AS FUNÇÕES PSÍQUICAS INIBIDORAS E A NATUREZA DA
INFORMAÇÃO NO FENÔMENO PARANORMAL
Ronaldo
Dantas Lins Filgueira
Publicado no Anuário
Brasileiro de Parapsicologia de 2001, páginas 111
a 131
e no livro “Teoria
Parapsicológica Geral – e outros ensaios”, edição IPPP,
ano 2000.
1. PRINCÍPIO DA NÃO LOCALIDADE
O homem ocidental possui uma percepção do universo
constituída de elementos separados por espaço e tempo. Estes constituem realidades externas ou serão apenas constructos materiais elaborados pelo ser humano, para
que este possa apreender os fenômenos da natureza?
Para o filósofo alemão Emmanuel Kant o espaço e o tempo
são entes a priori, inerentes à mente humana, na
qual o homem coloca as coisas e os seres, sem que tenha
uma existência real no sentido aristotélico.
A teoria da relatividade de Albert Einstein nos fornece
uma nova concepção, a de que o espaço e o tempo
constituem um "continuum" e que este se encontraria
irremediavelmente relacionado à existência da
matéria-energia.
Numa abordagem contemporânea, concebemos que os objetos
não se encontram separados, existindo em um outro nível
de realidade conexões profundas, não apreendidas pelos
nossos sentidos usuais, permitindo que o universo vibre
em uníssono, como um ente homogêneo e único.
Já afirmou Heisenberg:
"O que nós observamos não é a natureza propriamente
dita, e sim a natureza exposta em nosso método de
questioná-la". Não apreendemos a realidade, supondo que
ela exista, e sim nosso processo de interação com ela.
O princípio da complementariedade de Bohr, nos mostra
que a luz se apresenta ora como onda, ora como
partícula, dependendo do experimento realizado, nos
indicando que estamos aferindo propriedades da
interação observador-luz (via determinado método) e não
da entidade-luz. (1).
Devido às limitações de nossos sentidos, percebemos
pequenos fragmentos da realidade e imaginamos o todo
pela parte percebida. É como na parábola hindu do
elefante, percebido pelo tato de quatro cegos que tocam
uma parte apenas do referido animal, qual seja: a cauda,
a tromba, a pata e o dorso. Ao tentar descrever o objeto
percebido, suas colocações divergem afirmando tratar-se
respectivamente de: uma corda, uma cobra grande, uma
coluna e um muro alto (2). Além do objeto da observação
ser apreendido inadequadamente, este é interpretado como
vários entes distintos, separados pelo espaço- tempo,
quando em realidade se trata da mesma estrutura.
A idéia cartesiana de mente restringe-se ao nível
consciente, sendo desprezado o aspecto inconsciente, só
posteriormente colocado em local de importância por
Freud e outros autores. Essa idéia restrita da
maquinaria mental, e que influenciou fortemente a
ciência, foi desastrosa no sentido de não abranger toda
uma gama de estímulos e percepções, necessários para uma
melhor compreensão da realidade.
Tinoco comenta: '' Como conseqüência direta do
significado dos "estados virtuais", onde a função de
onda associada a uma partícula elementar está espalhada
por uma enorme região do espaço, a mecânica quântica faz
uma predição mais forte e revolucionária. Isto pode ser
expresso, dizendo-se que pode haver ligações e
correlações entre partículas ou acontecimentos muito
distantes, na ausência de qualquer força ou sinal
intermediário e essa ação à distância acontece de modo
instantâneo. Esse fenômeno conhecido como ''Princípio da
Não-Localidade", pode ser estabelecido, dizendo-se que
alguma coisa pode ser afetada na ausência de qualquer
causa local. Esse princípio está expresso no teorema de
Bell e parte da concepção baseada na natureza
indeterminada da realidade, como sugerem as equações de
onda da mecânica quântica.
Para a teoria quântica, não há partes isoladas da
realidade, mas, antes, apenas fenômenos muito
intimamente relacionados, como se fossem inseparáveis,
qualquer que seja a distância entre essas partes"(3). O
paradoxo Einstein-Podolsk-Rosen (EPR), descrito a
seguir, representa um exemplo desta nova concepção.
Suponha um elétron e sua antipartícula, o pósitron. Quando da criação deste par, seus componentes possuem spins contrários.
