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EVIDÊNCIAS DE MEMÓRIA EXTRA-CEREBRAL
NO PSICOGRAMA MUSICAL
Glória Lintz Machado
IPRJ / ABRAP
APRESENTAÇÃO
Com o patrocínio do Conselho de Ensino e Pesquisas
para Graduados, da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro), bolsa de pesquisador de 1971 a 1973,
realizei pesquisas sobre Musicoterapia, empregando
um teste psicológico de caráter projetivo que
denominei "Psicograma Musical".
Centenas de casos foram por mim observados com
resultados tão animadores, que passei a utilizar o
"Psicograma Musical" em minha Clínica Psiquiátrica,
juntamente com o T.A.T. de Murray e o Rorschach.
Apliquei-o em casos de depressão, de psico-neuroses,
etc; à medida, porém, que os casos se iam
acumulando, mais me defrontava com alguns resultados
que pareciam estranhos ao contexto geral, fazendo
vislumbrar uma personalidade diversa da analisada.
Os relatos fornecidos pelos pacientes não podendo ser
identificados com nenhuma experiência sua anterior,
levaram-me a admitir, como hipótese de trabalho, um
processo de Memória extra-cerebral provocada sob
estímulo musical adequado.
Definimos Memória extra-cerebral como aquele
conjunto de recordações que não podem ser,
logicamente, vinculadas às experiências atuais da
vida do paciente. Poder-se-iam classificar de
absurdas tais recordações, uma vez que a Psicologia
e a Neuro-Fisiologia afirmam que nenhuma memória
pode existir no indivíduo sem que o seu conhecimento
correspondente esteja ligado ao cérebro. A
Parapsicologia, porém, que trata das percepções
extra-cerebrais, ou extra-sensoriais, endossa o
fenômeno, incluindo-o na área das pesquisas
psi-theta.
O conjunto de recordações do tipo em apreço deixava
entrever o fenômeno de dupla personalidade que
aparecia sob o estímulo musical quando da aplicação
do psicograma e me levara a considerar um aspecto
particular da pesquisa da memória extra-cerebral:
Poderia a memória extra-cerebral, sugestiva de
reencarnação, aparecer em adultos quando submetidos
a estímulos musicais apropriados?
Era uma via nova que se abria em meus trabalhos com
o "Psicograma musical" e não tive outra opção senão
explorá-la, não apenas do ponto de vista da pesquisa
pura da reencarnação, mas como uma nova forma de
alcançar o objetivo terapêutico proposto.
Selecionamos, dentre esses, cinco casos e os
submetemos à hipnose, segundo o método de
pestanejamento sincrônico de Torris Norry, técnica
de David Ackestein.
Alcançado o grau profundo, passamos à regressão de
idade (ou de memória). O paciente, após uma
série de sessões, nas quais eu procurava apurar sua
sensibilidade, cumpria as fases de regressão, da
idade atual à vida intra-uterina. Insistindo
nas induções, levava suas "recordações" além,
passando a descrever experiências, às vezes bastante
dolorosas (e responsáveis pela síndrome atual), que
não se enquadravam, obviamente em nenhuma etapa de
sua presente existência. Nessas experiências,
representadas pela Memória extra-cerebral, parecia,
em muitos casos, ser uma pessoa diferente, uma
personalidade, um "alter-ego", em relação à
personalidade atual que me procurava como paciente.
Nessas vivências, que poderiam ser atribuídas a uma
provável vida anterior, haveriam ocorrido os
acontecimentos que, quando da aplicação do
Psicograma na 1ª fase de nossa pesquisa haviam nos
despertado estranheza.
O Psicograma musical, embora não tenhamos uma coleta
de dados que nos permita conclusões definitivas,
parece, assim, ser capaz de representar um fator
adicional na pesquisa de reencarnação, uma vez que
pode provocar, em adultos, indícios de memória
extra-cerebral.
O presente trabalho consta das seguintes partes:
A - Psicograma musical: |
Introdução
Conceito
Natureza
Administração
Levantamento de dados |
B -
Apresentação de dois casos |
O primeiro sem
traços de M.E.C. e
O segundo sugestivo de M.E.C. |
C - Conclusão
até o momento |
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A - PSICOGRAMA MUSICAL
INTRODUÇÃO
Os
termos musicoterapia, meloterapia ou
terpsicoretranseterapia, em sua relatividade
sinonímica, significam o emprego da Música como
processo curativo, constituindo uma forma de
tratamento com resultados por vezes surpreendentes,
não somente nas psiconeuroses mas também nas
perturbações funcionais e somáticas. A
importância da Música no tratamento das enfermidades
é, com efeito, reconhecida e proclamada desde os
tempos mais remotos. Os seus elementos
dinamogênicos (ritmo, melodia e harmonia) aparecem
sempre ao longo dos séculos, à guisa de agentes
modificadores do psiquismo.
Na
verdade, a música, tanto a erudita, que responde às
solicitações da sensibilidade refinada, quanto a
popular e folclórica, que inclui extensas faixas de
motivações por traduzir a experiência coletiva mais
ampla e geral, espelha as predominâncias
sentimentais, reflete a cromática psicológica do
grupo em que surgiu e constitui uma das mais
importantes formas de psicocatarse, devido,
principalmente, à característica de indeterminação
intelectual do som e à força catalisadora do ritmo.
As
tensões íntimas conflituais tendem a ser expulsas
numa ab-reação catártica quando o indivíduo, cedendo
à influência dos impulsos rítmicos e melódicos, a
eles se entrega, apresentando, à medida que
descondiciona inibições e vence oposições
implícitas, formas de expressão, nas quais cabe ao
observador meticuloso identificar e qualificar em
escala apropriada, os valores significativos
oferecidos à diagnose.
