HIPÓTESES PARAPSICOLÓGICAS EM EMBRIOLOGIA
MONOGRAFIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Rita Glória Coelho
Rio
de Janeiro, julho/84 - Convênio IPRJ / SUAM
Dedico ao Fábio,
Meu Filho, minha Vida.
AGRADECIMENTOS
A todos os que contribuíram direta e indiretamente
para a realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
· Prof. Sarti;
· Prof. Mário Amaral;
· Dr a Glória Lintz;
· Prof. Horta Santos, e meus amigos;
HOMENAGEM
· Aos meus Pais e Irmãos.
· Ao meu marido - meu amigo.
· Aos colegas do curso de
Pós-graduação.
HOMENAGEM ESPECIAL
A todos que tiveram vida, ainda que por um breve
instante.
“Nenhuma obra terá valor se não tiver um valor
social.”
Sarti
“... No nosso
esforço para compreender a realidade, somos como um
homem tentando entender o mecanismo de um relógio
fechado. Ele vê o mostrador e os ponteiros, ouve o
seu tique-taque, mas não tem meios para abrir a
caixa.
Se esse alguém for
habilidoso poderá imaginar um mecanismo responsável
pelo que observa, mas nunca poderá ficar
completamente seguro de que sua explicação seja a
única possível.”
Einstein
ÍNDICE ANALÍTICO
I - INTRODUÇÃO
Sendo o presente trabalho uma síntese, tem por
objetivo evidenciar alguns aspectos significantes no
que diz respeito à Embriologia e mais
especificamente no que tange à Fertilização, assim
como pretensiosamente sugerir algumas hipóteses no
campo da Parapsicologia.
Para se discutir um assunto tão fascinante, seria
necessária uma pesquisa sistematizada da reprodução;
um estudo comparado através da escala animal e
vegetal e não apenas um assunto tratado
isoladamente.
Seria interessante mostrar a beleza do processo
evolutivo no que diz respeito ao mecanismo
reprodutor entre as espécies vivas.
Portanto, temos um estudo bastante restrito mas, com
a possibilidade de enriquecimento posterior, com
dados estatísticos que possam dar ao mesmo o cunho
de uma evidência mais garantida que por hora não
dispomos. Mas, ainda assim, que possa ser de
interesse para muitos esse extraordinário momento:
- o começo da vida.
II - HISTÓRICO
Na antigüidade, Aristóteles admitia apenas duas
hipóteses para explicar como um organismo poderia se
desenvolver:
1. Pré-formação: O organismo vivo estaria
completamente formado no interior da célula reprodutiva.
Ocorreria apenas o aumento de tamanho.
A célula reprodutiva estando em ambiente favorável, o
seu desenvolvimento seria automático.
No século XVIII, ainda, acreditava-se que os organismos
estivessem pré-formados no interior das células
reprodutivas e se preocupava em saber se estariam no
óvulo ou no espermatozóide. Microscopistas de época, ao
observarem espermatozóides, acreditavam ver em seu
interior um ser perfeitamente formado (hoje, sabemos ser
a cabeça do espermatozóide).
2. Epigênese: O ser se formaria inteiramente, a
partir de substâncias contidas no espermatozóide e no
óvulo.
A polêmica de pré-formistas e epigenistas terminou
quando surgiram instrumentos óticos mais aperfeiçoados e
quando a observação passou a ter mais importância do que
os escritos das autoridades:
· Wolff (1759) - Introdução do conceito de
camada. O zigoto produziria camadas de células das quais
o embrião se desenvolveria. Wolff afirmava ser o
desenvolvimento, resultado de crescimento e
diferenciação de células especializadas.
· Spallazani (1775) - Demonstrava que tanto o
óvulo quanto o espermatozóide eram necessários para o
desenvolvimento de um novo indivíduo. As controvérsias
da pré-formação terminaram. Em suas experiências, que
incluíram, também, inseminação artificial em cães,
concluiu que o espermatozóide era o agente fecundante.
· Von Baer (1827) - Descreveu o
ovócito no folículo ovariano de uma cadela. Observou
também, zigotos em divisão e blastocistos no útero,
contribuindo com muitos conhecimentos sobre a origem dos
tecidos e órgãos, a partir das células descritas por
Malpighi. Von Baer foi considerado mais tarde o Pai
da Embriologia Moderna.
