INTERPRETAÇÃO TOPOLÓGICA DO DESVIO
DA FORMA NO PROCESSO PSIGÂMICO
Ronaldo Dantas Lins Filgueira
1 - INTRODUÇÃO
O homem ao apreender os fenômenos do universo o faz
utilizando-se de representações, de modelos, que tendem
a aproximar-se o mais possível da realidade. Em
verdade este processo consiste na transformação de um
conjunto A em f(A) através de uma função. A
compreensão das propriedades desta função, bem como dos
conjuntos de chegada e de partida, constitui um passo
importante para o entendimento da mecânica mental.
A análise deste processo de transformação permite
identificar estruturas matemáticas e o seu
reconhecimento nos levará a uma melhor compreensão do
psiquismo; em particular, estas afirmativas são válidas
para os fenômenos paranormais.
A tomada de conhecimento de fatos físicos e/ou
psíquicos, em relação ao passado, presente ou futuro,
sem o aparente uso dos sentidos e da razão comporta-se
conforme estes mesmos princípios.
A natureza desta função em geral e, consequentemente, os
seus reflexos na produção dos fenômenos de psigama é a
nossa principal preocupação.
Traçamos, aqui, alguns caminhos que nos levam a uma
possível caracterização de homeomorfismo* desta relação,
buscando observar as invariantes topológicas na
transformação dos conteúdos mentais e notadamente das
figuras do baralho Zener.
* Ver apêndice
2 - INDÍCIOS DE QUE A MENTE SE UTILIZA DE HOMEOMORFISMO
A observação da atividade mental nos leva a supor que as
imagens apreendidas sofrem deformações que obedecem a
determinadas condições. Entre estes indícios
temos:
1) Os sonhos podem revelar verdades acerca dos
fenômenos do universo que muitas vezes passam
desapercebidas para o nosso nível consciente.
Algumas descobertas e invenções surgiram durante o
período dos sonhos.
Em 1963, o cientista alemão August Kekulé enfrentou o
problema da determinação da estrutura química dos
componentes aromáticos.
August Kekulé buscava compreender a forma pela qual os
átomos de carbono e de hidrogênio se ligavam na molécula
de benzeno (o mais simples dos compostos aromáticos).
Os átomos de hidrogênio possuem uma ponte de valência e
os de carbono apresentam quatro pontes.
Quatorze átomos de hidrogênio ligam-se a seis átomos de
carbono na molécula do hexano. Na molécula do
benzeno, seis átomos de carbono estão ligados a seis
átomos de hidrogênio. Kekulé tentou descobrir a
maneira como ocorria a estrutura dessa ligação, porém,
havia pontes de valência excedentes. A solução
para este problema foi obtida quando, em sonho, Kekulé
viu a molécula do benzeno como uma cobra que se virava
para morder a própria cauda, formando uma
circunferência.
Os sonhos também serviram para a obtenção de invenções
como, por exemplo, a técnica de fabricação de balas
(chumbo derretido caindo de torres altas em recipientes
de água). Ao caírem, as gotas de chumbo formam
estruturas arredondadas (bolas). James Watt
concebeu este processo após ocorrer-lhe um sonho com a
chuva.
Essas inspirações oníricas têm ocorrido com artistas e
homens de ciência, durante o sono. Possivelmente,
o relaxamento profundo permite à mente, a nível
inconsciente, executar operações cognitivas comumente
impossíveis ou muito difíceis de serem executadas a
nível consciente.
2) Não apenas durante os sonhos, como também durante o
estado de vigília, a obtenção dos "insights" parece ser
alcançada através de transformações de forma e conteúdo.
James Watt concebeu a máquina a vapor ao observar uma
chaleira com água fervendo. Galileu Galilei teve a
idéia da construção do relógio de pêndulo ao observar,
durante uma missa, os movimentos dos lustres de uma
igreja, devido ao vento.
