Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

ARTE, PARAPSICOLOGIA E SIGNIFICAÇÃO 

Geraldo Sarti

(IPPP - ABRAP) - Julho/2009

  

O leitor deve desculpar a dificuldade científica

de exposição do pensamento, através da palavra.

Não deverá, portanto, nem julgar nem

admitir tacitamente esta digressão como

verdadeira e inquestionável.  Ela é apenas

a colocação do assunto em título para

reflexão e para debate.

 

 

 

A 1a Lei (SARTI) da Parapsicologia diz que o pensamento não se limita ao Sistema Nervoso.

Já a 2a Lei (SARTI) da Parapsicologia, uma generalização da 1a, expande o pensamento além das restrições físicas da matéria: a mente está além da matéria.

(Estas leis podem ser substituídas pela Teoria Quântica da Realidade Dobrada de Bohm.  Sua vantagem todavia, é que integra a Relatividade da Mecânica Quântica.)

Aplicadas em geral, tanto a 1a como a 2a leis estendem-se ao mundo material como um todo incluindo os meios de comunicação e de percepção: objetos, vegetais, animais, TV, computador e o ser humano, também considerado "animal com razão".

Mas, do meu ponto de vista, o Homem o vegetal e um objeto qualquer são idênticos originalmente, assumindo, no tempo da evolução, características físicas diferentes como, por exemplo, o sistema nervoso.

Estando além dos limites físicos, a "mente universal" acopla-se ao sistema material conforme este o permita.  É claro que o Sistema Nervoso, ápice da evolução genética, diferencia-se, por exemplo, dos mecanismos vegetais internos, responsáveis pela fotossíntese e pela diminuição de carbono, muito mais simples.

Também é óbvio que o Sistema Nervoso Humano é diferente da partícula que o compõe.  Trata-se de uma questão de complexidade.  Mas, assim como a mente participa da decisão humana, participa também das decisões inter-partículas (pensa-se que não as há intra-partículas Princípio de Exclusão de Pauli).

Esta "participação ou vínculo mente → matéria", imaterial, eu chamei de link e os componentes mentais de PSICONS.

Operações efetuadas ao nível do pensamento podem tanto agir ao nível da matéria propriamente dita como sobre a complexidade informacional que assegura a existência da matéria.

Uma consequência imediata da 2a Lei da Parapsicologia é a exigência de que a mente seja diferente da matéria em sua composição.

Pode-se chamar isto de "Princípio transformativo da Mente".

Em função desta diferença, a mente por conseguinte, pode ser analisada como um "transformador da matéria".  De uma maneira geral, é necessário o "Princípio Transformativo da Mente", caso contrário, mente e matéria seriam a mesma coisa, teriam a mesma constituição.  Estariam "chapadas" e não meramente "linkadas" uma à outra.  Seria a Unidade de Jung ou a ordem implícita de Bohm.  Assim como o Sistema Nervoso é mais complexo ou informado que a partícula, também os Sistemas Nervosos entre si são diferentes, mais ou menos, talvez pela genética individual de cada ser deles possuidor.  Deve-se considerar, em última análise, que o próprio gen já é uma partícula mais informada que uma simples partícula.  Sempre que passamos do micro para o macro cosmos, expresso em unidades de tempo evolutivo e de drifts e mutações genética e mudanças, probabilísticos ou não, do ambiente, a tendência é em ganhar-se crescente complexidade informacional acompanhando a entropia também crescente.  Nessa "disputa" agônica equilibrada, em termos globais, pequenas e múltiplas variações poderiam ocorrer no tempo evolutivo e surgirem os drifts e demais variações.  Qualquer diagrama tempo-entropia revela desvios em ralação à média assim como qualquer diagrama tempo-informação significante irá igualmente apresentá-los.

Como resultante da evolução e dos desvios, os Seres Humanos diferenciam-se.

Admite-se naturalmente que por ser o Sistema Nervoso, até agora, o cume na teoria evolutiva, através dele o LINK deverá expressar-se diferentemente do link com o fígado isolado, por exemplo.  A "mente universal", que pode ser chamada de "Vácuo Contínuo Psicônico" ou do "Emaranhamento da Consciência Quântica" ou de "Variável Oculta", ou "Campo bio - plasmático" ou simplesmente, "Espírito", manifestar-se-á materialmente de formas distintas como função do grau de complexidade neuronal ou meramente por diferenças originadas das variações evolutivas, ou ambas.  Este fenômeno físico gera altíssima diversidade de potenciais expressivos do Princípio Transformativo da Mente em relação à matéria.

Uma destas expressões é a Arte.  Nesse caso, e conforme a 2a Lei a Arte torna-se uma forma de cristalizar o necessário "Poder" de Transformação da Mente.  Mas veja-se que a palavra "poder" está entre aspas.  A atividade neural tanto fará com que o ser seja artista, cientista, esquizofrênico, imbecil, superdotado ou  paranormal.