III - PROCESSOS FISIOLÓGICOS DA REPRODUÇÃO
III.1 Gametogênese
É o processo pelo qual ocorre a formação e o
desenvolvimento de células especializadas (gametas).
Este processo prepara as células reprodutivas para o
momento da anfimixia (fusão dos gametas) com o
envolvimento dos cromossomos e o citoplasma dos mesmos.
A gametogênese é considerada a primeira fase da
reprodução.
A formação dos gametas se dá a partir de dois processos
de divisão celular conhecidos como mitose e meiose.
A mitose é o tipo mais comum de divisão celular das
células somáticas no qual cada célula filha recebe um
conjunto completo de cromossomos.
As células sexuais são altamente especializadas contendo
a metade do número de cromossomos das células somáticas.
Essa redução ocorre durante a meiose, em tipo especial
de divisão celular, que ocorre durante a maturação
(espermatogênese e ovogênese).
III.1.1 Espermatogênese
Toda a seqüência de eventos nos quais espermatogônias
são transformadas em espermatozóides, é denominada de
espermatogênese. Ocorre nos túbulos seminíferos dos
testículos. No embrião, as células germinativas
primordiais ou originais diferenciam-se e aparecem na
região onde se formam os órgãos reprodutores.
À medida que as células germinativas se multiplicam, por
mitose, algumas se diferenciam e formam os gametas
masculinos mais novos (espermatogônias). Outras, são
organizadas para formar os túbulos seminíferos, dos
quais as células germinativas jovens crescem e se
desenvolvem.
As espermatogônias, então, multiplicam-se várias vezes
por mitose e entram num período de crescimento. Após o
nascimento e por toda a infância, elas permanecem num
estado relativamente inativo.3
Na época da maturidade
sexual, novamente tornam-se ativas e sofrem maturação
para formar espermatócitos primários.
Cada espermatócito primário
sofre em seguida uma primeira divisão da meiose (divisão
reducional), para formar dois espermatócitos secundários
haplóides que têm cerca da metade do tamanho dos
espermatócitos primários. A seguir estes espermatócitos
primários sofrem a segunda divisão da meiose (divisão
equacional), para formar quatro espermátides haplóides
(com aproximadamente a metade do volume dos
espermatócitos secundários).
As espermátides são
transformadas, pouco a pouco, em quatro espermatozóides
maduros, por um processo intensivo de diferenciação
chamado espermiogênese, quando é formado o flagelo e o
acrossoma.
O processo de maturação
prossegue em diferentes velocidades nas diferentes
partes dos túbulos seminíferos.
Na espécie humana é comum o
encontro de diferentes estágios de desenvolvimento em
áreas adjacentes no mesmo túbulo.
Este processo termina na
cultura do epidídimo quando o espermatozóide adquire
poder fecundante.
O processo da espermatogênese
demora cerca de 64 dias (segundo Clemont, 1963).9
III.1.1.1 Espermatozóide
O espermatozóide maduro é uma
complicada célula móvel, de tamanho microscópico, rica
em DNA. Apresenta uma cabeça oval que constitui o seu
maior volume. Nela está contido o núcleo onde a
cromatina está muito condensada e uma porção média do
citoplasma.
Os dois terços anteriores do
núcleo estão cobertos pelo acrossoma, organela limitada
por membrana contendo enzimas que parecem facilitar a
penetração do espermatozóide na corona radiata e na zona
pelúcida durante a fecundação. Além da cabeça, o
espermatozóide apresenta uma longa cauda responsável
pela motilidade desta célula cuja finalidade é alcançar
o local da fecundação.
A cauda do espermatozóide
consiste em três segmentos: a peça intermediária, a
principal e a terminal.
A peça intermediária da cauda
contém os aparelhos citoplasmáticos e mitocondrial
produtores de energia. É importante ressaltar a presença
de centríolos nessa porção da cauda do espermatozóide
que provavelmente tem participação na segunda divisão de
maturação do ovócito secundário, após a sua penetração
total além de ser o responsável pelo movimento de sua
cauda. A junção entre a cabeça e a cauda é denominada
colo.
III.2 Ovogênese
A ovogênese compreende toda a
seqüência de eventos pelos quais passa a ovogônia até
ser transformada em óvulo.