3) Dois físicos do Instituto de Pesquisas de Stanford,
Harold Puthoff e Russel Targ, publicaram em março de
1976, o trabalho intitulado, "Um Canal Perceptivo Para a
Transferência de Informação Através de Distâncias
Quilométricas", em que relatam experiências de
clarividência e telepatia. Outros centros de
pesquisas estavam realizando experiências semelhantes,
como a Universidade de Davis, na Califórnia; um grupo de
físicos de San Francisco e de estudantes de Santa
Bárbara; dois especialistas em transferência de
informações, Jacques Vallé e Arthur Hastings.
As experiências consistiam na captação, por parte de um
determinado indivíduo, dos aspectos de regiões
escolhidas aleatoriamente para visita e um outro, que
funcionaria como transmissor. As imagens captadas
apresentavam altos índices de acerto, além do esperado
pela casualidade. Uma das percipientes, a
fotógrafa Hella Hammid descreveu um local "coberto de
alguma coisa parecendo piche solidificado ou lava
condensada... Em alguns trechos, essa matéria
parece pele enrugada.". Na realidade era o porto
de Palo Alto, que naquele momento, com maré baixa, se
transformava num charco de lama (Puthoff estava lá,
funcionando como emissor); em outra ocasião em que o
objetivo era um balanço de criança enferrujado, ela
descreveu: "Um triângulo de ferro preto que faz
raqueraque uma vez por segundo.". Experiências
análogas foram realizadas, e também com êxito, com Ingo
Swan, Patrick Price e outros.
Os pesquisadores notaram que comumente os elementos
básicos das descrições coincidiam com o alvo, mas os
detalhes e a função do local estavam sempre trocados.
Muitas vezes Price falava de edifícios e objetos como se
estivessem em um espelho. Isto parece indicar a
importante participação do hemisfério cerebral direito
nas visões à distância, pois este é o hemisfério
responsável pela produção do fenômeno de espelhamento de
imagens, em qualquer indivíduo.
Estas pesquisas nos trazem também elementos que nos
fazem supor que forma, cor, textura e o material que
compõe o objeto (que são percebidos pelo hemisfério
cerebral direito) são apreendidos mais claramente que
nomes e funções (Percebidos pelo hemisfério cerebral
esquerdo).
4) Durante seis anos, o psiquiatra Montague Ullman e
seus colaboradores, Stanley Krippner e Alan Vaughan,
realizaram um estudo estatístico de sono telepático, no
Centro médico de Maimonides, de Brooklyn, em Nova York
(EUA). Entre estas experiências, um misto de
telepatia e ciclo circadeano do sono (com sonho), temos
a realizada entre William Erwin (percipiente) e o Sol
Fedstein (emissor); este concentrava seu pensamento num
quadro zapatista, de Orosco, que apresentava índios
partidários de Zapata que caminhavam numa direção à
esquerda da tela. As analogias entre os sonhos de
William e as imagens do quadro variavam desde planícies
e desertos a paisagens de nuvens e grandes penhascos de
pedras, bem como, de guerrilheiros zapatistas.
Reunidos no Capitol Theater, em Nova York, duas mil
pessoas tentavam influir os sonhos de Malcolm Bessent e
Felícia Perise que dormiam a 72 quilômetros. Isto
ocorreu na noite de 19 de fevereiro de 1971 e o alvo era
os sete chacras vertebrais, de Scralian. A figura
do quadro é um homem na posição de lótus. Os
chacras, tendo a coluna vertebral por base têm cores
vivas. Um halo de cor amarela envolvia a cabeça do
personagem. Bessent sonhou o seguinte: "Eu
me interessava pelo uso de energia natural...
Conversava com um homem que dizia ter inventado uma
maneira de utilizar a energia solar e mostrava-se numa
caixa... que captava a luz do sol... Lembro-me de
uma caixa de energia e de uma coluna vertebral".
Felícia referiu-se assim ao seu sonho: "Algo
brilhava como um cristal, com numerosas facetas
coloridas. Havia uma espécie de luminosidade de
sol ou de luz artificial. Talvez se tratasse de um
homem, baixo, com um Buda.".