Cumpre
lembrar, a título ilustrativo, que catarse vem,
etimologicamente, do grego katharsis, puro, e
significa na Estética de Aristóteles, limpeza da
alma. Liberação de sentimentos recalcados, de
registros negativos, de introjeções anômalas,
subconscientes, a catarse define, em essência, a
crise emotiva normalizadora que se desencadeia, com
o fim de reconduzir todo o sistema afetado, à guisa
de válvula de escape, aos reajustes indispensáveis,
através de sua remoção para o consciente, sendo
esclarecidos os motivos determinadores.
Quando
ouvimos música, somos levados a assumir uma posição
auto-receptiva determinada pela sugestiva rítmica
sonorizada, favorecendo a liberação de nossa
potencialidade imaginativa e emocional: cenas,
imagens, sentimentos, numa sucessão caleidoscópica,
surgem em nossa tela mental em conotação com a
diversidade de estímulos que cada peça oferece e com
as diferenças caracterológicas e vivenciais que
estruturam a dinâmica da personalidade.
Interpretando quantitativa e qualitativamente as
reações, poderemos sondar as causas, extensão e
natureza da problemática psicológica e chegar a uma
compreensão dinâmica da área conflitiva. Esse
é o objetivo do "Psicograma Musical", método por nós
desenvolvido, preconizado e aplicado.
CONCEITO
O
psicograma musical é um teste psicológico, de
caráter projetivo, no qual o indivíduo reagindo ao
estímulo sonoro, dá livre curso à sua imaginação,
revelando vivências e conflitos íntimos, permitindo
avaliar-se as características de sua personalidade e
prever-se seu provável comportamento.
Seu
valor especial consiste no poder de revelar as
tendências subjacentes recalcadas que o indivíduo
não quer ou não pode admitir, devido à sua índole
sub-consciente e que pela ação da música emergem
numa ab-reação catártica.
NATUREZA
Técnica
projetiva, perceptual associativa. Seu
princípio subentendido é, em essência, o mesmo das
demais técnicas projetivas (Rorschach, T. A. T. de
Murray, método de associação de palavras, etc.):
tudo quanto o indivíduo apresenta como resposta a um
estímulo, seja produto de imaginação ou de
organização, e revela características importantes e
estáveis de sua personalidade, pois utiliza suas
reservas de experiência e expressa seus sentimentos,
sejam estes conscientes ou inconscientes.
Segundo
Kurt Lewin, prestigioso mestre da Universidade de
Berlim que elaborou a doutrina da Psicologia
Topológica, a base científica das técnicas
projetivas reside no caráter provocador dos
estímulos utilizados. No Rorschach são as
manchas em preto e branco e coloridas; no T. A. T.
fotografias e no psicograma musical, estruturas
sonoras.
A
grande vantagem do "Psicograma Musical" em relação
às demais provas projetivas, as quais complementa,
reside na "quebra da defensividade", na entrega que
a audição musical suscita, no relaxamento das
funções psíquicas superiores, promovendo a
exteriorização das emoções mais profundas.
A
música , ao contrário das outras artes, em geral,
não exprime situações nítidas, precisas,
inteligíveis e revela-se incapaz por si própria de
determinar a formação de idéias claras e categóricas
pois é destituída de conteúdo intelectual próprio,
de significado ideativo essencial. Da
determinação intelectual do som, que contém em sua
significação e que também permite ao ritmo
manifestar-se em toda sua plenitude e pureza, deriva
a grande força sugestiva e psicanalítica da música.
O
conjunto sonoro promove a projeção dos elementos que
integram o psiquismo. Nossa observação com o
psicograma, permite-nos confirmar, com segurança, a
relação do elemento rítmico, na projeção das
tendências instintivas; do elemento melódico na
projeção dos fatores intelectuais formativos e da
estrutura harmônica nos afetivos receptivos,
elementos esses que não atuam com a mesma força em
todos os momentos da prova, pois dependem do
caráter, do gênero, da tonalidade efetiva das peças
musicais. É evidente que em suas respostas, o
examinando não define a música que ouve, mas apenas
projeta o que sente ao ouvi-la e com essa projeção
dos fatores intelectivos, instintivos, afetivos da
personalidade, exterioriza sua realidade íntima, e,
inclusive se for o caso, suas zonas conflituais.
HISTÓRICO
Em
1958, o Prof. Mário Newton Filho em "A música ajuda
a viver" publicada pela editora Letras da Província,
Portugal, lançou a idéia de um teste musical baseado
no psicograma de Rorscharch.
Trabalho com o psicograma musical desde 1966, com
técnica por mim modificada e ampliada, sendo que
desde 1971, minhas pesquisas têm o patrocínio do
Conselho de Ensino e Pesquisas para Graduados da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
APLICAÇÕES
Se aplica o “psicograma musical” no estudo da
personalidade, assim como na interpretação das
alterações de comportamento, investigação das
doenças psicossomáticas, psiconeuroses e psicoses.
Ressaltamos seu emprego em clínica psicológica e
psiquiátrica, sendo especialmente recomendado como
introdução a uma série de entrevistas
psicoterapêuticas ou psicológicas; aplicável em
orientação e seleção profissional e no seu campo
específico, no setor instrumental e vocal, por dar
ao estudante maior equilíbrio, pelo conhecimento de
sua personalidade, possibilitando a resolução de
seus conflitos através de psicoterapia apropriada.
ADMINISTRAÇÃO
Obedece à seguinte técnica: audição de uma série de
peças musicais (em gravação), variáveis pelo gênero,
estilo, caráter,andamento, ritmo, conteúdo
emocional.
Três sessões, mediando entre elas, pelo menos, um
dia de intervalo.