Esse processo de maturação
começa antes do nascimento, porém, só se completa a
partir da puberdade.
III.2.1 Maturação pré e
pós-natal
Por divisão mitótica as
ovogônias se proliferam no início da vida fetal.
O volume destas células
aumenta antes do nascimento com o propósito de
constituírem os ovócitos primários que serão circundados
pelas células do estroma ovariano formando uma camada de
células foliculares achatadas constituindo o folículo
primordial (ou folículo unilaminar).
Na puberdade, com o aumento
do ovócito primário ocorre a formação do folículo
primário pela diferenciação das células achatadas em
cúbicas e colunares. O folículo passa a ser chamado
folículo em crescimento quando ocorre a formação de
mais de uma camada de células foliculares cuboidais.
Embora a primeira divisão
meiótica dos ovócitos primários ocorra antes do
nascimento, a prófase só será efetuada após a puberdade.
Os ovócitos primários permanecem em prófase suspensa
(processo conhecido como dictióteno) por vários anos até
que seja alcançada a maturidade sexual, e os ciclos
reprodutores comecem. Assim, com um folículo
amadurecido, o ovócito primário aumenta de tamanho e uma
membrana se forma em volta dele (zona pelúcida).
Após a ovulação (36 a 48 h) o
ovócito primário completa a primeira divisão meiótica. A
divisão do citoplasma é desigual (diferente do estágio
correspondente na espermatogênese). O ovócito secundário
recebe quase todo o citoplasma enquanto que o primeiro
corpúsculo polar recebe pouco citoplasma. Esta é uma
célula pequena, não funcional que logo se degenera. Com
a ovulação o núcleo do ovócito secundário começa a
segunda divisão meiótica, porém, alcança apenas a
metáfase onde é interrompida. A segunda divisão meiótica
só é completada se ocorrer a fecundação e a maior parte
do citoplasma é outra vez mantido (ovócito maduro). A
outra célula (o segundo corpúsculo polar) é pequena e
também degenera. A maturação se completa após a
eliminação do segundo corpúsculo polar.
O ovócito secundário liberado
na ovulação está envolvido pela zona pelúcida e uma
camada de células foliculares (corona radiata).
O ovócito secundário é uma
célula bastante grande se comparada com outras células;
no entanto, a olho nu é visível apenas como um minúsculo
ponto.
IV CICLOS REPRODUTIVOS
IV.1 Ciclo Menstrual
O sistema reprodutivo
feminino, diferentemente do masculino, mostra
modificações cíclicas regulares, que teleologicamente
podem ser consideradas como preparação periódica para a
fertilização e a gravidez.4
No ciclo menstrual a sua
característica mais notável é a hemorragia vaginal
periódica, a qual ocorre com o desprendimento da mucosa
uterina (menstruação).
A duração do ciclo é
notavelmente variável na mulher mas, em termos médios é
de vinte e oito dias do início de um período menstrual
ao início do seguinte.
IV.2 Ciclo Ovariano
Sob a cápsula ovariana, por
ocasião do nascimento, há muitos folículos primordiais
cada um contendo um ovócito maduro.
No início de cada ciclo,
muitos destes folículos aumentam e uma cavidade é
formada ao redor dos ovócitos (Antro).
Um dos folículos em um dos
ovários inicia um crescimento rápido, cerca de seis
dias, enquanto outros regridem.
Não sabemos porque apenas um
folículo é selecionado para o desenvolvimento.
Cerca de 14o
dia do ciclo, o folículo distendido se rompe e o ovócito
é expelido para a cavidade abdominal. Este processo é o
processo de ovulação.
O ovócito é colhido pela
porção fimbriada da trompa de Falópio e transportado
para o útero.
O folículo que se rompe
durante a ovulação, rapidamente se enche de sangue,
formando o que muitas vezes é chamado de corpo
hemorrágico. Células granulosas iniciam rapidamente a
proliferação revestindo o folículo. O sangue coagulado é
prontamente substituído por células luteínicas, ricas em
lípides (corpo lúteo). Estas células secretam
estrogênios e progesterona. Se ocorre a gravidez, o
corpo lúteo persiste. Do contrário, começa a sua
degeneração cerca de quatro dias antes da próxima
menstruação, formando um tecido cicatricial para formar
o corpo albicans.
