realista do mundo, de uma visão apoiada no ideal greco-romano de medir corretamente o mundo. Este é o princípio da incerteza.


2.3. O SALTO QUÂNTICO

A energia de um sistema macroscópio pode assumir qualquer valor finito.  A energia cinética de um bloco macroscópico qualquer poderia ter sua energia cinética E = ½ mV2 assumindo quaisquer valores entre 0 e 5 000 joules, por exemplo. No nível subatômico é diferente. É o que se verifica com um elétron ligado a uma órbita atômica. Se o elétron é perturbado estando ligado a um átomo, sofrerá transições de modo inteiramente casual, ou seja, mudará de órbita sem qualquer "aviso prévio".

Suponha-se um elétron situado numa órbita estável.  Se for atingido por um fóton, o elétron vai adquirir a energia deste e assim, não poderá permanecer na órbita onde circulava estavelmente.  Sairá procurando outra órbita mais adequada ao seu novo estado excitado. Mas, como na física quântica nada é determinado, existem muitas outras órbitas onde ele pode se alojar. Embora apenas uma quantidade dessas órbitas ofereça ao elétron um local estável e permanente, como pode ele "perceber" qual delas deve usar, a menos que experimente todas? E é assim que faz o elétron !

Um elétron excitado age ao procurar um outro local estável como se aplicasse “sensores” enquanto vai procurando o seu novo lugar em todas as possíveis acomodações. Até “se  decidir” onde viverá (na outra órbita),ele se comporta como se  realmente estivesse vivendo em todas as possibilidades temporárias.  Na  física quântica, esses endereços temporários são chamados de “transições virtuais”,e o endereço final, ”transição real”.  Antes de se decidir a mudar, o elétron “reside” em todas as órbitas, ao mesmo tempo.  Após  explorá-las  inteiramente, então o elétron muda e vai se estabelecer  numa órbita de modo permanente, tendo deixado vestígios da sua passagem em todas as outras, onde “residiu”. Essa é a idéia da transição, virtual.

Outro aspecto importante desse fenômeno de transição virtual é a inexistência de sucessão de acontecimentos, como ocorre no mundo macroscópico, quando um móvel se desloca.  Quando o elétron “muda” de uma órbita onde tem energia E1 para outra onde terá energia E2,não se pode dizer que o estado final é uma consequência do inicial.  Um estado não provocou o outro.  O elétron não alcança  E2  porque tinha E1.  Os dois estados não guardam entre si, nenhuma relação de causa e efeito.

Se um elétron que transita numa órbita K,  possui energia E1 e recebe a colisão   de um foton com energia cinética     K =  hf, de modo que essa energia seja exatamente igual à diferença entre as energias do elétron nas órbitas K e L, então, esse elétron absorverá a energia do fóton e “saltará” como já foi visto, para a órbita L, ficando com energia E2 (Ver figura 3)

Neste caso, pode-se dizer:

 

                                E2 – E1 = hf                                                            (5)   

                                   

 

Figura 3

 

                                                                                                                     

 

2.4 EFEITO OBSERVADOR

A teoria quântica leva-nos a encarar o universo como uma complexa rede de relações entre as diferentes partes de um todo unificado.  Nada pode ser encarado isoladamente.  As partículas são processos em vez de objetos.  Segundo Niels Bohr (1):

“..... as partículas materiais isoladas são abstrações, sendo que suas  propriedades só podem ser definidas e observadas através de sua interação com outros sistemas”.

Na física subatômica, o observador humano não é necessário apenas para a observação das propriedades de um objeto mas também, para a definição dessas propriedades.  O observador decide o modo pelo qual se realizará uma medição e esse modo determinará, de certa forma, as propriedades do objeto observado.  Se a disposição dos instrumentos de medida é modificada, em consequência, serão modificadas as propriedades do objeto sob observação.  O observador está envolvido no mundo que observa, na medida em que influencia as propriedades do objeto observado.

Sobre este assunto, disse J.Wheeler (2):

“Nada é mais importante acerca do princípio quântico do que isso, ou seja, que ele  destrói o conceito do mundo como ‘algo que existe lá fora’, com o observador em segurança e separado dele por uma chapa de vidro de 20 cm de espessura.  Até mesmo para observar um objeto tão minúsculo como um elétron, ele precisa despedaçar o vidro. Precisa poder atingi-lo.  Precisa, então, instalar o seu equipamento de medida.  Cabe a ele decidir se deve  medir a posição ou o momentum.  A instalação do equipamento para medir um deles exclui a instalação do equipamento para  medir o outro”.

Trata-se de uma limitação inerente à realidade atômica.

Na física quântica, não podemos falar das propriedades de um objeto quântico em   si.  Tais propriedades possuem significado no contexto da interação do observador com o objeto observado.  Como disse Heisenberg:

”O que observamos não é a natureza propriamente dita, mas a natureza exposta ao  nosso modelo  de questionamento.” (3).