Como vimos, determinada forma, no seu trajeto do objeto
de percepção até à mente, bem como, quando elaborado
intrinsecamente por esta e, especificamente, em seu
percurso pelo fluxo psi**, parece sofrer um desvio
estrutural que conserva as propriedades topológicas*
como conexão e compacidade e altera outras propriedades
(que não são invariantes topológicas) como a distância.
(* ver apêndice **
ver bibliografia)
Figuras como a cobra mordendo a própria cauda e a
fórmula estrutural do benzeno, chumbo derretido caindo e
chuva, triângulo de ferro que faz raque-raque e um
balanço enferrujado bem como outras figuras referidas
anteriormente, tomadas duas a duas, são topologicamente
idênticas no sentido de existir entre elas algum
homeomorfismo com a consequente conservação das
invariantes topológicas.
As gotas de chumbo derretido e de água caindo são
figuras simplesmente conexas (cada gota); a cobra
mordendo a própria cauda e a fórmula estrutural do
benzeno são conexas com apenas um furo; o desenho do
chacra brilhante e luminosidade como o sol são ambas
figuras conexas. O mesmo raciocínio pode ser
estendido as outras imagens apresentadas.
Tudo nos leva a crer que os processos mentais e, em
particular, os fenômenos de psigama, ocorrem como um
homeomorfismo entre espaços topológicos.
3 - O BARALHO ZENER E O DESVIO DA FORMA
O Dr. Karl Zener, que foi colaborador do Dr. Joseph
Banks Rhine, criou um baralho de 25 cartas que adquiriu
o seu nome.
A figuras do baralho Zener são as seguintes:

Cada uma das figuras se repete cinco vezes, totalizando
vinte e cinco cartas.
Durante os testes, é necessário o estabelecimento de um
bom "rapport". O ambiente deve ser descontraído e
acolhedor.
A conversação deve ser amena; entretanto, o espírito
lúdico e descontraído será preferível sob o aspecto de
que será realizada uma pesquisa séria e agradável.
Basicamente teremos o emissor o receptor e os
pesquisadores.
As cartas devem ser embaralhadas com a finalidade de
obter-se uma sequência de cartas aleatória. Cada
jogo corresponde a uma sequência de 25 descartes,
cabendo ao percipiente determinar a sucessão das
figuras, após o que será realizada a análise
estatística, verificando-se se os índices dos acertos
encontram-se ou não dentro da faixa de casualidade.
Diversas variantes deste processo podem ser utilizadas
com o intuito de tornar menos monótona a experiência,
bem como, para pormos em evidência características da
fenomenologia apresentada.***
(***CARUSO ver Bibliografia)
Em "Parapsicologia Experimental" o Eng. Hernani G.
Andrade relaciona os principais grupos de erros:
1) Erros Conscientes:
a) Fraude deliberada do percipiente ou do operador;
b) Falseamento na operação dos resultados, por parte do
analisador ou outro participante do ensaio.
2) Erros Inadvertidos:
São devidos a falhas do baralho, marcas identificadoras
nas cartas e outras ações de natureza hiperestésicas
percebidas pelo percipiente.
a) Erros devidos a hiperestesia;
b) Erros nos registros;
c) Erros de emparelhamento.
3) Erros técnicos de operação:
São erros devidos a falhas ocorridas no ato do
embaralhamento das cartas; escolha inadequada das
ocasiões das pausas ou interrupção do experimento; falha
dos controles de dados.
a) Aleatorização insuficiente do baralho;
b) Interrupção da experiência em ocasião inadequada
(quando, por exemplo, o percipiente está representando
altos índices de acertos);
c) Seleção defeituosa dos resultados obtidos;
d) Falta de controle adequado no registro das
informações e ocorrências.
Tomando por base a hipótese de que os fenômenos de
psigama ocorrem como homeomorfismo entre espaços
topológicos, conforme argumentado nas seções anteriores,
conclui-se de imediato que figuras topologicamente
idênticas poderiam de imediato ser percebidas como uma
mesma figura pelo percipiente, resultando em erro na
avaliação estatística.