Promovendo o afastamento entre essas partículas, por
maior que seja a distância, se alterarmos o spin de uma,
a outra terá o seu spin invertido instantaneamente,
ocorrendo desta maneira uma correlação instantânea,
contrariando aparentemente a teoria da relatividade de
Einstein, que prevê um limite para a velocidade de
propagação das interações, que jamais será infinita. Esta afirmação se aplica bem a macro-sistemas mas não a
micro-sistemas. Esta posição da mecânica quântica (novo
paradigma) contraria a teoria da relatividade (paradigma
vigente). (4)
Em um outro momento, Tinoco nos lembra que: "Com o
aperfeiçoamento da tecnologja, foi possível aos físicos
Alain Aspect, Philippe Graangier e Gerar Roger
demonstrarem a veracidade das previsões da mecânica
quântica. Usando, não um par elétron-pósitron, mas um
par de fótons, emitidos por uma cascata de cálcio
radioativo, foi verificada mais uma vez, em 1982, a
validade das previsões da mecânica quântica: as
correlações instantâneas existem. Como pode a partícula
A, interagindo com a partícula B, "perceber"
instantaneamente a mudança ocorrida em B, de modo a
mudar no mesmo instante o seu spin? Essa questão não tem
resposta, a menos que se admita que as partículas A e B
nunca estiveram separadas. Desde o surgimento delas, A e
B formam um só sistema, independente da distância que as
separa. Isso parece estar associado à telepatia'' (5).
Assim, para explicar o paradoxo EPR, Bohm postulou que
as duas partículas formavam um todo indivisível e que o
paradoxo era uma conseqüência da suposição errônea de
constituírem entes distintos.
O físico americano David Bohm, estudando o quarto estado
da matéria (o plasma) verificou que apesar das
partículas constitutivas do plasma apresentarem
individualmente um movimento caótico, em conjunto formam
um todo organizado, como se fosse um ser vivo. Constatou, assim, que não apenas duas partículas (o par
elétron-pósitron, no paradoxo EPR), mas trilhões de
elétrons parecem se comportar como um único ente, em que
qualquer um dos seus componentes parece ''perceber",
instantaneamente, o que ocorre com as outras partes. Desta maneira, parece existir um nível de realidade mais
profundo, denominado potencial quântico, preenchendo
todo o espaço, de intensidade constante. Bohm chega a
compreensão de que é o todo que determina o
comportamento das partes.
As duas partículas do
paradoxo EPR formam uma unidade indivisível entre si e
com as outras partículas do universo, não havendo
diferenças locais, sendo compreendido como um ente único
e não separados. Não há , assim, um sinal de velocidade
infinita deslocando-se no espaço. Bohm faz a seguinte
analogia para poder representar este processo: ''Tomemos a situação de um peixe nadando num aquário, cuja
imagem é captada simultaneamente por duas câmeras de TV,
situadas em posições diferentes. É preciso fazer de
conta que não temos acesso direto ao aquário e nunca
vimos um peixe antes. As únicas informações de que
dispomos a respeito são as fornecidas pelos dois
monitores de TV. Nossa primeira impressão será, com
certeza, de que as duas imagens constituem entidades
diferentes e separadas. À medida em que avançam nossas
observações, porém, percebemos que os dois peixes
apresentam estreita relação entre si: quando o peixe A
se vira, o peixe B executa um giro diverso, porém
correspondente ao do primeiro. Há sempre simultaneidade
nos dois movimentos. Podemos ser tentados a explicar
essas "estranhas coincidências", dizendo que existe uma
comunicação instantânea entre os dois peixes. Mas o fato
é que, num nível mais profundo da realidade, a realidade
do aquário, eles são apenas um" (6).
Parece existir diversos graus de ordem no universo; os
fenômenos que se nos apresenta caótico podem apresentar
uma ordem oculta. Bohm denominou de "ordem implícita" a
organização básica da existência, em que é evidente a
conexão de todas as coisas como uma entidade única. Este
substrato também é denominado de "dobrado". Em um outro
nível temos a realidade cotidiana, denominada "ordem
explícita" ou "desdobrado". Assim, as partículas não são
unidades separadas, mas atualizações efêmeras de uma
organização ilimitada subjacente. Ao percebermos uma
partícula ou evento em particular, estamos apreendendo
apenas o desdobramento deste estrato mais profundo.