É o observador quem decide a forma pela qual estabelecerá a medição do objeto e essa disposição determinará, de uma certa forma, as propriedades do objeto observado.  Repetindo, se se modifica a disposição ou os tipos de instrumentos de medição, modificar-se-ão, em consequência, as propriedades do objeto observado.

Em outras palavras, de acordo com o princípio da incerteza, ao se observar uma partícula em movimento, podemos optar por medir a posição ou o seu momentum. Jamais poderemos medir com precisão a posição da partícula e o seu momentum e vice versa.  Além disso, a medição altera o estado do elétron.  Para descrever o que acontece, temos de cancelar a velha palavra “observador”, substituindo-a por “participante”.  Num estranho sentido, o universo é um universo participante. Repetindo mais uma vez, o observador, na física quântica, não pode assumir o papel de cientista distanciado.  Torna-se, isto sim, uma pessoa envolvida no mundo que observa, na medida em que influencia as propriedades dos objetos observados.  Ao instalar o equipamento para medir a velocidade, exclui a instalação de equipamentos para medir o momentum.  Além disso, a medição, altera o estado da partícula que está sendo medida. Depois disso, a realidade não será a mesma.  Neste caso, não existe o “observador” e sim alguém que é um   “participante”.  

Se elétrons passam através de duas fendas lineares e paralelas, como foi visto em 2.1, e instalamos instrumentos para detectar partículas, os elétrons serão medidos como partículas.  Se instalamos instrumentos para medir ondas, os elétrons serão percebidos como ondas.  Foi o observador (ou a sua consciência) quem definiu a realidade dos elétrons.  Este é o Efeito Observador.

Com a mecânica quântica, o papel da consciência torna-se profundamente relevante no que se refere à compreensão do mundo. Goswami (4) da Universidade de Oregon, acredita que a realidade é criada pala consciência, na sua proposta que ele chama de “Idealismo Monista


2.5 PRINCÍPIO DA NÃO-LOCALIDADE

A mecânica quântica nos dá uma visão descontínua e probabilista da realidade. A cada partícula está associada uma probabilidade em relação à sua posição.  Isto é uma decorrência da condição de normalização da função de onda (equação 4).  A teoria da relatividade de Einstein nos dá uma visão linear e contínua da realidade. Einstein e a chamada “escola de Copenhagen”, liderada pelo físico dinamarquês Niels Borh e seus colaboradores, nunca concordaram entre si.  “Nunca, enquanto viveu, Einstein deixou de lutar com a física quântica”, escreveu seu biógrafo A. Pais (5).  São famosas as suas cartas e declarações contra a mecânica quântica. Ele acreditava que esta teoria era uma visão incompleta da realidade.  Numa carta para Ehrenfeld (6), Einstein escreveu: “Acredito menos que nunca na natureza essencialmente estatística dos eventos.  Assim, decidi utilizar a pouca energia que me resta em caminhos que são independentes do alvoroço atual”.  Em outra carta famosa, redigida em 1926 e dirigida ao físico Born (7), Einstein disse:

“A mecânica quântica é muito impressionante.  Mas uma voz interior me diz que ainda não é coisa real.  A teoria produz um bom resultado, mas dificilmente nos leva para mais perto do Velho Senhor.  Para todos os efeitos, estou convencido de  que Ele não joga dados”.

Sabe-se que um dos postulados da teoria da relatividade é a constância da velocidade da luz, independente da velocidade da fonte luminosa em relação a um referencial inercial.  Sabe-se também que, de acordo com as previsões da mecânica quântica, um par de partículas em interação, por exemplo, um par elétron-pósitron oriundos de um fóton, cujos spins formem um singleto, em sentidos opostos, caso um dos spins seja alterado (digamos o do elétron), o outro (o do pósitron), mudará (quase?) instantaneamente, de modo que a soma dos spins, antes e depois da alteração, seja sempre zero.  Isto ocorre independente da distância entre o par de partículas (ver figura 4).  A informação da mudança do spin do elétron viajaria no espaço até alcançar o pósitron, se propagando com velocidade maior que a da luz ou instantaneamente, segundo a mecânica quântica.

Ora, se a teoria da relatividade preceitua não haver informação que se propague no espaço com velocidade maior que a da luz, deveria transcorrer certo tempo entre as mudanças nas direções dos spins, do elétron e do pósitron.  Se estão separados um do outro, por uma distância, suponhamos, muito grande, então, alterado o sentido do spin do elétron, deveria transcorrer certo tempo para que o spin do pósitron também sofresse mudança, de modo que a soma dos seus spins, antes e após a alteração, seja igual a zero.

Como ocorre a mudança dos spins, segundo a relatividade e a mecânica quântica

  

Relatividade                                                                      Mecânica Quântica

 

Figura 4

Legenda da Figura 4: Como ocorre a mudança dos spins, segundo a relatividade restrita e a mecânica quântica.