Ao observarmos atentamente as figuras do baralho Zener,
baseando-se no que já foi analisado e fazendo-se uso das
noções de Topologia Geral, percebemos que, em realidade,
elas constituem apenas três e não cinco figuras, haja
vista a existência de figuras topologicamente idênticas.
O círculo e o quadrado nas conformações propostas por
Zener, são figuras conexas com apenas um furo, podendo
uma ser transformada na outra através de um
homeomorfismo adequado. O mesmo raciocínio se
aplica entre a cruz e a estrela, que são figuras
simplesmente conexas. A onda é uma figura
desconexa e, portanto, distinta, no sentido topológico,
das outras quatro figuras, bem como são distintos entre
si o círculo ou quadrado e a cruz ou estrela já que a
característica de ser simplesmente conexa é uma
invariante topológica.
Em síntese, se psigama ocorre conforme um homeomorfismo
entre espaços topológicos então o percipiente poderá
apreender o círculo quando na sequência se apresentar o
quadrado ou vice-versa, ou apreender a estrela quando na
sequência se apresentar a cruz, ou vice-versa.
Assim, possíveis experimentos que tenham sido tomados
com um baixo índice de acertos poderiam ter na realidade
um alto índice, se as figuras fossem topologicamente
distintas. Logo, indivíduos que apresentassem, em
menor grau, a paranormalidade, não poderiam ser
identificados.
Para evitar este erro, que pode ser acrescido à relação
dos erros inadvertidos e que, só com a Topologia, pode
vir à tona, faz-se necessária a utilização de figuras
topologicamente distintas.
4 - DIFERENTES GRAUS DE PARANORMALIDADE
O desvio da forma realizado pelo homeomorfismo durante o
processo psigâmico poderá alterar, em diferentes graus,
a figura a ser percebida. Podemos ter, assim, uma
menor ou maior deformação da imagem alvo. É
evidente que se deseja obter uma representação a mais
fiel possível da imagem a ser apreendida.
Portanto, na prática, o agente psi mais potente (agente
psi confiável) tem um mínimo de erro, ou mesmo nenhum,
quando da produção do fenômeno psigâmico.
Indivíduos que apresentam a paranormalidade com menor
intensidade produzem o fenômeno com um teor de erros
diretamente proporcional à potencialidade apresentada.
Assim, teoricamente, podemos classificar os indivíduos
em:
1) Agente psi nulo ou potencial: É qualquer pessoa
não envolvida na produção de um fenômeno paranormal.
Corresponderia a uma função, dita nula, que levaria
elementos de um dado conjunto no conjunto vazio, ou
seja, f: A→Ø, onde A seria a
imagem alvo.
2) Agente psi não nulo, não pontual ou linear:
Qualquer indivíduo envolvido na gênese de um fenômeno
paranormal, sendo uma agência durante a manifestação do
fenômeno paranormal.
Corresponde a uma função f: A
è
A* onde f é um homeomorfismo. Aqui temos várias
gradações, culminando com o agente psi ideal, em que o
percipiente captaria a imagem sem nenhuma alteração.
Teríamos, neste caso, que f: A
è
A (função identidade). Em termos práticos teríamos o
agente psi confiável f: A
è
A
-e,
onde
e
é bastante pequeno. f:
è
A -e, onde
e é bastante pequeno. O
parapsicólogo deverá atuar de maneira tal que busque a
todo instante encontrar e,
tal que, para todo
e, tão pequeno quanto se queira: |e| < |r| < 1.
5 - EFEITO TRANSFORMATIVO
É o termo utilizado para caracterizar
o desvio da forma e consiste no seguinte: as
imagens perceptuais da mente são transformadas do objeto
percebido. Para que este processo ocorra a mente
utiliza o efeituador transformativo que apresenta um
componente geral e um específico. Esse é comum a
todas as mentes, elaborando sintática (forma) e
semanticamente (conteúdo) o material percebido,
resultando respectivamente nos arquétipos e nas
transformações topológicas.