Nota:
As trompas uterinas
(trompas de Falópio) são dois túbulos musculares
flexíveis em forma de cornetas, com aproximadamente 12
cm de comprimento que se estendem do fundo do útero em
cada lado, em direção à borda pélvica. Suas camadas são
idênticas à do útero (mucosa muscular lisa e serosa).
A camada interna (mucosa)
é revestida por epitélio ciliar e é contínua com o
epitélio do útero.
Numa extremidade da
trompa, o istmo abre-se na cavidade endometrial e
continua-se com a ampola (parte dilatada e central da
trompa que está curvada sobre o ovário e por sua vez
continua-se com o infundíbulo que se abre na cavidade
abdominal).
O infundíbulo é circundado
por projeções digitiformes ou fímbrias; estas funcionam
como tentáculos, trazendo o ovócito para o interior da
trompa onde pode ocorrer a fertilização. Assim, por
contrações musculares peristálticas e por atividade
ciliar, a trompa conduz o ovócito para a cavidade
uterina.3
IV.3 Ciclo Uterino
O útero é formado por três
camadas: uma interna (de revestimento epitelial); média
(miométrio); interna endométrio (de revestimento
epitelial e tecido conjuntivo - estroma endometrial).
No final da menstruação todas
as camadas do endométrio menos a mais profunda (externa)
descamam sob a influência dos estrógenos provenientes
dos folículos em desenvolvimento. O endométrio cresce
rapidamente em espessura durante o período compreendido
entre o 5o e o 14o
dias do ciclo menstrual.
As glândulas uterinas
aumentam de comprimento mas não secretam em nenhum grau.
Estas modificações do endométrio são chamadas de
proliferativas (Fase Proliferativa). Depois da ovulação,
o endométrio torna-se ligeiramente edematoso e as
glândulas secretam ativamente tornando-se espiraladas e
pregueadas sob a influência do estrogênio e da
progesterona secretória ou progestacional (fase de
secreção do ciclo menstrual). Quando o corpo lúteo
regride, o suporte hormonal do endométrio é removido. As
artérias do tecido sofrem constrições e a parte do
endométrio que irrigam torna-se isquêmica.
Sob o ponto de vista da
função do endométrio, a fase proliferativa representa a
restauração do epitélio a partir da menstruação
anterior. A fase de secreção representa a preparação do
útero para a implantação do ovócito fertilizado. Quando
a fertilização não ocorre, o epitélio desprende e um
novo ciclo tem início.
V - FUNÇÕES HORMONAIS
V.1 - Estrogênio
São hormônios esteróides
naturais, produzidos pelos folículos vesiculares em
desenvolvimento e, posteriormente, pelo corpo lúteo.
São responsáveis pelo
crescimento do útero, espessamento e revestimento da
cavidade uterina na preparação para a implantação do ovo
fertilizado e reparação do endométrio após a
reestruturação.5
A mucosa do colo uterino não
passa por descamações cíclicas, mas existem modificações
regulares do muco. O estrógeno torna o muco fluido e
mais alcalino, modificações estas que promovem a
sobrevivência e o transporte dos espermatozóides.
O muco é fluido por ocasião
da ovulação. Logo após a ovulação e durante a gravidez
ele torna-se espesso.4
V.2 - Progesterona
É secretada pelo corpo lúteo
e pela placenta. Prepara o endométrio uterino já
parcialmente espessado para a embebição do ovo
fertilizado e é necessária para o processo de
implantação. Mantém o desenvolvimento da placenta e
impede os ovários de produzirem mais óvulos durante a
gravidez.5
V.3 - Hormônio Folículo
Estimulante (FSH) e Hormônio Luteinizante (LH)
Controlam o desenvolvimento
dos folículos primários ou primordiais.
Acredita-se que o LH seja o
hormônio indutor da ovulação, mas o modo exato pelo qual
ele proporciona a ruptura do folículo ovariano não é
completamente entendido.