1a SESSÃO – Audição de discos de
uma série padrão.
a) Música Evocativa, Andamento Lento
Desperta fantasias desiderativas.
b) Música de Caráter Místico
Sinos, coro – projeção de sentimentos de tristeza,
de luto, também, capacidade de sublimação,
sentimentos místicos.
c) Música Instintiva, Rítmica
Angústia frente ao instintivo, fantasias e
tendências sexuais e agressivas, dificuldades de
controle e resposta frente a situações perigosas.
d) Música Romântico-Virtuosística
Pesquisa da área afetiva, sentimental, sublimada. No
setor musical, também projeção do indivíduo em suas
relações com o público. Aspirações e temores em
relação à sua arte. Pesquisa da neurose de execução
(neurose expectante).
e) Música Alegre, Ritmo Bem Marcado
Ação estimulante (valsa).
2a SESSÃO
a) Música evocativa (é de maior ação psicológica).
b) Audição de discos escolhidos de acordo com a
personalidade do indivíduo e sua problemática
psicológica já vislumbrada quando da primeira
aplicação do psicograma.
c) Música vibrante, empolgante para avaliar
capacidade de reação.
3a SESSÃO
Entrevista, a fim de averiguar as fontes das diversas
respostas: se extraiu os temas de sua experiência
pessoal ou são resquícios de livros e filmes, ou
ainda de experiência de seus parentes ou amigos.
São recordados os relatos mais significativos de
suas respostas.
Colocamos novamente o disco ou discos que no seu
caso são dotados de maior estímulo emocional e
incitâmo-lo a dizer livremente tudo o que vier à sua
mente.
O título da peça e autor não são revelados a fim de
não exercerem ação sugestiva.
Na 1ª sessão, o examinado responde às seguintes
perguntas:
1º) Imagine que a música que vai ouvir serve de
fundo musical para um filme. Que cena, na sua
opinião, ela poderia ilustrar? Atente para a linha
melódica, a harmonia e diga que figuras ou cenas vêm
à sua imaginação.
2º) Que sentimentos a música ouvida lhe suscita?
Interessa-me o que significa para você e não o que
significou para o compositor. Seja absolutamente
pessoal.
Anote todas as impressões recebidas durante a
audição musical.
3º) Sente desejos de tocá-la, cantá-la ou
simplesmente de marcar seu ritmo?
4º) Classifique as peças escolhidas segundo seu
gosto e ordem de agrado.
CONDIÇÕES DA PROVA
1) Ausência de ruídos.
2) Criação de uma atmosfera de confiança. É
imprescindível que o examinador tenha certeza do
sigilo que será mantido – sobre suas respostas e que
ninguém, fora o examinador, tomará conhecimento das
mesmas.
Em geral, o examinador formula diversas perguntas:
anota as impressões durante ou após a audição
musical, etc...
A pesquisa visa permitir a mais ampla liberdade de
ação; faça o que achar melhor. Quando o examinado
pede para repetir a peça, isso é feito, mas sempre no
início da mesma.
LEVANTAMENTO DE DADOS
Os protocolos dos testes são examinados sob cinco
aspectos diferentes:
1 - Jogo da Reação
Sendo classificadas as respostas em difusa (símbolo
I), descritivas (E), narrativas (N) e dissertativas
(D).
2 – Tonalidade Afetiva
Consideram-se as respostas como alegres, eufóricas
(símbolo A) ou tristes, disfóricas, depressivas (T),
sendo que na tonalidade afetiva normal, há adequação
entre o caráter da peça e a resposta.
Considerando-se anormal a resposta, quando ela é
inadequada (ex: T em música de caráter alegre) ou
quando há exagero da resposta (peça T provocando
reação de angústia, ansiedade, ou peça A produzindo
exaltação hipomaníaca).
3 – Direção Vivencial
São catalogadas as respostas como estáticas, formais
(símbolo F), traduzindo tendência centrífuga, extratensiva da personalidade e dinâmicas,
cinestésicas (k),
que representa interpretações determinadas por
engramas cinestésicos (evocação de movimentos
anteriormente vistos, imaginados ou executados).
Revelam tendência centrípeta, introversiva, que
poderá ter caráter predominantemente intelectual ou
sentimental.
4 -
Equilíbrio Vital Afetivo
Classificam-se as respostas em vividas, sentidas,
experimentadas (V) ou projetadas (P).
5 -
Conteúdo Verbal
Explícitas e simbólicas, havendo nestas últimas,
pelo seu hermetismo, necessidade de interpretação
psicanalítica.
6 -
Originalidade e Vulgaridade
É preciso considerar-se o número de respostas
originais no total de respostas obtidas em um
protocolo e calcular-se sua percentagem.
7 -
Tipo de Vivência
O psicograma musical nos orienta sobre o tipo de
vivência, se há supremacia das tendências
centrípetas ou centrífugas.
Disposição Introversiva
Número de respostas K maior do que F e número de V
maior do que P (pouca adaptação ao meio); ou, número
de K maior do que F, número de V igual ao de P
(estáveis, adaptados).
Disposição Extroversiva
Número de respostas F maior do que K e número de P
maior do que V ou número de F maior do que K e P
igual ao de V (adaptado);
Tipos
Mistos
Podem ser coartados (poucas palavras) ou dilatados.
Os primeiros exprimem estados depressivos,
indolência mental, vida afetiva pobre, inibição,
embora, por vezes, em indivíduos bem dotados
intelectualmente, revelem capacidade de síntese; os
segundos são sugestivos de boa estabilidade
afetiva, euforia, sintonia com o meio, vida interior
e exterior intensas.
Na
técnica de interpretação pesquisa-se o tema (assunto
básico), como principal indicador da área
psicológica afetada; as manifestações afetivas
(matrizes), que representam o tipo de reação, a
conduta ou defesa que apresenta o sujeito frente à
sua situação conflitiva básica (tema), indicando as
reações fundamentais de sua personalidade frente a
si próprio e ao meio.
