O leitor deve desculpar a dificuldade
científica
de exposição do pensamento, através da
palavra.
Não deverá, portanto, nem julgar nem
admitir tacitamente esta digressão como
verdadeira e inquestionável. Ela é
apenas
a colocação do assunto em título para
reflexão e para debate.
A 1a Lei (SARTI) da Parapsicologia diz
que o pensamento não se limita ao Sistema Nervoso.
Já a 2a Lei (SARTI) da Parapsicologia, uma generalização da 1a,
expande o pensamento além das restrições físicas da matéria: a mente está além
da matéria.
(Estas leis podem ser substituídas pela Teoria Quântica da Realidade Dobrada de
Bohm. Sua vantagem todavia, é que integra a Relatividade da Mecânica
Quântica.)
Aplicadas em geral, tanto a 1a como a 2a
leis estendem-se ao mundo material como um todo incluindo os meios de
comunicação e de percepção: objetos, vegetais, animais, TV, computador e o ser
humano, também considerado "animal com razão".
Mas, do meu ponto de vista, o Homem o vegetal e um
objeto qualquer são idênticos originalmente, assumindo,
no tempo da evolução, características físicas diferentes
como, por exemplo, o sistema nervoso.
Estando além dos limites físicos, a "mente universal"
acopla-se ao sistema material conforme este o permita.
É claro que o Sistema Nervoso, ápice da evolução
genética, diferencia-se, por exemplo, dos mecanismos
vegetais internos, responsáveis pela fotossíntese e pela
diminuição de carbono, muito mais simples.
Também é óbvio que o Sistema Nervoso Humano é diferente
da partícula que o compõe. Trata-se de uma questão
de complexidade. Mas, assim como a mente participa
da decisão humana, participa também das decisões
inter-partículas (pensa-se que não as há
intra-partículas Princípio de Exclusão de Pauli).
Esta "participação ou vínculo mente → matéria",
imaterial, eu chamei de link e os componentes mentais de
PSICONS.
Operações efetuadas ao nível do pensamento podem tanto
agir ao nível da matéria propriamente dita como sobre a
complexidade informacional que assegura a existência da
matéria.
Uma consequência imediata da 2a Lei da
Parapsicologia é a exigência de que a mente seja
diferente da matéria em sua composição.
Pode-se chamar isto de "Princípio transformativo da
Mente".
Em função desta diferença, a mente por conseguinte, pode
ser analisada como um "transformador da matéria".
De uma maneira geral, é necessário o "Princípio
Transformativo da Mente", caso contrário, mente e
matéria seriam a mesma coisa, teriam a mesma
constituição. Estariam "chapadas" e não meramente
"linkadas" uma à outra. Seria a Unidade de Jung ou
a ordem implícita de Bohm. Assim como o Sistema
Nervoso é mais complexo ou informado que a partícula,
também os Sistemas Nervosos entre si são diferentes,
mais ou menos, talvez pela genética individual de cada
ser deles possuidor. Deve-se considerar, em última
análise, que o próprio gen já é uma partícula mais
informada que uma simples partícula. Sempre que
passamos do micro para o macro cosmos, expresso em
unidades de tempo evolutivo e de drifts e mutações
genética e mudanças, probabilísticos ou não, do
ambiente, a tendência é em ganhar-se crescente
complexidade informacional acompanhando a entropia
também crescente. Nessa "disputa" agônica
equilibrada, em termos globais, pequenas e múltiplas
variações poderiam ocorrer no tempo evolutivo e surgirem
os drifts e demais variações. Qualquer diagrama
tempo-entropia revela desvios em ralação à média assim
como qualquer diagrama tempo-informação significante irá
igualmente apresentá-los.
Como resultante da evolução e dos desvios, os Seres
Humanos diferenciam-se.
Admite-se naturalmente que por ser o Sistema Nervoso,
até agora, o cume na teoria evolutiva, através dele o
LINK deverá expressar-se diferentemente do link com o
fígado isolado, por exemplo. A "mente universal",
que pode ser chamada de "Vácuo Contínuo Psicônico" ou do
"Emaranhamento da Consciência Quântica" ou de "Variável
Oculta", ou "Campo bio - plasmático" ou simplesmente,
"Espírito", manifestar-se-á materialmente de formas
distintas como função do grau de complexidade neuronal
ou meramente por diferenças originadas das variações
evolutivas, ou ambas. Este fenômeno físico gera
altíssima diversidade de potenciais expressivos do
Princípio Transformativo da Mente em relação à matéria.