Relatividade:

a) o par elétron-pósitron no instante t = 0

                      b) o par elétron-pósitron no instante t = 1; o spin do elétron foi alterado;

                      c) o par elétron-pósitron no instante t = 2, onde o spin do elétron foi alterado em laboratório.  O pósitron ainda não “sabe” dessa mudança e seu spin permanece inalterado;

                       d) o par elétron-pósitron no instante t = 3; a informação sobre a mudança do spin do elétron, caminha em direção ao pósitron com velocidade finita máxima, igual à da luz;

e) o par elétron-pósitron no instante t = 4; a informação sobre a alteração do spin do elétron chega ao pósitron e ele fica “sabendo” disso.  Somente então, o pósitron muda seu spin, de modo a manter nula a soma desses spins.  Para que isso ocorresse, transcorreu um certo intervalo de tempo.

Mecânica Quântica:

a) o par elétron-pósitron no instante t = 0; os spins estão em direções opostas:

                      b) no instante em que é modificado o spin do elétron, instantaneamente, o do pósitron também se modifica.

Em 1935, A. Einstein, B. Poldosky e N. Rosen (8) publicaram um artigo na Physical Review, onde seus autores acreditaram ter evidenciado a incompletude da mecânica quântica.  A proposta, que ficou conhecida como “experimento EPR” pelas iniciais dos nomes dos autores, era um experimento usando duas partículas em interação, cuja soma dos spins seria nula.  Se um deles fosse alterado, o outro se alteraria instantaneamente, de modo a manter nula a soma dos spins?  A resposta da mecânica quântica é sim, conforme sabemos.  Como a teoria da relatividade não pode ser contrariada, as alterações dos spins não seriam instantâneas. Esta, segundo Einstein, Poldosky e Rosen, seria a prova definitiva da falha da mecânica quântica, ou melhor, da sua incompletude.  Para a mecânica quântica, as duas partículas em interação no singleto, seriam um sistema inseparável.

Em 1982, os físicos Allain Aspect, Philipe Grangier e Gerard Roger (9), usando um par de fótons emitidos por uma cascata de cálcio radioativo, conseguiram uma proeza fascinante: mediram a correlação da polarização linear dos seus spins, antes e após a alteração de um deles e verificaram a certeza da predição da mecânica quântica, ou seja, a correlação entre fótons era instantânea, ou pelo menos, com velocidade maior que a da luz.  Os fótons com spins iguais a + ½, davam como resultado da sua soma, o valor zero, antes e após a alteração de um deles.  Einstein estava errado!  Este é o princípio da não-localidade, assim chamado porque parecem existir variáveis situadas em locais afastados do lugar onde ocorreu o evento citado.

Em mecânica clássica, se atirarmos um dado sobre uma mesa e se fosse possível saber todas as variáveis associadas à sua queda (velocidade de lançamento, coeficiente de atrito entre ele e a mesa, ângulo de inclinação das faces em relação à mesa, etc), também seria possível determinar com precisão a sua posição final, após sucessivos choques contra a mesa até parar.  Essas variáveis acima referidas, em mecânica clássica, são chamadas variáveis locais porque residem dentro dos objetos estudados.  As variáveis locais são importantes também na física subatômica.

Segundo Fritjof Capra (18):

“Na física subatômica.... elas (as variáveis locais) são representadas por conexões estabelecidas através de sinais, entre eventos separados espacialmente; esses sinais, que são partículas e redes de partículas, respeitam as leis usuais de separação espacial.  Por exemplo: nenhum sinal pode ser locais, outros tipos de conexões, não locais, veio recentemente à luz; conexões  que são instantâneas e que não podem ser preditas, nos dias que correm, de forma precisa, matemática.

“Essas conexões não locais, são concebidas por alguns físicos como sendo a    própria essência da realidade quântica [.....] As leis da física atômica são leis estatísticas de acordo com as quais as probabilidades associadas aos eventos atômicos são determinadas pela dinâmica do sistema como um todo.  Enquanto na física clássica, as propriedades e o comportamento das partes determinam as   propriedades e o comportamento do todo, na física quântica a situação é inversa:  o todo é que determina  o comportamento das partes.

“A probabilidade é, portanto, utilizada na física clássica e na quântica por motivos semelhantes.  Em ambos os casos existem variáveis “ocultas”,  desconhecidas por nós, e essa ignorância nos impede de fazer predições exatas.  Há, no entanto, uma diferença crucial.  Enquanto, na física clássica as variáveis ocultas são mecanismos locais, na física quântica elas são não-locais; existem conexões instantâneas com o universo como um todo.  No mundo cotidiano, macroscópico, as conexões não locais têm, relativamente, pouca importância.  Podemos, por isso, falar em objetos separados e formular as leis que descrevem o comportamento deles em termos de certezas.  A medida porém que nos aproximamos de dimensões menores, a influência de conexões não locais torna-se mais intensa, as certezas vão cedendo lugar às probabilidades e torna-se cada vez mais difícil separar do todo, qualquer parte do universo.