Tudo
isto sempre dentro de um marco unificador e
integrador das respostas às diferentes peças.
Examinando-se diversos protocolos, observam-se
traços comuns diante da generalidade dos examinados,
como tipo e tempo de reação, tonalidade afetiva,
direção vivencial, similitude de temas (consistência
interindividual).
Por
outro lado, dentro do protocolo de um mesmo
indivíduo, as respostas acusam a existência de um
padrão geral estável (consistência intraindividual).
Cotejando-se esses padrões, podemos analisar o
desvio entre a produção do indivíduo e a geral de
seu grupo ou coletividade (consistência
interindividual) que demonstra sua reação a uma
determinada peça ou peças em relação às demais.
Torna-se assim imprescindível estabelecer para cada
música do psicograma os tempos médios de reação e de
duração total dos relatos, a tonalidade afetiva, o
tipo de reação, a predominância temática geral, para
as diferentes idades, sexos e níveis culturais.
Deste
modo facilita-se um cotejo estatístico e a
significação atribuída aos resultados aumentará de
valor.
De
particular importância, a captação de cada dado
significativo em seu conjunto dinâmico,
antecedentes, intensidade e consequências, a fim de
analisar-se a interrelação ou interinfluência de
fatores da personalidade do indivíduo.
A maior
frequência de um motivo na forma ou conteúdo das
respostas, nos orienta sob a possibilidade de que
ocupe um lugar importante na personalidade do
examinando.
A falta
de consistência interindividual e intraindividual
revela tendência específica que não coincide com a
do seu grupo ou coletividade ou com sua forma geral
de elaborar os relatos.
As
histórias carentes de consistência inter ou
intraindividual devem ser examinadas cuidadosamente,
porque revelam um importante conteúdo ideacional, o
tipo de problema que preocupa o examinando.
Buscam-se os "dados essenciais", com a finalidade de
desmembrar cada "unidade dramática" em seus
conteúdos materiais (tema, personagens) e em suas
características formais, procurando fazer emergir as
tendências e ações do examinando, ocultas pelas
manifestações eventuais do personagem, desnudando-as
do revestimento verbal incidental.
Como o
processo, porém não leva à liberação imediata, tanto
a resistência opondo-se à revelação de um conteúdo
inconsciente, como a expressividade estão presentes
nas respostas ao psicograma musical. Para se
avaliar esses fatores, levam-se em consideração
certos índices, como tempo de reação, silêncio e
expressividade pessoal no conteúdo do que foi dito.
A
produtividade deve ser avaliada por duas escalas:
a) das resistências - retenção intencional de
informações, mudança de assunto, bloqueio; b)
da superficialidade - basicamente uma resistência
maior.
A
fórmula PR = SaBbOc;
onde PR representa a resposta projetiva ao
psicograma, S o estímulo musical, B as
características de background (local do teste,
relacionamento com o examinador) e O, a variável
orgânica, necessidade do indivíduo, auto-conceito e
a, b, c, representando os pesos de cada variável,
sintetiza os fatores que interferem na resposta ao
psicograma.
Daí
concluímos que o estímulo musical é apenas parte da
situação geral, devendo também ser consideradas as
variáveis ambientais - que devem ser as melhores
possíveis e as que dizem respeito ao próprio
indivíduo, sendo estas últimas as mais difíceis para
quantificar.
Utilizamos em nossas pesquisas o conjunto sonoro e
não o som isolado. Entretanto, as leis da
estrutura interna do objeto sonoro que o definem na
qualidade de ser operacional, isolado na
continuidade temporal, possibilitam que seja
apreendido como um centro de interesse próprio.
É a estética do som isolado. A tomada de
consciência dessa percepção e as interpretações que
ela estimula, em função do background consciente ou
inconsciente do indivíduo, servem também de base
para o teste sonoro projetivo.
B -
APRESENTAÇÃO DE DOIS CASOS
1.
Sem conotação parapsíquica.
2.
Sugestivo de conotação parapsíquica
B. 1 - CASO No
1 -
Idade:
49 anos.
Estado Civil: casado.
Sexo: Masculino.
Instrução: Superior.
Profissão: Médico.
Resposta ao psicograma:
PEÇA No 1: - DEBUSSY -
"CLAIR DE LUNE" Tempo de Reação: 50"
Tempo Total: 4' 50"
"Vejo um farol lançando luz sobre um mar à
noite. Vejo um navio que parte à noite
com velas bem enfunadas. Tenho a
impressão de que sinto-me voando como uma
gaivota sobre uma ilha verde, com praias
encoqueiradas. Sinto uma saudade
enorme de meu pai. Vejo as ondas do
mar rolando nas areias, sob um sol de fogo
vermelho no horizonte que faz uma faixa de
luz sobre o mar". |
PEÇA No 2: - KETELBEY -
"NO JARDIM DE UM MOSTEIRO"
Tempo de Reação: 1' 5"
Tempo Total: 5' 20"
"Vejo uma pequena casa no Ceará onde a
varanda está cheia de passarinhos.
Vejo um carnaubal tangido pelo vento.
Tenho tristeza porque me lembro da babá.
Tenho uma certa idéia de estar no coro de
minha Igreja em Petrópolis, onde cantava.
Vejo a Av. Koeller, o Palácio Rio Negro,
vejo meus colegas. Vejo o Tuca
trazendo as cartas de Lourdes. Uma
sensação de tranquilidade e até de
felicidade. Vejo-me vestido de frade".
|
PEÇA No 3: - KACHATURIAN -
"DANÇA DO SABRE" Tempo de Reação: 2'
Tempo Total: 4' 50"
"Tribo indígena em pé de guerra. Estou
dando ordens para sacrificar o inimigo mas
sinto algo de pena, mas a revolta me força a
executar o inimigo. Os meus
companheiros estão ébrios. A aldeia
depois do massacre dorme. Vingança.