Fundamentado na holografia, Karl Pribam indaga sobre a
possibilidade de o mundo ser um holograma, um domínio de
potencialidades no entender de Bohm, não passando os
objetos materiais de mera ilusão(7).
Somos conhecedores dos limites físicos do nosso
organismo, mas não de nossas relações com o mundo
exterior. Percebemos, não a realidade em si, mas o que
foi selecionado pelo cérebro. O corpo responde aos
pensamentos do indivíduo, refletindo suas apreensões e
desejos internos. "A pesquisa parapsicológica tem
verificado que o corpo não responde apenas aos
pensamentos do pensador, mas também aos pensamentos de
outras pessoas, como acontece no processo telepático"
(8).
O fenômeno paranormal,
tanto psi-gama como psi-kapa, parece efetuar-se via
realidade implícita, em que o conteúdo paranormal ou a
interação psicocinética entre o agente psi e o objeto
alvo, se dá não por propagação de um sinal através do
espaço-tempo, mas sim pela percepção e ação momentânea
de propriedades sistêmicas, explicitadas através do
agente psi e observada por indivíduo na condição usual
da ordem explícita (desdobrada).
2. A PRIMEIRA LEI DA
PARAPSICOLOGIA E SEUS COROLÁRIOS
O Dr. Sarti enunciou a
seguinte assertiva, que denominou de primeira lei da
Parapsicologia: "O aparelho psicológico não está
restrito aos limites físicos do sistema nervoso,
preenchendo todas as regiões do espaço-tempo,
independentemente das grandezas das medidas de distância
e tempo". Ainda segundo Sarti poderemos retirar deste
enunciado dois importantes corolários (9):
Corolário 1 - "O
aparelho psicológico contém potencialmente todas as
informações obteníveis do espaço-tempo,
independentemente das grandezas de distância e de
tempo".
Considerando que parte
do espaço-tempo se encontra ocupado pela
matéria-energia, temos o:
Corolário 2 - "O
processo parapsicológico de aquisição de conhecimento
pelo aparelho psicológico não é afetado pela presença de
matéria ou campos físicos que se situem entre a fonte de
informações e o sistema nervoso".
Estes dois corolários
relacionam-se com a obtenção de informação por meios
paranormais, vinculando-se aos fenômenos do tipo
psi-gama.
Em 1995, da primeira lei da Parapsicologia, extrai o:
Corolário 3 - “O psiquismo possui o potencial de agir
sobre o mundo físico, sem necessidade de intermediação
energético-material, promovendo o deslocamento de massas
ou perturbações de campos energéticos”.
Este terceiro corolário
relaciona-se com a ação do psiquismo humano sobre a
matéria e campos de energia, que deve ocorrer através de
um domínio informacional, vinculando-se aos fenômenos
do tipo psi-kapa.
Outro conceito importante para a abordagem que
pretendemos realizar é o de "link", compreendido como:
"Acoplamento de um pensamento a um sistema nervoso ou a
outro objeto físico. A nossa consciência é resultado de
um "link" entre um pensamento e um sistema nervoso... No
paranormal, estados ampliados de consciência estão
relacionados a alterações elétricas no sistema nervoso,
geralmente a uma redução de sua atividade. Em ambos os
casos, desacoplamento total ou parcial, o pensamento
pode estabelecer um "link" externo, fora do sistema
nervoso do morto ou do paranormal, e provocar o fenômeno
psi" (10).
A ativação do "link" no sentido aferente produziria os
fenômenos de psi- gama e, no sentido eferente, os
fenômenos de psi-kapa.
3. A INFORMAÇÃO NO PROCESSO PARANORMAL
Sarti classifica a
informação como podendo ser de dois tipos(11):
i) Sintática - De
natureza física, mensurável em bits, não se adequando a
uma região, independente do espaço e do tempo.
ii) Semântica - De natureza abstrata, representativa do
conteúdo do pensamento, imponderável, matematicamente
não real.
Horta Santos afirma que “ Atualmente, a racionalização
científica dos sistemas de telecomunicações e de
transmissão de dados fundamenta-se na teoria da
informação. A equação básica dessa teoria, conhecida
como equação de Shanon, diz o seguinte: a informação
correspondente a um dado estado de um sistema é igual ao
logaritmo (na base 2) do inverso da probabilidade de
esse estado ser ocupado.