Como conciliar o aspecto sintático do
efeituador transformativo com a hipótese de que a mente
"capta" apenas informações de natureza semântica?
A questão em apreço poderá ser
respondida da seguinte maneira:
A informação apreendida é de natureza
semântica submetendo-se a alterações do efeituador
transformativo, recebendo posteriormente a roupagem
sintática do sistema de sinais da mente, situada na
extremidade induzida. Este sistema de sinais
corresponde mas não obrigatoriamente, equivale ao
existente na mente situada na extremidade indutora.
Propomos, assim, que a transformação topológica
percebida na forma não é direta mas consequência da
elaboração semântica da informação.
O componente específico do efeituador
transformativo é particular para cada mente,
consequência de suas experiências externas e internas.
Apresenta também um aspecto semântico (tendência para
apreender melhor determinados conteúdos, ressonante com
a memória do agente) e um aspecto sintático (preferência
por determinada forma ou imagem).
Além da estrutura arquetípica, o
espaço e o tempo são elementos do aspecto semântico do
componente geral do efeituador transformativo.
Em suma temos:

O desvio da forma no processo
psigâmico produzirá uma menor ou maior deformação da
imagem alvo. Pretendemos obter uma representação a
mais fiel possível da imagem a ser apreendida. Na
prática Agente Psi Confiável tem um mínimo de erro, ou
mesmo nenhum.
6 - PROPOSTA DE UM NOVO BARALHO PARA
A PESQUISA DE PSIGAMA
Tendo em vista que o homeomorfismo
que ocorre durante o processo psigâmico pode não ser a
identidade, necessitaremos, para uma maior segurança,
que as figuras do baralho sejam topologicamente
distintas. Indicamos, aqui, uma sugestão para
podermos contornar esta possível falha. Para
podermos conservar, ao máximo, a tradição, procuramos
elaborar o novo baralho tomando como base o próprio
baralho Zener. Neste há três figuras topologicamente
distintas que poderão permanecer; dentre estas optamos
pela onda, cruz e a coroa circular (que é impropriamente
denominada de círculo) e acrescentamos a ela o sinal de
interrogação e a lemniscata (símbolo do infinito), que
são topologicamente distintas entre si.
Assim, as figuras seriam:

Se desejarmos utilizar letras,
poderemos tomar:

As figuras também são topologicamente
distintas.
Entre estes dois grupos de figura
preferimos o primeiro por apresentar um maior conteúdo
afetivo.
7 - CONCLUSÃO
Tudo se passa como se a mente humana,
e especificamente no processo psigâmico, apreendesse os
objetos alvo de sua ação, para a tomada de conhecimento,
transformando-os conforme os princípios de homeomorfismo
entre espaços topológicos, conservando determinadas
propriedades, ditas invariantes topológicas.
Esta transformação implicaria em que
imagens topologicamente idênticas fossem tomadas como
sendo única. A existência de figuras
topologicamente idênticas no baralho Zener leva-nos a
propor novas figuras, topologicamente distintas, para
realizar-se o saneamento deste possível desvio.
Ademais, as distorções observadas na representação do
objeto alvo, servem-nos para aquilatar o grau de
paranormalidade do percipiente.
Assim, embora a Topologia seja o
campo mais abstrato da Matemática, encontra ela, aqui,
como em outros temas, aplicação que nos revela facetas
desconhecidas do fenômeno estudado. Esperamos que
esta nossa apreciação possa servir como ponto de partida
para outras elucubrações que venham, cada vez mais,
esclarecer-nos sobre os princípios reguladores e
geradores da fenomenologia parapsicológica.
APÊNDICE
1 - ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Seja X um conjunto não-vazio.
Uma classe T de subconjuntos de X é uma topologia em X
se, e somente se, T satisfaz os seguintes axiomas:
a) X e Ø pertencem a T.
b) A união de um número qualquer de
conjuntos de T pertence a T.
c) A interseção de dois conjuntos
quaisquer de T pertence a T.