Não parece provável que uma
tensão intrafolicular aumentada que surge com o acúmulo
de líquido no antro seja a causa imediata da ruptura dos
folículos de mamíferos.3
O FSH mantém a função
gametogênica do testículo.4
VI - TRANSPORTE DOS GAMETAS
VI.1 - Transporte dos
Ovócitos
Na ovulação, o ovócito
secundário é carregado por uma corrente de líquido
peritonial produzido pelos movimentos das fímbrias da
tuba uterina. Estas expansões digitiformes movem-se para
frente e para trás sobre o ovário e aspiram o ovócito
secundário para o infundíbulo da tuba uterina,
principalmente devido à ação do movimento dos cílios de
algumas das células epiteliais tubárias, e
principalmente pela contração muscular da parede da
tuba. Estima-se que demore vinte e cinco minutos para o
ovócito alcançar o local de fecundação na ampola da tuba
uterina.9
VI.2 - Transporte dos
Espermatozóides
Geralmente 200 a 500 milhões
de espermatozóides são depositados no fórnix posterior
da vagina e no cérvix durante o coito. Os
espermatozóides passam pelo canal cervical graças ao
movimento de suas caudas.9
Durante o trânsito os espermatozóides conseguem vencer a
acidez encontrada no tracto genital feminino graças ao
produto final da secreção das vesículas seminais da
próstata e das glândulas bulbo-uretrais formando o
produto final chamado sêmen.3
Mas, a passagem dos
espermatozóides pelo útero e tuba uterina parece ser
facilitada pelas contrações musculares da rede desses
órgãos. As prostaglandinas presentes no plasma seminal
podem estimular a mobilidade uterina no momento do coito
e ajudam no movimento dos espermatozóides através do
útero e da tuba uterina para o local de fecundação. Não
se sabe o tempo que o espermatozóide leva para alcançar
o local de fecundação porém o tempo de transporte é
provavelmente curto.
Settlage et al (1973)
encontraram alguns espermatozóides na ampola da tuba
uterina cinco minutos após a deposição do esperma
próximo ao óstio uterino, porém, alguns levam quarenta e
cinco minutos para atingir o local de fecundação.
Somente 300 a 500 espermatozóides alcançam o local de
fecundação.
Geralmente, acredita-se que a
fecundação não possa ser retardada até que o ovócito
alcance o útero, porque este torna-se superamadurecido e
sofre degeneração.9
Geralmente o ovócito é
fecundado dentro das primeiras doze horas após a
expulsão do ovócito secundário na ovulação.
A maioria dos espermatozóides
provavelmente não sobrevive por mais de vinte e quatro
horas no trato genital feminino. Contudo, existem
evidências sugerindo que alguns possam ser capazes de
fecundar óvulos três dias após a inseminação.
VII - FERTILIZAÇÃO
A fertilização é uma
seqüência de eventos que começam com o contato entre o
espermatozóide e o ovócito secundário e terminam com a
fusão do núcleo de espermatozóide e do óvulo e o
pareamento dos cromossomos maternos e paternos na
metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto.9
Depois de ser ejetado do
ovário, o ovócito começa uma jornada de seis a oito
dias, sendo o seu destino o útero a uns 8 cm de
distância. Ele não possui qualquer meio de locomoção e
deve der transportado através da trompa uterina, por
contrações peristálticas da musculatura lisa e pela
atividade dos cílios presentes na trompa. A fertilização
normalmente ocorre quando o ovócito já desceu cerca de
um terço do caminho da trompa.
Os espermatozóides, se
presentes, devem nesta época ter alcançado o
infundíbulo.
O Mecanismo pelo qual o
espermatozóide caminha da cérvix até a tuba uterina não
está ainda determinado.
Alguns acreditam que seja
causado pelo movimento em chicote da cauda da célula
enquanto que outros mantém a idéia de que seja
transportado por contrações musculares pelo útero.3
Antes que um espermatozóide
maduro e móvel possa penetrar na corona radiata e na
zona pelúcida que envolvem o ovócito secundário, ele
deve sofrer a capacitação, um processo de ativação que
geralmente leva sete horas.
Em geral, aceita-se que este
processo consiste em alterações enzimáticas que resultam
na remoção de uma cobertura glicoprotêica e das
proteínas do plasma seminal que estão sobre a membrana
plasmática situada sobre o acrossoma. Não são observadas
mudanças morfológicas durante o processo de capacitação.9
Quando o espermatozóide
alcança o ovócito, ele libera uma enzima, a
hialuronidase, que é capaz de degradar o ácido
hialurônico (a substância cementante usada para manter
unidas as células granulosas que circundam o ovócito).3
Assim, o espermatozóide
atravessa a corona radiata. Provavelmente, o movimento
da cauda dos espermatozóides o auxilia na sua penetração
na corona radiata.