A equação foi criada para a transmissão de
telecomunicações e os sistemas considerados são o
conjunto de sinais de códigos e mensagens. Porém, a
correlação pode ser generalizada frutuosamente para
outros tipos de sistemas complexos.
... De um lado da equação está a informação que é uma
entidade abstrata – apesar do conceito de informação não
ser facilmente definível – e ligada ao conteúdo de
significação de uma mensagem. Ora, apesar da mensagem
precisar de um suporte físico (onda, corrente elétrica,
luz etc.), ela própria não tem nada de material. E a
informação - significação é, obviamente, um evento de
ordem psicológica.
No outro lado da equação aparece a probabilidade de um
estado físico.
... O fato inusitado na equação de Shanon é que se
estabelece uma igualdade entre um evento do domínio
mental (mensagem – significado) e um conceito descritivo
do mundo objetivo (probabilidade de um certo estado de
um sistema). Na verdade quebra-se uma igualdade
dimensional, tão importante nas equações físicas “ (12).
Em termos matemáticos temos I = log2 1/P ,
onde I é a informação e P é a probabilidade de ocorrer
determinado evento.
Se refletirmos um pouco sobre estes conceitos, poderemos
verificar que a forma de mensurar a informação sintática
não afere o conteúdo informacional mas, tão somente, o
espaço ocupado por esta informação. Tanto é assim que,
por exemplo, se construirmos um documento no Word, com
tamanho de fonte 10, tipo de fonte Arial, cujo conteúdo
seja as letras do alfabeto latino expressas
extensivamente, ou seja, W = { a, b, c, d, e, f, g, h,
i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s. t, u, v, w, x, y, z },
este ocupará 28.672 bytes, enquanto se for expresso
através de suas propriedades, isto é, W = {Letras do
alfabeto latino}, serão ocupados 19.456 bytes. O que
está sendo mensurado pela fórmula I = log2
1/P é a quantidade de espaço ocupado por uma informação
e não a quantidade de informação. Esta não é passível de
quantificação, ou pelo menos não da forma como
concebemos tradicionalmente. Entendemos que “informação
de natureza física” é um conceito muito complexo, haja
visto que “físico” é um conceito ainda não bem
compreendido, muito menos “informação não física”. A
verdadeira informação, a que expressa o significado,
independente de qualquer roupagem, é a semântica. Toda
informação sintática possui um conteúdo semântico, mas
nem toda informação semântica possui uma expressão
sintática, embora possa ser posta nesta forma.
A transcomunicação instrumental – TCI, é um fenômeno em
que sons (vozes) ou imagens são registrados em aparelhos
eletrônicos por meios paranormais. Em experimentos de TCI realizados pela Associação Nacional de
Transcomunicadores – ANT, em que houve um rigoroso
controle do tamanho da amostra , foi observado que “Por
mais distintas que possam ser as vozes ou dizerem coisas
diferentes, o número de kb do arquivo foi sempre o
mesmo” (13) .
Este achado experimental vem reforçar a tese de Sarti, e
por nós defendida, que denominamos de Segunda lei da
Parapsicologia: “A informação paranormal é de natureza
semântica e não sintática”.
4. FUNÇÕES PSÍQUICAS INIBIDORAS
Sarti propõe a existência da função cognitiva inibidora
Φ (fi) que bloqueia o acesso simultâneo ao córtex
cerebral de todos os influxos aferentes, não permitindo
uma desorganização da consciência e recrutamento
indiscriminado dos neurônios corticais com produção de
crise convulsiva (14).
A função Φ apresenta as seguintes características:
"A - Percebe e seleciona semanticamente informações
sintáticas que possam associar-se semanticamente aos
conteúdos da consciência.
B - Age nas vias aferentes do sistema nervoso estando
portanto associado à estimulação do ambiente local.
C - É desempenhado pelo sistema de ativação reticular
ascendente.".
Assim, a função Φ ρé um mecanismo mente/neuronal que
atua eliminando as informações sensoriais
desnecessárias, que produziriam uma sobrecarga na
estrutura psíquica. Grande parte do que apreendemos é
eliminado para possibilitar o arquivamento de novos
conteúdos.
Horta Santos propõe a existência de um fator de
repressão denominado ρ (rô) que é também uma função
cognitiva inibidora. Esta função impede que tenha acesso
à consciência as informações universais referidas na
primeira lei da Parapsicologia. Estas informações são
semanticamente graváveis no córtex cerebral,
diretamente, sem atingir as vias sensoriais clássicas.