Cólera".
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PEÇA No 4: - CHOPIN -
"PRELÚDIO" EM RÉ MENOR, Op. 28, no
24 Tempo de Reação: 1'
Tempo Total: 4'
"Ira, revolta, pesar de meu país, sendo uma
maravilha natural, estar tão mal dirigido.
O povo padece, se angustia, pela fome e as
moléstias. O roubo generalizado pelos
grandes e a miséria imperando. É o
ódio pelo governo que dirigiu o país em
todos os tempos".
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PEÇA No 5: - CHOPIN -
"VALSA" BRILHANTE Tempo de Reação: 55"
Tempo Total: 5'
"Salão de festas onde um homem toca piano.
Várias pessoas dançando. Uma sociedade
tranquila cheia de etiquetas. Vestidos
finos, homens vestidos de smoking.
Paris com suas calçadas cheias de pessoas
paradas à tarde. Uma flauta tocada por
uma mulher loura, vestida com um vestido
branco de organdi. Uma angústia porque
este tempo que eu não alcancei não voltará e
este tipo de vida burguesa não voltará".
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ORDEM DE PREFERÊNCIA: - 2, 5, 1, 3, 4. |
2a SESSÃO - 1o MOVIMENTO DA
SONATA, Op. 27 No 2 - BEETHOVEN Tempo de Reação:
1' 15"
Tempo Total: 4' 30"
"Saudade profunda, verdadeira angústia,
porque me lembro dos que amo e já morreram.
Um ballet em ritmo lento onde os
protagonistas são mulheres vestidas de gaze
rosa, carmim e lilás. Um jardim à
noite, esplêndido, à luz da lua, reflete um
solar rico e opulento. Volta a apatia
nesta parte da música (tema inicial).
Após, uma sensação de tranquilidade
monastérica ".
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POLONAISE HERÓICA - CHOPIN Tempo de Reação: 2'
Tempo Total: 6'
"Esta música me dá uma sensação de
frustração porque eu queria aprender piano e
minha família não quis pagar o ensino.
Lembra-me o Padre Pelegrini, a capela do
colégio, o Padre Ismael, porque tocava,
Petrópolis, internato que era o mais forte
de minha revolta porque eu fora internado
contra a minha vontade. Tenho uma
vontade louca de continuar as minhas
pesquisas que não revelo a ninguém.
Tenho revolta por não poder ter meios de
dizer o que desejo. Vejo agora uma
região tranquila com gado e pastos, uma casa
de campo rústica e eu fazendeiro tranquilo.
Volta agora o temor primitivo. Tenho a
impressão de que já toquei essa música".
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ANÁLISE DO CASO: - (DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO)
Paciente cujo psicograma musical apresenta indícios
de originalidade, poder criador, percepção,
sensibilidade apurada, senso estético, inteligência
penetrante ao lado de agressividade que tudo indica
ser instigada por eventos frustradores de sua
infância e adolescência. Egocentrismo,
preocupação em destacar-se, o uso constante de
pronome pessoal EU, revelando seu auto
engrandecimento.
Na PEÇA No 1, cujo tema central é
a saudade do pai falecido, há numerosas respostas
cor, notando-se também preocupação com quesitos
luminosos, como luz, farol, que necessitam ser
pesquisados, podendo ser consequência de seu desejo
de brilhar, de se destacar, ou ainda de sua
vontade de clarear seu passado distante, dar-lhe luz
e calor (amor, carinho), a fim de libertá-lo de seus
recalques. Imagens de levitação que evidenciam
seu impulso de alçar-se acima do ambiente e de seus
problemas.
Na PEÇA No 2, novamente surgem as
lembranças da infância, saudades da babá falecida.
O pai e a babá são figuras que povoam sua infância,
sendo sugestiva a ausência da mãe. Tendência
mística com que procura sublimar sua agressividade,
revela-se na 2a peça.
A
3a
música do psicograma, Dança do Sabre, é marcada
pela violência, transparecendo intensa agressividade
reprimida e sua tendência ao mando (eu estou dando
ordens). A luta entre sentimentos de bondade
que coartam e reprimem sua agressividade, está
patente na frase: "algo de pena, mas a revolta me
força a executar o inimigo".
Mata uma figura masculina, rival, mas com pena,
porque também essa figura deve ter sido, às vezes,
boa para ele.
Receia as consequências da exteriorização de seu
próprio potencial agressivo que mantém sob relativo
controle.
A PEÇA No 4 representa a ampliação
de sua agressividade sobre todos e em todas as
épocas, demonstrando sua tendência crítica como uma
tentativa de autovalorização.
É também rica em conteúdos simbólicos em sua
conotação com a mãe, revelando seu trauma pela falta
de carinho materno. País → mãe → pátria →
maravilha natural, mal dirigida (pois não é dirigida
para ele). O povo (diluição do "EU") padece,
se angustia, pela fome (fase oral, bem primária) e
as moléstias (ausência da satisfação de
necessidades). Sente-se roubado pelos
"grandes" que imagina que estão usufruindo das
coisas boas da mãe quando ela está ausente em
relação a ele.
Ódio por quem se governa (ela), desde o seu (dele)
nascimento (por todos os tempos dele), recusando-se
dirigir para ele, com exclusividade ou pelo menos,
com preponderância.
Na PEÇA No 5, novamente a presença
materna na mulher loura que toca uma flauta
(instrumento rico em simbolismo: geralmente
executa-se em solo, podendo representar o egoísmo da
mãe, que tocava sozinha e não queria combinar com
ele, além de tocar-se com a boca e de ser ainda um
símbolo fálico).