“A existência de conexões não-locais e, delas resultante, o papel fundamental da probabilidade é algo que Einstein nunca teria aceito.  Foi justamente esse o assunto do seu debate histórico com Bohn, na década de 1920, ocasião em que Einstein, por intermédio da sua metáfora “Deus não joga dados” expressou sua oposição à interpretação de Bohn da teoria quântica”.

A essência da sua discordância em relação a Bohn estava na sua firme crença numa realidade externa, que consistia de elementos independentes e espacialmente separados. Isso mostra que a opinião de Einstein era essencialmente cartesiana, causalista, realista.

No experimento de Aspect, Grangier e Roger, como poderia o fóton A, “saber” o exato momento em que foi alterado o spin do fóton B?  O trabalho desses físicos está causando uma pequena crise na física e talvez, um paradigma novo esteja em gestação.

O estudo teórico desse experimento, durante muito tempo ficou conhecido por “teorema de Bell” (ou experimento EPR), por ter sido este o nome do físico que o estudou.


2.6 ESTRANHAS PROPRIEDADES DO ESPAÇO VAZIO

A eletrodinâmica quântica é o resultado da fusão entre a teoria clássica do campo  (eletrodinâmica) e a mecânica quântica, incorporando ainda a teoria da relatividade.  É um modelo quântico-relativista da realidade subatômica, sendo uma ferramenta teórica muito  bem sucedida.

Esse modelo evidenciou a existência dos “campos quantizados”, ou seja, um campo ou interação que pode assumir a forma de quanta (partículas).  Estas, seriam condensações locais  do campo, concentrações que vêm e vão, perdendo, dessa forma, seu caráter individual e se dissolvendo no campo subjacente. Partículas e campos são aspectos diferentes de uma mesma essência. As partículas seriam uma espécie de “campos condensados”.  Sobre este assunto, disse Einstein(19):

“Podemos então considerar a matéria como sendo constituída por regiões do espaço nas quais o campo é extremamente intenso [.....] Não há lugar neste novo tipo de física para campo e matéria, pois o campo é a única realidade”.

Na eletrodinâmica quântica,  todas  as  interações  de  partículas podem

ser representadas por diagramas de espaço-tempo.  A correspondência exata entre tais diagramas e as respectivas expressões matemáticas foram estabelecidas por Richard Feynman em 1949, razão pela qual são conhecidos por “diagramas de Faynman”. Esses diagramas prevêem a criação e a destruição de partículas. Prevêem também que, a partir do vácuo, partículas podem ser criadas e nele desaparecerem em seguida. As interações físicas, tais como o campo eletromagnético, decorreriam da interação entre dois elétrons, sua mútua repulsão, a emissão de um fóton por um deles e a consequente absorção deste fóton pelo outro elétron (ver figura 5).

A criação de partículas, nestes casos, só é possível quando a energia correspondente à sua massa (E = mc2) é fornecida, por exemplo, num processo de colisão.  No caso das interações fortes ou nucleares, essa energia não se acha sempre disponível, como nos casos onde duas partículas conhecidas por núcleons interagem entre si num núcleo atômico.  Em tais casos, a troca de mésons não deveria ser possível.  Entretanto, elas ocorrem.  Dois prótons, por exemplo, podem

Figura 5                                                                                                                      

 

 

 

 

 

trocar um “méson pi”, conhecido por “pion” cuja massa é aproximadamente 1/7 da massa do próton (ver figura 6).  As razões para que essas trocas ocorram, apesar da aparente falta de energia para o aparecimento do méson, podem ser dadas por um efeito quântico vinculado ao princípio da incerteza.  As trocas de mésons aqui tratadas ocorrem em intervalos de tempo extremamente pequenos, envolvendo uma grande incerteza de energia.  Essa incerteza é suficiente para possibilitar a criação de mésons.  Estes são denominados partículas "virtuais", diferindo dos mésons "reais". - que são criados por processos de colisão - porque só podem existir durante o tempo curtíssimo permitido pelo princípio da incerteza.  Quanto mais pesados forem os mésons, menor será o tempo permitido pelo processo de troca.

Outro modo de escrever o princípio da incerteza, seria:

                                                     h  

                            (∆ E).  ( ∆ t)   ≤ ---------                                       (7)                 

                                                      4π

Figura  6

 

As teorias de campo da física moderna leva-nos a abandonar as distinções entre partículas e vácuo.  Está evidenciado pela eletrodinâmica quântica que partículas virtuais podem aparecer espontaneamente no vácuo e em seguida, nele desaparecer.  A figura 8, representa um "diagrama de vácuo", onde esse processo ocorre.  Um próton (p), um antiproton () e um píon ( π ) são formados a partir do vazio e desaparecem novamente no vácuo.  A conclusão que se pode chegar é que o vácuo está longe de ser vazio. Ao contrário, contém um número ilimitado de partículas que passam a existir e desaparecem, continuamente.  Há uma relação bastante dinâmica entre partículas virtuais e o vácuo.  Este, parece "pulsar" num ritmo sem fim, de criação e destruição.