O fator de repressão ρ apresenta as características a
seguir:
"A - É de natureza neurológica ou psicológica.
B - Impede a representação consciente das informações
universais.
C - É exercido pela própria atividade sensorial, pelo
hemisfério dominante ou por fato representativo da
psicologia do indivíduo." (15).
Desta feita a função ρ
elimina as informações extra-sensoriais(paranormais)
supérfluas. Imaginemos o quanto seria confuso o nosso
pensamento, e como seria impraticável conviver com o
enorme influxo de informações paranormais recebidas pela
mente.
Em ambos os casos trata-se de função cognitiva,
aferente, relacionada a um fluxo informacional. Um
processo controlado de inibição da função ρ,
possibilitaria a deflagração do fenômeno paranormal na
modalidade psi-gama.
De maneira análoga,
postulamos a existência de duas outras funções psíquicas
inibitórias, desta feita, de natureza eferente: a função
π (pi) e a função
t
(tau) (16).
A função π consiste num mecanismo inibitório de
determinados impulsos eferentes do organismo. Estes
podem ser endógenos (batimentos cardíacos, secreção
glandular, etc) ou exógenos (atividade motora
estriada). Sem a atuação deste fator inibitório
estaríamos em permanente processo de espasticidade,
secreção endógena, etc. Esta função seleciona as
atividades efetoras que devem ser produzidas bem como
sua distribuição temporal e intensidade..
O tronco cerebral possui uma porção neural central
denominada formação reticular que pode ser dividida em
duas zonas: a potente formação reticular facilitadora e
a menos potente formação reticular inibidora.
A formação reticular facilitadora recebe aferências
descendentes do córtex motor (principalmente a área
motora pré central, suplementar e secundária), núcleos
da base e cerebelo controlando a atividade desta
formação. "Sem a influência controladora proveniente de
estruturas superiores, a formação reticular facilitadora
é liberada e, consequentemente, ocorre um aumento nas
descargas descendentes que agem sobre os centros
medulares." (17).
Desta maneira, a função π impede que os impulsos
eferentes provenientes, principalmente da formação
reticular facilitadora e inibidora, promovam rigidez,
espasticidade ou seus equivalentes sobre o organismo.
A função π apresenta as seguintes características:
A - Controla ou suprime a atividade eferente excitatória
(glandular; motora estriada, lisa e cardíaca).
B - Age nas vias eferentes do sistema nervoso.
C - É desempenhada pelo córtex motor, núcleos da base,
cerebelo, hipotálamo e sistema límbico.
O sistema nervoso possui uma atividade implícita
permanente que deve ser bloqueada por algum mecanismo,
que denominamos de função
t. Este fator inibe a atividade efetora paranormal, ou
seja, psicocinesia. Tudo se passa como se houvesse um
''link" entre a mente e a matéria, permitindo uma
interação não-local, de conformidade com o princípio da
não localidade. O bloqueio deste "link" interrompe esta
interação, impedindo o aparecimento de psicocinesia. Na
maior parte do tempo, a maioria das pessoas apresenta
uma ativação desta função; o seu bloqueio liberaria o
referido "link", permitindo que em nível da ordem
desdobrada seja percebida a realidade implícita que
interliga os seres. Quando isso ocorrer, diz-se que foi
deflagrado um fenômeno paranormal do tipo psi kapa.
A função de repressão
t apresenta
as características a seguir:
A - É de natureza neurológica ou psíquica.
B - Impede a atualização (manifestação) das interações
(ações) universais, implícitas na primeira lei da
Parapsicologia e explicitadas no terceiro corolário dela
decorrente.
C - É exercida pela própria atividade eferente, através
de estruturas neurais Superiores (18).
Os fatores circunstanciais deflagradores do fenômeno
paranormal, favorecem a formação de um processo
inibitório cortical que ao se intensificar, promove a
liberação de estruturas subcorticais, livres da ação
frenadora superior. Ocorrerá psicocinesia quando houver
uma inibição da função
t, promovendo um desbloqueio do "link" mente-mundo
físico. (19).
5. CONCLUSÃO
Refletindo sobre os tópicos abordados, podemos concluir
que:
1. Os fenômenos paranormais são deflagrados por inúmeros
fatores, muitos dos quais ainda são desconhecidos.