A reposta à
PEÇA No 5 é original (O),
afastando-se dos padrões interindividuais.
A reação à peça é considerada anormal quanto à
tonalidade afetiva, pois geralmente suscita alegria,
devido ao seu caráter estimulante (valsa, ritmo bem
marcado), aqui produzindo angústia.
As respostas da segunda sessão, principalmente à
PEÇA No 2, nos orientam sobre as
causas de sua frustração e inquietude íntima, bem
como sobre suas aspirações para o futuro.
Os dados obtidos na análise das demais peças do
psicograma, levam-nos a compreender melhor a
resposta à peça no 1, da primeira
sessão. Navio, ilha, são símbolos maternos.
Presença também de diversos objetos de forma
arredondada como velas bem enfunadas, praias
encoqueiradas, ondas do mar rolando. A última
frase sobretudo é rica em conteúdo: "vejo as ondas
do mar rolando nas areias, sob um sol de fogo
vermelho no horizonte que faz uma faixa de luz sobre
o mar", o que revela uma necessidade objetiva de
complementação profunda.
Bastante expressivo, ver-se como uma gaivota voando
sobre uma ilha verde, simbolizando seu provável
complexo edipiano precoce, mas, principalmente seu
desejo de liberação → não depender mais do objeto
amado, do outro para sobreviver. Não
dependendo → pode dar amor; dependendo → se o objeto
não satisfizer seus desejos, o sujeito ou receia
sofrer retaliação pela agressividade dele ou, se
esta for muito intensa, receia que possa haver
destruição do objeto e ficar sozinho, o que seria
sentido como catastrófico para o sujeito.
Cotejando-se o tipo de reação, tonalidade afetiva,
direção vivencial, equilíbrio vital afetivo,
chegamos ao seguinte quadro: |
TIPO DE REAÇÃO |
TONICIDADE AFETIVA |
DIREÇÃO VIVENCIAL |
EQUILÍBRIO VITAL AFETIVO |
Narrativa
Dissertativa
Narrativa
Dissertativa
Narrativa |
Saudade (T)
Saudade (T)
Vingança, revolta
Ódio
Revolta, angústia |
Cinestésica (K)
K
K
F
K |
V
V
V
P
P |
ORDEM DE PREFERÊNCIA: -
2o, 5o, 1o,
3o, 4o. |
TIPO DE
VIVÊNCIA: - K maior do que F, V maior do que P.
Predominantemente introversivo, considerando-se
porém, que a dinâmica normal da vivência humana
consiste numa oscilação entre momentos introversivos
e extroversivos, apenas indica como ele experimenta
e não como vive ou ambiciona.
Flagrante a cinestesia, a vivacidade,
espontaneidade, fertilidade de imaginação.
Maioria de respostas narrativas, revelando riqueza
de engramas, bom nível intelectual, capacidade
associativa. Numerosas respostas cor.
Sinais de originalidade, atenção, detalhes,
sensualidade, misticismo.
Apresenta o paciente traços neuróticos traduzidos na
agressividade e na angústia que experimenta e que se
refletem na parte somática através de múltiplos
sintomas, principalmente na área digestiva.
Alto nível de energia psíquica leva-o a fértil
produtividade a que não faltam originalidade e
observações corretas, sendo capaz de captar
estímulos em grande quantidade, absorvê-los e
elaborá-los interiormente. |
B. 2 - CASO SUGESTIVO DE CONOTAÇÃO PARAPSÍQUICA:
Idade:
49 anos.
Estado Civil: casado.
Sexo: Masculino.
Profissão: Professor.
1o sessão -
Resposta ao psicograma:
PEÇA No 1: - DEBUSSY -
"CLAIR DE LUNE" Tempo de Reação:
40"
Tempo Total: 8'
"Eu mergulho nas zonas abissais do
pensamento mas tudo é tão deserto a despeito
de tranquilo. Montanhas imensas como
icebergs no oceano se erigem no espaço
vazio. Olho a terra, é tão pequena e
solta no infinito. Em tudo, uma
profunda tristeza me invade o ser. Por
que? Se tudo o que vejo é grandioso?
A morte ou a vida anima o Cosmos?".
|
PEÇA No 2: - KETELBEY -
"NO JARDIM DE UM MOSTEIRO"
Tempo de Reação: 30"
Tempo Total: 4'
"Multidões apagadas se arrastam. A
sombra as envolve. Procuro os meus.
Onde estão aqueles que amei? Por que
não os encontro? Por que teria de
terminar tudo assim? Vejo uma luz.
Há mundos do outro lado".
|
PEÇA No 3: - KACHATURIAN -
"DANÇA DO SABRE" Tempo de Reação:
1'
Tempo Total: 4' 20"
"Não há grandeza, nem dignidade na cena
que vejo. gerações mortas. Os
grandes traidores e covardes se apresentam à
luz da História, como vultos que passam.
Por que me associei a tantas vilanias?
Devo continuar odiando?".
|
PEÇA No 4: - CHOPIN -
"PRELÚDIO" EM RÉ MENOR, Op. 28, no
24 Tempo de Reação: 40"
Tempo Total: 3' 10"
"Campos verdes se estendem ao longe.
a casa do meu avô. Criança quase
adolescente, sonhos vagos, mas uma ingênua
alegria de viver e de esquecer em meu íntimo
se instala. Rebanhos, sangas, capões.