Figura 7


3. FÍSICA E CONSCIÊNCIA

3.1. PSICOCINESIA E EPR

Wilfried Kugel (12) no seu recente paper apresentado à 43a Convenção da Parapsychological Association, fala de um modelo teórico denominado "criptografia quântica", o qual foi desenvolvido por Charles Bennett e Giles Brassard (13) da Universidade de Montreal.  A explicação de Kugel não está clara e não foi possível encontrar o trabalho de  Bennett e Brassard de Montreal.  O físico Costa de Beauregard (14) imaginou o seguinte experimento:  uma sequência de pares de partículas em interação EPR são lançadas no espaço, formando duas  sequências, 1 e  2.  As partículas da sequência 1 estão  em interação EPR com as da sequência 2.  Beauregard (1981) imaginou fótons.  Cada sequência é observada separadamente, em locais distintos do espaço.  Se um "espião" capaz de provocar ação PK, atua nos spins de uma série aleatória de fótons da sequência 1, os observadores irão perceber alterações nos spins das correspondentes partículas da sequência 2.  Com isso, poderia se pensar na transmissão de informações à distância, usando a Psi, através da correlação EPR.  Assim, teríamos uma aproximação da física quântica com a parapsicologia. Essa experiência abriria um bom campo de pesquisa de ligação entre essas duas ciências.


3.2.PSICOCINESIA E CONSCIÊNCIA

Helmut Schimidt (15) na década de 70, construiu vários Geradores de Eventos Aleatóreos ou Geradors de Eventos Randômicos (Randomic Number Generators-RNGs) movidos a decaimento radioativo. Uma das partes do RNG de Schmidt  constava de um painel com lâmpadas dispostas em círculo e que poderiam ser ligadas da direita para a esquerda ou vice versa, dependendo do decaimento do elemento radioativo nele existente.

                                           


                                              

 


Em várias experiências com sensitivos PK, Schmidt conseguiu obter resultados acima do esperado por acaso, evidenciando a ação da consciência do comportamento aleatório da emissão de partículas subatômicas do RNG.

Os trabalhos de Schmidt foram ampliados no Departamento de Fenômenos Anômalos da Universidade de Prínceton por Brenda Dunne (16), Roger Nelson (17) e outros.  Foi Dean Radin (18) quem criou a expressão "Campo da Consciência" para designar o Campo gerado pela mente, capaz de influenciar os RNGs.  Esse campo, ao contrário dos da física, não decai com a distância.


3.3. CONSCIÊNCIA E NÃO LOCALIDADE

Uma experiência relativamente recente, realizada pelo neurofisiologista mexicano Jacobo Grinberg-Zylberbaum (19) e colaboradores, aponta no sentido da consciência ser um fenômeno não-local.  O experimento de Grinberg-Zylberbaum pode ser descrito do modo abaixo:

Dois sujeitos A e B que tenham história de telepatia espontânea e interação emocional, foram instruídos a interagir durante um período de 30 a 40 minutos, até começarem a perceber a existência de uma "comunicação" entre eles, quando seriam envolvidos por uma blindagem de Faraday (espaço fechado e metálico que bloqueia os sinais eletromagnéticos).  A e B seriam mantidos em compartimentos separados, sem possibilidade de comunicação sensorial entre ambos.  Colocados em um terceiro local, diferente daquele onde estão A e B, estavam os pesquisadores monitorando os traçados eletroencefalográficos de A e A, simultâneamente.  Sem que nenhum deles soubesse, foi mostrado um sinal luminoso piscante a um deles.  A escolha sobre a quem seria mostrado o sinal piscante, foi aleatória.  Ao ser acendido o sinal luminoso em A ou B, isto provocou um potencial evocado no cérebro que recebeu o sinal luminoso que pisca.  O potencial evocado é uma resposta eletroencefalográfica produzida por estímulos sensoriais, capaz de ser medida pelo traçado eletroencefalográfico (EEG). Enquanto A e B mantiveram a "comunicação telepática", o cérebro não estimulado registrou também um traçado EEG denominado potencial de transferência, algo que se assemelharia bastante à forma e à força do potencial evocado do cérebro estimulado.  O aparecimento dos potenciais, evocado e de transferência, em A e em B, respectivamente, foi observado de forma simultânea, como se existisse uma "ligação" entre as duas pessoas.  O experimento de Gringerg-Zylberbaum que ocorreu do modo aqui descrito, seria uma evidência da não-localidade da consciência, uma vez que os cérebros-mentes de A e B seriam um sistema interligado não-localmente.  Que tipo de ligação seria esta? Seria uma forma de campo ainda desconhecida e que transcende o espaço e o tempo?