O espermatozóide atravessa a
zona pelúcida, digerindo uma passagem pela ação das
enzimas liberadas pelo acrossoma. A enzima acrosina
parece causar a lise da zona pelúcida, dessa maneira
formando uma via para que o espermatozóide possa seguir.
Logo que o primeiro espermatozóide atravesse a zona
pelúcida, uma reação zonal ocorre e torna esta camada
impermeável à passagem de outros espermatozóides.
Alterações nas características físico-químicas da zona
pelúcida estão associadas à reação zonal, porém, não
foram detectadas mudanças morfológicas. Acredita-se que
a reação zonal seja produzida pelos grânulos corticais
liberados pelo ovócito secundário. Eles contém enzimas
lisosômicas que induzem a reação zonal.
A cabeça do espermatozóide
liga-se à superfície do ovócito secundário; as membranas
plasmáticas do ovócito e do espermatozóide fundem-se e
depois se rompem no ponto de contato.
A cabeça e a cauda do
espermatozóide penetram no citoplasma do ovócito,
deixando a membrana plasmática do espermatozóide unida à
membrana plasmática do ovócito.
O ovócito secundário completa
a segunda divisão da meiose, formando um óvulo maduro e
o segundo corpúsculo polar. O núcleo do óvulo é
conhecido como pró-núcleo feminino.
Logo, dentro do citoplasma do
óvulo, a cauda do espermatozóide rapidamente degenera e
a cabeça cresce para formar o pró-núcleo masculino.
Os pró-núcleos feminino e
masculino aproximam-se um do outro no centro do óvulo,
entram em contato e perdem suas membranas nucleares.
Então, os cromossomos maternos e paternos misturam-se na
metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto.9
VIII - HIPÓTESES EM PARAPSICOLOGIA
As hipóteses clássicas em
Biologia para explicar o fenômeno da fertilização do
óvulo foram esboçadas no tópico anterior. Tais hipóteses
não se bastam quando tomadas uma a uma e as referências
a elas nos livros clássicos de embriologia são precárias
e duvidosas. Nenhum autor afirma que o processo em tela
seja oriundo com certeza e exclusivamente de uma delas.
Tal aparente controvérsia se nos afigura de modo tão
evidente que, na busca de uma solução para o problema
terminamos por entrar mais profundamente nas nuances da
questão e erigir uma hipótese inicialmente tão primária
quanto à do homúnculo de Aristóteles. Seria possível que
entidades pré-formadoras como o óvulo e o espermatozóide
possuíssem alguma forma de protoconsciência, com
comportamento estereotipado e que, no instante da
fecundação, com a fusão dos pró-núcleos, aparecesse, já
agora, uma entidade consciente diferencial das suas
formadoras e pronta para evoluir e crescer do ponto de
vista informacional até um ponto qualquer no futuro?
Temos observado duas
tendências nos parapsicólogos brasileiros que nos
ministram aulas no curso de pós-graduação. A primeira
delas refere-se ao fato de que não deverá haver um
começo e nem um fim do Universo e que estariam em
completo reprocessamento, para expansão e contração ou
por passagem em Buracos Negros e Brancos. A segunda
característica observada foi a de se admitir que objetos
físicos ou inanimados possam conter alguma espécie de
informação intrínseca que não se adequaria à ausência de
sistema nervoso.
Tendo em vista serem
insatisfatórias as hipóteses clássicas em Embriologia e
adotando o ponto de vista dos parapsicólogos do
I.P.R.J., parece-nos perfeitamente viável supor que a
formação do zigoto seja apenasmente mais um passo do
reprocessamento biológico da consciência que antes já
era manifestado na existência de uma protoconsciência
nos gametas.
Quase entre parênteses
poderíamos explicar elegantemente, dessa forma, a
transmissão de cultura e de informação sobre mitos como
sugere a Psicologia do Inconsciente Coletivo. É evidente
que o reprocessamento seria um círculo através da
gametogênese e então todas as divisões, sínteses e
evoluções celulares estariam acompanhadas de
concomitantes divisões, sínteses e evoluções da
consciência. Em segundo lugar, todo o processo
pré-embriológico parece destinado a uma única
finalidade, a formação do zigoto. Isso nos faz lembrar o
Modelo de um Projeto Universal a “situar-se” no chamado
Domínio Informacional de Horta Santos.