2. O que apreendemos não é a realidade, mas a interação
homem-método-objeto. Desta feita o observador é parte
integrante, ativa, do fenômeno e não mero expectador.
3. Os fenômenos de psi-gama e psi-kapa são apenas formas
de apresentação da interação agente psi -
meio-observador, via determinado método.
4. Os fenômenos paranormais parecem efetuar-se via ordem
implícita (realidade dobrada), onde o conteúdo
paranormal ou a interação psicocinética não se processam
por propagação de um sinal na estrutura espaço-tempo e
sim pela percepção ou ação de holopropriedades,
explicitadas através do agente psi.
5. A verdadeira informação, a que expressa o
significado, independente de qualquer roupagem, é a
semântica. A forma de mensurar a informação sintática
não afere o conteúdo informacional mas, tão somente, o
espaço ocupado por esta informação.
6. A informação paranormal parece ser de natureza
semântica e não sintática.
7. Em nível de ordem explícita (realidade cotidiana),
emissor, receptor e objeto são percebidos como entes
distintos, porém, em nível mais profundo, todos os seres
estão interligados, consequentemente temos que:
a) O Conteúdo paranormal, de natureza semântica, não
parece ser transportado por um fluxo até o agente psi,
mas aparenta já se encontrar nele, em nível de ordem
implícita.
b) O agente psi parece agir psicocineticamente sobre os
seres, não pelo transporte de energia/informação de um
fluxo psi, porém, tudo se passa como se ele mesmo (o
agente psi) se deslocasse juntamente com o objeto, por
constituírem, em nível de realidade dobrada, um ser
único, percebido como diferentes em nível de ordem
explícita.
8. Tudo se passa como se a mente apresentasse quatro
funções inibidoras, com as seguintes características:
a) Função Φ Atua eliminando as informações sensoriais
desnecessárias. O seu bloqueio promove o surgimento de
confusão mental.
b) Função ρ - Impede o acesso à consciência das
informações semânticas universais. O seu bloqueio
seletivo produz os fenômenos de psi gama.
c) Função π - Inibe os impulsos eferentes do
organismo, de natureza endógena ou exógena. Sua inibição
provocaria um estado de espasticidade, secreção
glandular, etc.
d) Função t
- Inibe o "link" mente-matéria, evitando a interação
não-local, referida no princípio de não-localidade. Seu
bloqueio libera o referido "link" com a deflagração de
fenômenos de psi-kapa.
6. BIBLIOGRAFIA
1- Oliveira, A. B. A Unidade Esquecida Homem-Universo.
Espaço e Tempo Editora. Rio de Janeiro.1989.pág. 17.
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Psicobiofísicas - IPPP. Recife.1995. pág. 60s.
5- Tinoco...: '' Parapsicologia e Ciência", op. cit.,
pág. 144.
6- Arantes, J. T. A Ordem lmplícita de David Bohm -
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pág. 48s .
7 - Borges, V. R.: ''Manual de Parapsicologia '',
Recife, Companhia Editora de Pernambuco - CEPE - , 1992,
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8- Borges, V. R. & Caruso, I. C. Parapsicologia: Um
Novo Modelo (e outras teses). Fundação Antônio dos
Santos Abranches - FASA. Recife.1986. pág. 170.
9- Sarti, G. S. Tópicos Avançados em Parapsicologia.
EGUSAEditora. Rio de Janeiro.1987, pág. 241s.
10- Sarti, G. S. Psicons - do Real ao lmaginário.
Edições Associação Brasileira de Parapsicologia - ABRAP
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11- Sarti ...:'' Psicons...'', op. cit., pág.16s.
12. Santos, J. J. H. O tempo e a Mente – O Universo
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pág. 263 - 265
13. Rinaldi, S. Espírito: O Desafio da Comprovação –
Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental.
Elevação Editora. São Paulo. 2000. Pág. 110 e.
14- Sarti ...:''Tópicos...'', op. cit., pág. 244s .
15- Sarti ...:''Tópicos...'', op. cit., pág. 246s.
16 - Lins...: '' Curas por...", op, cit., pág. 58-63.
17- Eyzaguirre, C. & Fidone, S. J. Fisiologia do
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18 – Lins, R. D. Teoria Parapsicológica Geral (e outros
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19- Lins...: '' Curas por...", op, cit., pág. 70s