4. CONSCIÊNCIA E REALIDADE FÍSICA.

Faz algumas décadas que cientistas e filósofos reconhecem a necessidade de se incluir a consciência na visão que temos da natureza.

Jung (20) achava que a psique era formada de quatro camadas: 1 - o ego; 2 - o inconsciente individual; 3 - o inconsciente coletivo; 4 - camada psicóide, isto é, não pertencendo ao reino da psique nem ao reino da realidade física.  Seria uma zona obscura, situada entre a consciência e a matéria; seria a região da consciência de onde emergem os casos de influência de mente sobre a matéria, tais como os poltergeists, a magia cerimonial, magia produzida por povos aborígenes e casos de sincronicidade; 5 - esta camada seria o mundo material.  A partir do inconsciente coletivo, à medida que se caminha em direção à Quarta camada, atravessando-a, o inconsciente deixa de Ter natureza psíquica para mergulhar no mundo.  Em outras palavras, as camadas mais profundas da psique perdem seu caráter único e individual cada vez que nela nos aprofundamos.  ”No fundo, a psique é, simplesmente, mundo “ (21)


5-CONCLUSÕES

Muitos físicos, atualmente, trabalham na construção de uma mecânica quântica da consciência.  Aguarda-se, na física, teorias mais gerais sobre a realidade, onde a consciência humana dela fará parte integrante.  Explicitamente, a consciência humana será parte integrante das futuras teorias da matéria.  Geoffrey Chew (22), Fred Allan Wolf (23), Amit Goswsami (24), trabalham sobre o assunto.  Há outros.

A mecânica quântica contribui fortemente para a necessidade da visão objetiva do mundo.  Ao que parece, a realidade não é formada por coisas externas, independentes entre si e independente de nós, observadores.  Ao que parece, a consciência desempenha um papel cada vez mais importante na construção da realidade.  Diz Goswami (25) que é a consciência quem constrói a realidade, numa proposta fundamentalmente idealista.  Ele aponta vários aspectos da física quântica que nos indicam não ser objetiva a nossa realidade, o nosso mundo.

O físico Albert Einstein e o poeta indiano Rabindranath Tagore, nobelista de literatura de 1913, mantiveram um interessante diálogo sobre a objetividade do mundo físico, na tarde de 14 de julho, na residência do Professor Kaputh, publicada em Modern Reviw, Calcutá, 1931.  O diálogo referido é transcrito abaixo:

Albert Einstein

La Naturaleza de la realidad

Autor: Diálogo entre Albert Einstein y Rabindranath Tagore
Fuente: Fundación Unida
Web:
http://www.unida.org.ar


Conversación entre Rabindranath Tagore y el profesor Albert Einstein, en la tarde del 14 de julio de 1930, en la residencia del profesor en Kaputh publicada en Modern Review, Calcuta, 1931. (N. Del E.).

E. - ¿Cree usted en lo divino aislado del mundo?

T. - Aislado no. La infinita personalidad del Hombre incluye el Universo. No puede haber nada que no sea clasificado por la personalidad humana, lo cual prueba que la verdad del Universo es una verdad humana.

He elegido un hecho científico para explicarlo. La materia está compuesta de protones y electrones, con espacios entre sí, pero la materia parece sólida sin los enlaces interespaciales que unifican a los electrones y protones individuales. De igual modo, la humanidad está compuesta de individuos conectados por la relación humana, que confiere su unidad al mundo del hombre. Todo el universo está unido a nosotros, en tanto que individuos, de modo similar. Es un universo humano.
He seguido la trayectoria de esta idea en arte, en literatura y en la conciencia religiosa humana.

E. - Existen dos concepciones distintas sobre la naturaleza del Universo:

1) El mundo como unidad dependiente de la humanidad, y
2) El mundo como realidad independiente del factor humano.


T. - Cuando nuestro universo está en armonía con el hombre eterno, lo conocemos como verdad, lo aprehendemos como belleza.

E. - Esta es una concepción del universo puramente humana.


T. - No puede haber otra. Este mundo es un mundo humano, y la visión científica es también la del hombre científico. POR LO tanto, el mundo separado de nosotros no existe; es un mundo relativo que depende, para su realidad, de nuestra conciencia. Hay cierta medida de razón y de gozo que le confiere certidumbre, la medida del Hombre Eterno cuyas experiencias están contenidas en nuestras experiencias.