A preparação atrativa do
óvulo e o comportamento atraído do espermatozóide
faz-nos suspeitar que um tipo de ligação existe entre
ambos. Se são eles apoios para duas proto-consciências
que se movimentam segundo modelos informacionais de
atração mútua, nada mais lícito supor que possuam cada
um em relação ao outro, uma informação do tipo espacial
ou abstrata. Essa relação encaixa-se perfeitamente nos
moldes tantas vezes referidos por Sarti do chamado
Princípio de Exclusão, um programa universal em que
os elétrons possuem informação do estado de todos os
demais elétrons, longínquos que estejam uns dos outros.
Igualmente, não havendo entre espermatozóide e óvulo
qualquer vínculo físico atrativo, como explicar a clara
“dependência atraente” entre ambos a não ser
através da posse de informação de um a respeito do
outro, tal como duas consciências possam ter?
Pode ser dito, ainda, que o
comportamento do espermatozóide fá-lo vencer uma série
de dificuldades e que muitos deles, no afã de atingirem
o seu alvo principal, o óvulo, degeneram em contato com
regiões do endométrio de difícil superação ou de baixo
pH, inconvenientemente para sua permanência e
existência. Ressalta-se ainda que tal comportamento se
apresenta coletivo quando da destruição do ácido
hialurônico da corona radiata do óvulo, momento em que
ocorre produção coletiva de enzima inibitória, a
hialuronidase, facilitando o acesso de um espermatozóide
dos milhares que rodeiam a célula feminina. É um
fenômeno basicamente coletivo que exige uma organização
social toda ela voltada para o ato da fecundação, tal
como ocorre com formigas e outros seres dotados de
sistema nervoso mais ou menos evoluído quando observados
em atividade gregária.
Foram assim explanadas três
hipóteses parapsicológicas fundamentais em Embriologia:
a) Espermatozóide
e óvulo agem teleologicamente seguindo o modelo de um
projeto universal do Domínio Informacional
a) Espermatozóide
e óvulo possuem uma protoconsciência cada um que os faz
ligarem-se ao Domínio Informacional. Tais
proto-consciências, no ato da fecundação, dão lugar a
uma “animação consciente” - o ovo; em outras
palavras, há um reprocessamento de consciências no
processo circular: gametogênese - fecundação -
evolução do ser. Gostaríamos de ressaltar o fato de
que a evolução do ser, é do ponto de vista
informacional, uma evolução que deve ser consentânea com
o desenvolvimento da coletividade. Na verdade, nada
adiantaria a filogênese do espírito se a ontogênese do
espírito não seguisse um caminho de constante
aperfeiçoamento a cada novo ser biológico concebido.
a) Espermatozóide
e óvulo, possuidores de protoconsciência, relacionam-se
atrativamente através de um meio puramente abstrato,
sem interferências materiais. Esta hipótese é a
expressão, a nível embriológico, do modelo universal
projetado na protoconsciência do gameta.
Finalmente, desejamos
expressar nossa certeza de estarmos tentando dar uma
contribuição original ao campo da Embriologia. O
fenômeno da vida e o fenômeno do espírito são tão
milagrosos quanto intrigantes.
Nossas hipóteses
parapsicológicas pretendem neste epílogo, mostrar que o
milagre pode ser entendido e aceito como manifestações
normais do cotidiano.