A natureza simples, fala ao meu ser".
|
PEÇA No 5: - CHOPIN -
VALSA BRILHANTE Tempo de Reação:
30"
Tempo Total: 5'
"Salões onde predomina o brilho, o
luxo, a finesse. Estou vestido
estranhamente (estou como observador),
roupas do século XVIII. Temo que algo
possa ocorrer. Porque agora diviso uma
masmorra e muitos homens no interior
apodrecendo em vida".
|
Na 2a Sessão, duas
peças provocaram reação bastante sugestiva: |
DEBUSSY - REVERIE Tempo de Reação:
1' 30"
Tempo Total: 5' 20"
"Vejo novamente a prisão. Meu Deus.
Quanto sangue, gritos, lamentos. Mas
eu não sou culpado de tudo isso. Eu só
queria justiça. Vem tantas cenas à
minha mente..."
|
CHOPIN - ESTUDO Op. 10 No
12 (REVOLUCIONÁRIO) Tempo de Reação:
1' 50"
Tempo Total: 2'
"Liberdade... Igualdade...
Fraternidade... Tanta gente
massacrada, tanto ódio. O pior é a
prisão. Mil vezes a morte".
|
BEETHOVEN - 1o MOVIMENTO DA
SONATA, Op. 27 No 2 Tempo de Reação:
1' 15"
Tempo Total: 4' 30"
"Uma longa estrada. Vejo-me andando
só, cabisbaixo, taciturno. Uma imagem
onde não me vejo, não me reconheço, mas
persiste dentro de minha tela mental, ligada
a um ancestralismo indecifrável. Em
torno, floresta. Olho por baixo.
Troncos uniformes, bem formados, bem
dispostos. Ordem. Tranquilidade".
|
CHOPIN - POLONAISE EM LÁ BEMOL MAIOR Tempo de Reação:
2'
Tempo Total: 6'
"Um sentimento de acusação me assalta o
fundo do ser. Observo em meu derredor.
Figuras me observam, de criaturas que não
são conhecidas. Procuro distinguir.
Parece-me que tudo em torno, a despeito da
multidão que me cerca, respira harmonia.
Uma visão cósmica mistura-se à imagem e
observo como se fosse um cataclisma que se
desencadeasse no exterior. O meu mundo
interior permanece contudo indiferente".
|
Descartando os elementos cuja interpretação
se enquadra nos quadros clínicos geralmente
admitidos, vamos destacar, dado o limitado
tempo disponível, aqueles aspectos que
interessam à Parapsicologia.
ANÁLISE DO
CASO:
Inteligência abstrata (preferência pelos
temas filosóficos), aptidão verbal,
facilidade e correção de expressão.
Tempo de reação curto, respostas originais,
ausência de estereotipias, predominância de
respostas cinestésicas, atestam seu nível
intelectual.
Observamos também, as respostas de
perspectiva, isto é, apreciação de valores
espaciais, das profundidades, distância, que
além de fator inteligência parecem
relacionados com uma afetividade um tanto
predisposta à ansiedade. No
"Psicograma musical" em estudo, há paixões
mantidas sob auto-controle, representadas no
"cataclisma que se desenrola no exterior",
frase essa que simboliza a projeção dos seus
desejos para fora de si, pois sua vontade
consegue fazê-lo manter em todas as
situações o equilíbrio e segurança
aparentes.
Sentimento de culpa que transparece na peça
no 3, "por que me associei
a tantas vilanias?". Na no
4 - "Vontade de esquecer", na no
5 "masmorra, homens nela apodrecendo", e
eclode nas peças da 2a
sessão: "não sou culpado de tudo isso",
"sentimento de acusação", etc.
Procura através do espiritualismo sublimar
seus sentimentos ("levanto os olhos para o
céu límpido").
Cotejando-se os padrões interindividuais,
podemos analisar o desvio entre a produção
do indivíduo e a geral de seu grupo ou
coletividade, enquanto a consistência
intraindividual representa sua reação a uma
determinada peça ou peças.
Tempo de reação pequeno em relação aos
padrões interindividuais.
Comparando-se os tempos de reação
intraindividuais (sua resposta às diferentes
peças), observamos que é maior nas peças da
2a sessão, onde mais
intensamente projetou seus conflitos
intrapsíquicos.
No Adágio da Sonata op. 27 no
2, não se conheceu ou procura negar sua
personalidade, mais primitiva, inconsciente,
ancestral, personalidade capaz de desejos
mais instintivos como o ódio, e enredada em
conflitos, simbolizando na floresta que o
cerca.
Sua força de vontade, seu auto-domínio,
superam ou melhor procuram recalcar essa
personalidade instintiva, fazendo imperar a
ordem e a tranquilidade (troncos uniformes,
bem formados).
O sentimento de culpa que transparece em
suas respostas, foi pesquisado, tendo suas
raízes em camadas mais profundas do
psiquismo, nada tendo se encontrado fora das
referidas condições que explicasse a
problemática apresentada.
Submetido à regressão hipnótica descreveu
vivência anterior, na época da Revolução
Francesa tendo sido um dos leaders do
movimento revolucionário, insuflando, pela
tribuna, o povo à revolta. As cenas
trágicas da prisão, dos assassinatos
cometidos em nome da fraternidade teriam
sido os responsáveis pelo sentimento de
culpa?
Posteriormente um sensitivo que nada
conhecia do caso, descreveu sua vivência em
França, com detalhes que se enquadravam com
o vislumbrado quando da aplicação do
psicograma.