E. - Esto es una concepción de entidad humana.

T. - Sí, una entidad eterna. Tenemos que aprehenderla a través de nuestras emociones y acciones. Aprehendimos al Hombre Eterno que no tiene limitaciones individuales mediadas por nuestras limitaciones. La ciencia se ocupa de lo que no está restringido al individuo; es el mundo humano impersonal de verdades. La religión concibe esas verdades y las vincula a nuestras necesidades más íntimas, nuestra conciencia individual de la verdad cobra significación universal. La religión aplica valores a la verdad, y sabemos, conocemos la bondad de la verdad merced a nuestra armonía con ella.

E. - Entonces, la Verdad, o la Belleza, ¿no son independientes del hombre?


T. - No.

E. - Si no existiera el hombre, el Apolo de Belvedere ya no sería bello.

T. - No.


E. - Estoy de acuerdo con esta concepción de la Belleza, pero no con la de la Verdad.

T. - ¿Por qué no? La Verdad se concibe a través del hombre.

E. - No puedo demostrar que mi concepción es correcta, pero es mi religión.


T. - La Belleza es el ideal de la perfecta armonía que existe en el Ser Universal; y la Verdad, la comprensión perfecta de la mente universal. Nosotros, en tanto que individuos, no accedemos a ella sino a través de nuestros propios errores y desatinos, a través de nuestras experiencias acumuladas, a través de nuestra conciencia iluminada; ¿cómo, si no, conoceríamos la Verdad?

E. - No puedo demostrar que la verdad científica deba concebirse como verdad válida independientemente de la humanidad, pero lo creo firmemente. Creo, por ejemplo, que el teorema de Pitágoras en geometría afirma algo que es aproximadamente verdad, independientemente de la existencia del hombre. De cualquier modo, si existe una realidad independiente del hombre, también hay una verdad relativa a esta realidad; y, del mismo modo, la negación de aquélla engendra la negación de la existencia de ésta.


T. - La Verdad, que es una con el Ser Universal, debe ser esencialmente humana, si no aquello que los individuos conciban como verdad no puede llamarse verdad, al menos en el caso de la verdad denominada científica y a la que sólo puede accederse mediante un proceso de lógica, es decir, por medio de un órgano reflexivo que es exclusivamente humano. Según la filosofía hindú, existe Brahma, la Verdad absoluta, que no puede concebirse por lamente individual aislada, ni descrita en palabras, y sólo es concebible mediante la absoluta integración del individuo en su infinitud. Pero es una verdad que no puede asumir la ciencia. La naturaleza de la verdad que estamos discutiendo es una apariencia -es decir, lo que aparece como Verdad a la mente humana y que, por tanto, es humano, se lama maya o ilusión.

E. - Luego, según su concepción, que es la concepción hindú, no es la ilusión del individuo, sino de toda la humanidad...


T. - En ciencia, aplicamos la disciplina para ir eliminando las limitaciones personales de nuestras mentes individuales y, de este modo, acceder a la comprensión de la Verdad que es la mente del Hombre Universal.

E. - El problema se plantea en si la Verdad es independiente de nuestra conciencia.


T. - Lo que lamamos verdad radica en la armonía racional entre los aspectos subjetivos y objetivos de la realidad, ambos pertenecientes al hombre supra-personal.

E. - Incluso en nuestra vida cotidiana, nos vemos impelidos a atribuir una realidad independiente del hombre a los objetos que utilizamos. Lo hacemos para relacionar las experiencias de nuestros sentidos de un modo razonable. Aunque, por ejemplo, no haya nadie en esta casa, la mesa sigue estando en su sitio.


T. - Sí, permanece fuera de la mente individual, pero no de la mente universal. La mesa que percibo es perceptible por el mismo tipo de conciencia que poseo.

E. - Nuestro punto de vista natural respecto a la existencia de la verdad al margen del factor humano, no puede explicarse ni demostrase, pero es una creencia que todos tenemos, incluso los seres primitivos. Atribuimos a la Verdad una objetividad sobrehumana, nos es indispensable esta realidad que es independiente de nuestra existencia, de nuestras experiencias y de nuestra mente, aunque no podamos decir qué significa.


T. - La ciencia ha demostrado que la mesa, en tanto que objeto sólido, es una apariencia y que, por lo tanto, lo que la mente humana percibe en forma de mesa no existiría si no existiera esta mente. Al mismo tiempo, hay que admitir que el hecho de que una multitud de centros individuales de fuerzas eléctricas en movimiento es potestad también de la mente humana.

En la aprehensión de la verdad existe un eterno conflicto entre la mente universal humana y la misma mente circunscrita al individuo. El perpetuo proceso de reconciliación lo llevan a cabo la ciencia, la filosofía y la ética. En cualquier caso, si hubiera alguna verdad totalmente desvinculada de la humanidad, para nosotros sería totalmente inexistente.