GLOSSÁRIO
ADN |
Ácido desoxirribonucleico - Complexo de alto
peso molecular que consiste em desoxirribose,
ácido fosfórico e quatro bases (duas purinas -
adenina e guanina; duas pirimidinas - timina e
citosina)
É
o ácido nuclêico presente nos cromossomos dos
núcleos das células e é considerado a base
química da hereditariedade e o transportador da
informação genética. |
Antro |
Cavidade ou camada, especialmente a do interior
do osso. |
Ciclo Menstrual |
Estimulação hormonal dos órgãos femininos para
prepararem-se para a gravidez e retirada dos
hormônios, com sangramento subseqüente, se o
óvulo não for fertilizado. |
Cílios |
Diminutos filamentos semelhantes a pelos
inseridos na superfície livre de uma célula. |
Citoplasma |
Protoplasma de uma célula, com exceção do plasma
nuclear. |
Coenzima |
Substância não protêica que atua sobre uma
enzima. |
Corpo Lúteo |
Massa amarelada no ovário formada por um
folículo de Graaf que amadurecem e descarregam
seu óvulo. |
Corpúsculo |
Qualquer massa ou corpo pequeno. |
Cromátide |
Um
dos dois filamentos que compõem um cromossomo,
os quais se separam na divisão celular, indo
cada um para um polo diferente da célula em
divisão. |
Distal |
Remoto, afastado de qualquer ponto de
referência. |
Ducto |
Tubo para passagem de excreções ou secreções. |
Ectoderma |
A
mais externa das três camadas germinativas
primárias de um embrião. |
Eferente
|
Que afasta do centro. |
Elétrons |
Pequena partícula carregada negativamente. |
Eliminação |
Ato de expulsão ou exclusão, especialmente
expulsão do corpo. |
Embrião |
Estágio inicial de desenvolvimento de qualquer
organismo; na espécie humana, o organismo nos
seus primeiros dois meses de existência no útero
materno. |
Endoderma |
A
mais interna das três camadas germinativas de um
embrião. |
Endométrio |
Membrana mucosa que reveste a cavidade do útero. |
Energia |
Capacidade para executar trabalho. |
Enzima |
Proteína capaz de acelerar ou produzir, por ação
catalítica, uma alteração em um substrato. |
Espermatogênese |
Processo de formação dos espermatozóides. |
Estrogênio |
Hormônio sexual feminino secretado pelos
ovários. |
Estroma |
Tecido que forma a substância fundamental,
estrutura ou matriz de um órgão. |
Fertilização |
União do óvulo e espermatozóide. |
Fímbria |
Qualquer estrutura em forma de franja. |
Folículo |
Pequeno saco ou glândula secretora e excretora. |
Folículo de Graaf |
Pequeno saco vesicular esférico embebido no
córtex do ovário que contém a célula-ovo ou
ovócito. Cada folículo contém um líquido
folicular, suprido com hormônio foliculina ou
estrina. |
Gametogênese |
Desenvolvimento das células masculinas e
femininas, ou gametas. |
Gônada |
Ovário ou testículo. |
Hormônio |
Substância secretada por uma glândula sem ductos
que regula as funções de outros órgãos. |
Implantação |
Ligação do blastocisto ao revestimento epitelial
do útero. |
Infundíbulo |
Estrutura ou passagem em forma de funil. |
Isquemia |
Deficiência local e temporal de sangue,
especialmente devida à contração de um vaso
sangüíneo. |
Meiose |
Tipo especial de divisão celular que ocorre
durante a maturação das células sexuais, pela
qual o número diplóide normal de cromossomos é
reduzido a um único conjunto (háplóide). |
Mitocôndrias |
Estruturas em forma de bastonete em uma célula,
que produzem ATP, conhecida com casa de força da
célula. |
Mitose |
Modo típico de reprodução das células somáticas. |
Núcleo |
Corpo esferóide no interior de uma célula que se
distingue do restante dela por sua estrutura
mais densa e por conter nucleína. |
Ovogênese |
Origem e desenvolvimento do óvulo. |
PH |
Símbolo comumente usado para expressar
concentração de íons hidrogênio, a medida de
alcalinidade e acidez. Significa o logaritmo do
inverso da concentração de íon hidrogênio em
moléculas grama por litro de solução. O pH 7 é o
ponto neutro, acima dele, aumenta a
alcalinidade; abaixo, aumenta a acidez. |
Piramidal |
Com forma de pirâmide. |
Primórdio |
A
primeira indicação discernível durante o
desenvolvimento embrionário de um órgão ou
região do corpo. |
Progesterona |
Hormônio produzido pelo corpo lúteo cuja função
é preparar o útero para a recepção e
desenvolvimento do ovo fertilizado. |
Sêmen |
Secreção espessa e esbranquiçada dos órgãos
reprodutores masculinos. Consiste em
espermatozóides e secreções de vários outros
órgãos acessórios. |
Testosterona |
Hormônio testicular masculino; sua função é a
indução e manutenção dos caracteres sexuais
secundários. |
Zigoto |
O
mesmo que célula ovo. |
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