Dos 5 casos selecionados, após regressão
hipnótica e análise parapsicológica feita -
1) por sensitivo especializado nesse campo e
2) através da psicoscopia (psicometria), o
sensitivo manipulando objetos pessoais do
sujet, obtivemos o seguinte resultado:
PSICOGRAMA MUSICAL |
HIPNOSE |
ANÁLISE
PARAPSICOLÓGICA |
SENSITIVO 1 |
SENSITIVO 2 |
Caso no
1 |
+ |
+ |
+ |
Caso no
2 |
+ |
+ |
não houve captação |
Caso no
3 |
+ |
- |
+ |
Caso no
4 |
- |
- |
- |
Caso no
5 |
+ |
+ |
+ |
|
CONCLUSÕES GERAIS
As pesquisas realizadas,
até a data presente, permitem-nos concluir:
1. |
O
"psicograma musical" possibilita à semelhança do
T. A. T., o reconhecimento das causas, natureza
e extensão da problemática psicológica do
indivíduo, antes mesmo de uma classificação das
respostas numa análise quantitativa, pelo
conteúdo verbal que apresenta e em face da
atitude assumida pelo sujeito diante da prova.
Considerando o tema como principal indicador da
área psicológica afetada, as maneiras de sentir
e reagir do indivíduo e complementando tudo isto
pela conduta do agente e dos outros personagens
ante o meio ambiente, podemos chegar a uma
compreensão dinâmica da área conflitiva. |
2. |
As
tendências e as situações da vida do indivíduo
que aparecem no psicograma musical correspondem,
em sua maior parte, ao problema ou problemas que
nesse momento constituem, consciente ou
inconscientemente, sua preocupação máxima. |
3. |
O
psicograma musical indica como se reflete a
dinâmica da personalidade do indivíduo em sua
experiência subjetiva. Na avaliação das
respostas é importante considerar que muitas
vezes o sujeito nega ou expressa indiretamente
seus conteúdos ideacionais essenciais. |
4. |
As
respostas dadas na 1a sessão
acham-se mais intimamente relacionadas com a
parte consciente da personalidade que as obtidas
na 2a sessão, nas quais muitas
expressões simbólicas, tendências e complexos
pertencentes às camadas subjacentes
(subconscientes) da personalidade, emergem numa
ab-reação catártica. |
5. |
A entrevista na 3a
sessão mostra-se bastante útil, preenchendo os
seguintes objetivos:
a. permitir a
verificação das hipóteses surgidas ao analisar
os protocolos;
b.
preparar terreno para a psicoterapia,
conseguindo que o examinando comece a
compreender e, se possível, confessar onde se
encontra sua problemática e sentir-se apoiado
para resolvê-la. |
6. |
A
ordem de preferência num protocolo é altamente
indicativa da personalidade; assim a peça no
4 (prelúdio em Ré menor, Op. 28, no 24) que é a
mais intelectiva do teste e que dentro da
estatística ocupa o último lugar quando
escolhida em primeiro, revela capacidade de
abstração, originalidade, bom nível intelectual. |
É
necessário duas a três séries paralelas de peças
a fim de comparar o resultado obtido com o mesmo
indivíduo em épocas diferentes e também para
averiguar as melhoras obtidas após orientação
psicoterápica. Impõem-se assim as séries
paralelas pois, se repetidas as mesmas peças,
teremos um resultado adulterado pela atividade
consciente ou inconsciente da memória. |
7. |
Além dos padrões interindividuais, pesquisamos o
padrão intraindividual. Desvio dentro do
protocolo do mesmo indivíduo, acusa a existência
de uma possível zona conflitiva básica. |
8. |
Quando o mesmo tema se repete em mais de uma
peça de gênero e caráter diversos, é sugestivo
constituir um tema dominante, que aparece
como sendo o fundo ou esquema referencial onde a
personalidade do indivíduo encontra maior
dificuldade ou tensões. |
9. |
P
"psicograma musical" é orientador nos casos de
indivíduos apresentando síndromes depressivas.
Constatamos como índice de depressão.
a.
Tempo de reação superior à média, dependendo
também do Q. I. do examinando.
b.
Acentuado caráter disfórico das respostas
(predomínio respostas T. no item tonalidade
efetiva).
c.
Indiferença em relação ao psicograma, restrição
da atividade ideacional, bradipsiquismo.
d.
Dificuldade de sintonizar com as peças alegres,
estimulantes (no 5 da 1a
sessão e 2o da 2a
sessão).
e.
Predileção pelos temas mórbidos (enfermidades,
morte). |
10. |
Na
aplicação do psicograma musical nos casos de
neurose, constatamos uma extensa a variada gama de
material psicológico. Na comparação dos
protocolos, há porém ocorrências que nos parecem
particularmente significativas embora haja
necessidade de análise de maior número de
psicogramas.
Sinais indicativos de traços neuróticos no
psicograma:
1.
Respostas revelando angústia.
2.
Repostas demonstrando agressividade.
3.
Elevado grau de instabilidade emocional.
4.
Respostas indicadoras de necessidade de
auto-afirmação, aprovação social, frustração.
5.
Respostas indicadoras de sensualidade e
sexualidade reprimida.
6.
Repostas fóbicas (neuroses fóbicas).
7.
Repostas soteriais (neurose soterial).
8.
Consciência do exame, interesse em seu
significado, em alguns casos, recusa, fantasias
claramente conflituais. |
Aspecto
parapsicológico do Psicograma Musical
Minha
pesquisa com o Psicograma Musical conduziu-me à
descoberta de dados que não foram previstos, dados esses
que evidenciavam "MEC" (Memória extra cerebral), o que
me levou a colocar em pauta a hipótese da reencarnação.
Apenas iniciamos nesse campo, sendo necessária a análise
de diversos protocolos. Por isso denominei este
trabalho de Comunicado prévio. Os resultados
obtidos até aqui são bastante sugestivos, tendo sido
afastadas as hipóteses de fraude, criptomnésia, memória
genética, agente theta, ESP. Pretendo no futuro
utilizar o Psicograma Musical em casos de memória
extra-cerebral em consonância com a personalidade
anterior emergente, sem prejuízo do emprego que dele
venho fazendo, no campo da psiquiatria.
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