O LINK como rotação retangular inversa com a hiperdimensão do pensamento, sempre estará junto ao "Princípio Transformativo da Mente".  E a Arte é a mais pura expressão deste princípio.  Assim, o aparato nervoso do artista "reproduz" a sua dificuldade em representar a matéria.

Não é a mente do artista que difere da mente do cientista.  Fayga Ostrower chamou muito a atenção dos leitores para este fato, e colocou o artista, o macaco (e seus insights) e o cientista sob o mesmo prisma; em "Criatividade e Processos de Criação", 1977 IMAGO Editora.

A atividade artística, como aceitação da impossibilidade de descrição do real exagera, mais ou menos, esta distorção.  Artistas rupestres do neolítico, na pré-história da Arte, defrontaram-se com o mesmo problema porém, ao invés de divergirem do real, procuraram representá-lo como fazem os cientistas de hoje. 

Há mesmo uma classificação psicológica dual de tipos de pensamento como "Pensamento" Divergente (Arte) e "Pensamento" Convergente (Ciência).

No primeiro, a imaginação preponderaria sobre a inteligência.  No segundo, o contrário.  Definindo-se significação, ou expressão do signo como o elemento informacional complexo do LINK, tradução do LINK, para diferenciá-lo da PSICOCINESE, abra-se um leque que nos permite animar a pura e simples sintaxe matriz receptiva da semântica mental com a riquíssima variedade expressional da realidade.

Matematicamente a significação será uma estrutura, ou signo complexo e inerente ao PSICON.

Enquanto a significação tem o movimento do LINK, que encerra todas as constelações e formações arquetípicos incluindo Édipo, a barreira ao LINK é o impecilho parcial à significação.  Entretanto a desinibição neural da barreira ao LINK no artista pode ser feita explícita e paranormalmente controlada por alguns deles, os suprarrealistas, dos quais Dali, na pintura, parece ser o paradigma, sucedendo aos fantásticos precursores Bosch e Goya, na fase negra.  Veja-se, por exemplo, "As tentações de Santo Antônio".  Mas, todo o surrealismo desenvolve-se exatamente da maneira que estamos descrevendo a Arte à exceção da voluntariedade, da seguinte maneira:

1o com reconhecimento implícito ou explícito (surrealismo) da dificuldade expressional;

2o com suspensão voluntária e parcial (surrealismo) ou não das barreiras ao LINK;

3o com utilização ampla das significações.

A divergência no surreal é controlada e voluntária e com isto o artista pode mergulhar no seu próprio LINK e exibir muitas conjunções de formas e de minitemas significadores, com conhecimento do que está fazendo.

Por questões referentes apenas à atividades neuronal, sensorial, o paranormal também pode suspender as filtragens e seleções ao link e, por um mecanismo de defesa também nervoso (externalização - Dra. Isa Wanessa Rocha Lima), significar a realidade como ela é sem perder a consciência.

O termo consciência aqui utilizado não é o freudiano, que admite em contrapartida o inconsciente como substantivo.  Sempre que me refiro a consciência ou inconsciência quero expressar somente a manutenção ou não da lucidez e da orientação nervosas.  O que Freud chama de mecanismos de proteção, fonte de sintomas neuróticos, eu chamo de Resistência ao LINK e consequente seleção ou colapso parcial ou total, (na morte) da informação exterior das significações.  A simples suspensão destas barreiras origina arte automática ao invés de arte surreal, esta exercida pela vontade.

O leitor deverá aceitar que ambas as produções artísticas, "a científica" e a divergente, podem interpenetrar-se em um mesmo contexto artístico.

Ficaria em aberto: como surge a vontade?  Será a vontade um derivado do EGO ou uma necessidade orgânica?  Porém com "vontade" de representar e de significar a realidade objetal, isto é, LINK ou mente → matéria, através das funções entre as informações sintáticas e semânticas, a vontade poderia ser "equiparada" ao próprio link.

Neste aspecto, as barreiras à significação total seriam igualmente barreiras à vontade ou necessidade de significar.

Psicologicamente, poderíamos então definir Arte como função ou forma pela qual a vontade da significação pode ser controlada; por surrealismo ou não (arte em geral).  O reconhecimento da dificuldade de expressional ou da vontade em manifestar-se livremente pode ser perfeitamente confundida com a origem do Princípio Transformativo da Mente, a "enganar" a realidade encontrando alguma forma alternativa, a princípio difusa, de representá-la ou buscá-la de maneira sempre parcial.  A arte surreal assume como verdadeiro este Princípio, e levanta os mecanismos de supressão da informação semântica constelizada, através de ações que demonstram o conhecimento desta necessidade intrínseca à natureza.  Veja-se, ao contrário que o nível de significação em que agem os objetos é baixa ou praticamente estereotipada haja vista, nesse caso, a quase ausência de restrições ao LINK com os objetos e a quase total ausência de necessidade do Princípio Transformativo da Mente.