No es difícil imaginar una mente en la que la secuencia de las cosas no sucede en el espacio, sino sólo en el tiempo, como la secuencia de las notas musicales. Para tal mente la concepción de la realidad es semejante a la realidad musical en la que la geometría pitagórica carece de sentido. Está la realidad del papel, infinitamente distinta a la realidad de la literatura. Para el tipo de mente identificada a la polilla, que devora el papel, la literatura no existe para nada; sin embargo, para la mente humana, la literatura tiene mucho mayor valor que el papel en sí. De igual manera, si hubiera alguna verdad sin relación sensorial o racional con la mente humana, seguiría siendo inexistente mientras sigamos siendo seres humanos.

E. - ¡Entonces, yo soy más religioso que usted!


T. - Mi religión es la reconciliación del Hombre Supra-personal, el espíritu humano Universal y mi propio ser individual. Ha sido el tema de mis conferencias en Hibbert bajo el título de "La religión del hombre".

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O diálogo acima, reflete muito bem a postura objetivista de einstein e a postura monista idealista de  Tagore, inspirada principalmente nas Upanishads.

Os tibetanos chamam o tempo decorrido entre duas vidas sucessivas de “bardo”. Também chamam bardo esta nossa experiência humana dentro desta realidade material.  Se Goswami e os místicos tibetanos estão certos, viveremos um “sonho” nas nossas vidas?  Será que nossa realidade física não é assim tão concreta?  Se um elétron pode ser, simultaneamente, uma onda e uma partícula, viveremos num mundo difícil de ser compreendido?  Como pode um objeto ser, ao mesmo tempo, duas coisas distintas?  Não estará a mecânica quântica nos apontando para o fato de que a realidade dentro da qual vivemos, é uma espécie de “sonho”?  Será que as realidades física e psíquica, são aspectos diferentes de uma mesma realidade maior, denominada por Jung de “unus mundus”?


6 - BIBLIOGRAFIA


1 - CAPRA,Fritjof(1983) O Tao da física. São Paulo, Cultrix, pg 108;

2 - IDEM. Idem. Pg11

3 - IBIDEM. Ibidem. Pg110;

4 - GOSWAMI, Amit. (1993) The self-awere universe. New York, Puttnam’s Sons;

5 - PAIS, Abrahan (1995) Sutil é o Senhor - a ciência e a vida de Albert Einstein. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, pg.509;

6 - IDEM. Idem. P.381;- IBIDEM. Ibidem, pg.526;

8 - EINSTEIN,A.;POLDOSKY,P; ROSEN,N.; (1935) Can quantum-mechanical - cription of  reality be completed?            Physical Rev.v. 47, pg.777;

9 - ASPECT,A.; GRANGIER, P.; ROGER, G. (1982) Experimental realization of  Einstein-Poldosky-Rosen Bohm
         
 gedankenexperiment: a new violation of  Bell’s inequality. Physical Rev. Letters v.49, No 2;

10 - CAPRA,Fritjof (1983)O Tao da física. São Paulo, Cultrix,pg.230-231;

11 - IDEM.Idem. Pg160;

12 - KUGEL,Wilfried (2000) Quantum correlation as a potencial detector for Psi-phenomena. Proceeding of 43
    rd  Annual Convention of Parapsychological Association, Frieburg, Alemanha;

12 - BENNETT,C. & BRASSARD,G. (1984)Quantum cryptography: public key distribution and coin tossing. In:
      
      Proceeding of IEEE International Conference on Computer, Systems and  Signal Processing, Bangalore,
             India:
New, York,175 -179;

14 - COSTA DE BEAUREGARD, O. (1981) Retropsychokinesis and superluminal telegraphcs. 
  
         Psychoenergetics, 4,11-14;

15 - SCHMIDT, Helmut.(1974) Comparison of PK action on two different random number  generators. Journal  of
        
   Parapsychology, 38, 47-55;

 16 - DUNNE, Brenda J.; DOBYNS, Y.H.; JAHN,R.G.; NELSON,R.D. (1994) Series position effects un random event
      
     generator experiment, with appendix by Angela Thompson. JSE 8:197-215;

17 - NELSON, Roger. Global Consciousness Project; Internet: rdnelson@princeton.edu , (1998);

18 - RADIN, Dean. The conscious universe. San Francisco, HarperEdge, 1997,pg. 157;

19 - GRINBERG-ZYLBERBAUM, Jacobo.;DELAFLOR, M.; ATTIE, L; GOSWAMI, A (1992) The EPR paradox in the
             human brain
.
Inedito;

20 - GELLERT, Michel (1995); A mão generosa de Deus. São Paulo, Pensamento, pg.77;

21 - IDEM.Idem.pg.77;

22 - CHEW,Geofrey (1970) Handon Boodstrap:triunph or frustation. Physics today v. 23, pg 23-28;

23 - WOLF, Fred Allan (1981) Taking the quantum leap. San Francisco,  Harper Row;

24 - GOSWAMI, Amit. O universo autoconsciente. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1998;

25 - IDEM. Idem;