Os elementos de T chamam-se abertos.
O par (X, T) é chamado espaço topológico. Ex.: A
classe de todos os conjuntos abertos de números reais é
uma topologia em R (é a topologia usual de R).
Ex.2: Se X = {a, b, c, d},
T = {X, Ø, {a}, {b}, {a, b}, então (X, T) é um espaço
topológico.
Ex.3: A classe de todos os
subconjuntos de um conjunto X é uma topologia em X (é a
topologia discreta D).
Ex.4: A classe T¨= {X, Ø,} é sempre
uma topologia, para todo conjunto X diferente do vazio
(é a topologia não discreta).
2 - FUNÇÕES CONTÍNUAS
Sejam (X, T) e (Y, T*) espaços
topológicos. Uma função f de X em Y é contínua em
relação a T e T*, ou simplesmente contínua, se e somente
se a imagem inversa f-1 (H) de todo
subconjunto T* - aberto H de Y é um subconjunto T -
aberto de X, i, e., se e somente se
.
3 - ESPAÇOS HOMEOMORFOS
Dois espaços topológicos X e Y
dizem-se homeomorfos ou topologicamente equivalentes se
existe um função bijetiva f: X
è Y tal
que f e f-1 sejam continuas. A função f
chama-se um homeomorfismo.
4 - PROPRIEDADES TOPOLÓGICAS
Uma propriedade P, de conjuntos é
denominada topológica ou invariante topológica se,
sempre que um espaço topológico (X, T) goza de P, então
todo homeomorfo a (X, T) também goza de P.
Ex.1: A reta real R é homeomorfa ao
intervalo aberto X = (0,1).
Então, comprimento não é uma
propriedade topológica, pois X e R têm comprimentos
diferentes. Também a propriedade de ser limitada
não é topológica, pois X é limitado e R não.
Ex.2: Um espaço topológico (X,
T) é desconexo se, e somente se, X é a união de dois
subconjuntos abertos, disjuntos, não vazios,

Se f: X
èY é um
homeomorfismo,

portanto, Y é desconexo se, e somente
se, X o é. O espaço (X, T) é conexo se, e somente
se, não é desconexo. A conexão é uma invariante
topológica.
Ex.3: sejam f: I
è X e
g: I è
X duas trajetórias com o mesmo ponto inicial


H(s, O) = f(s) H (O, t) = p e
H(s, 1) = g(s) H (1, t) = q.
Uma trajetória f: Iè
X com o ponto terminal coincidindo com o inicial, é
chamada uma trajetória fechada em

Em particular, a trajetória constante
ep: I èX
definida por ep(s) = p é uma
trajetória fechada em p. Diz-se que uma trajetória f: I èX
é redutível a um ponto se ela é homotópica à trajetória
constante.
Um espaço topológico é simplesmente
conexo se, e somente se, toda trajetória fechada em X é
contratível a um ponto. A propriedade de ser
simplesmente conexa é uma invariante topológica.
Um disco aberto no plano R2 é
simplesmente conexo, enquanto que a coroa circular não é
pois existem nela curvas fechadas que não se reduzem a
um ponto.
BIBLIOGRAFIA
LIPSCHUTZ, SEYMOUR - TOPOLOGIA GERAL
- Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda. Rio de Janeiro,
1971
BORGES, WALTER ROSA E CARUSO, IVO
CYRO. - PARAPSICOLOGIA: UM NOVO MODELO (e outras teses).
FASA. Recife, 1986.
CARUSO, IVO CYRO. - PARAPSICOLOGIA
EXPERIMENTAL (apostila) IPPP Recife, 1983
INEXPLICADO Rio Gráfica Editora, 1984
ANDRADE, HERNANI GUIMARÃES. -
PARAPSICOLOGIA EXPERIMENTAL - Editora Pensamento. São
Paulo, 1966