Uma destas expressões é a Arte. Nesse caso, e
conforme a 2a Lei a Arte torna-se uma forma de
cristalizar o necessário "Poder" de Transformação da
Mente. Mas veja-se que a palavra "poder" está
entre aspas. A atividade neural tanto fará com que
o ser seja artista, cientista, esquizofrênico, imbecil,
superdotado ou paranormal.
O LINK como rotação retangular inversa com a
hiperdimensão do pensamento, sempre estará junto ao
"Princípio Transformativo da Mente". E a Arte é a
mais pura expressão deste princípio. Assim, o
aparato nervoso do artista "reproduz" a sua dificuldade
em representar a matéria.
Não é a mente do artista que difere da mente do
cientista. Fayga Ostrower chamou muito a atenção
dos leitores para este fato, e colocou o artista, o
macaco (e seus insights) e o cientista sob o mesmo
prisma; em "Criatividade e Processos de Criação", 1977
IMAGO Editora.
A atividade artística, como aceitação da impossibilidade
de descrição do real exagera, mais ou menos, esta
distorção. Artistas rupestres do neolítico, na
pré-história da Arte, defrontaram-se com o mesmo
problema porém, ao invés de divergirem do real,
procuraram representá-lo como fazem os cientistas de
hoje.
Há mesmo uma classificação psicológica dual de tipos de
pensamento como "Pensamento" Divergente (Arte) e
"Pensamento" Convergente (Ciência).
No primeiro, a imaginação preponderaria sobre a
inteligência. No segundo, o contrário.
Definindo-se significação, ou expressão do signo como o
elemento informacional complexo do LINK, tradução do
LINK, para diferenciá-lo da PSICOCINESE, abra-se um
leque que nos permite animar a pura e simples sintaxe
matriz receptiva da semântica mental com a riquíssima
variedade expressional da realidade.
Matematicamente a significação será uma estrutura, ou
signo complexo e inerente ao PSICON.
Enquanto a significação tem o movimento do LINK, que
encerra todas as constelações e formações arquetípicos
incluindo Édipo, a barreira ao LINK é o impecilho
parcial à significação. Entretanto a desinibição
neural da barreira ao LINK no artista pode ser feita
explícita e paranormalmente controlada por alguns deles,
os suprarrealistas, dos quais Dali, na pintura, parece
ser o paradigma, sucedendo aos fantásticos precursores
Bosch e Goya, na fase negra. Veja-se, por exemplo,
"As tentações de Santo Antônio". Mas, todo o
surrealismo desenvolve-se exatamente da maneira que
estamos descrevendo a Arte à exceção da voluntariedade,
da seguinte maneira:
1o com reconhecimento implícito ou explícito
(surrealismo) da dificuldade expressional;
2o com suspensão voluntária e parcial
(surrealismo) ou não das barreiras ao LINK;
3o com utilização ampla das
significações.
A divergência no surreal é controlada e voluntária e com
isto o artista pode mergulhar no seu próprio LINK e
exibir muitas conjunções de formas e de minitemas
significadores, com conhecimento do que está fazendo.
Por questões referentes apenas à atividades neuronal,
sensorial, o paranormal também pode suspender as
filtragens e seleções ao link e, por um mecanismo de
defesa também nervoso (externalização - Dra. Isa Wanessa
Rocha Lima), significar a realidade como ela é sem
perder a consciência.
O termo consciência aqui utilizado não é o freudiano,
que admite em contrapartida o inconsciente como
substantivo. Sempre que me refiro a consciência ou
inconsciência quero expressar somente a manutenção ou
não da lucidez e da orientação nervosas. O que
Freud chama de mecanismos de proteção, fonte de sintomas
neuróticos, eu chamo de Resistência ao LINK e
consequente seleção ou colapso parcial ou total, (na
morte) da informação exterior das significações. A
simples suspensão destas barreiras origina arte
automática ao invés de arte surreal, esta exercida pela
vontade.
O leitor deverá aceitar que ambas as produções
artísticas, "a científica" e a divergente, podem
interpenetrar-se em um mesmo contexto artístico.
Ficaria em aberto: como surge a vontade? Será a
vontade um derivado do EGO ou uma necessidade orgânica?
Porém com "vontade" de representar e de significar a
realidade objetal, isto é, LINK ou mente → matéria,
através das funções entre as informações sintáticas e
semânticas, a vontade poderia ser "equiparada" ao
próprio link.
Neste aspecto, as barreiras à significação total seriam
igualmente barreiras à vontade ou necessidade de
significar.
Psicologicamente, poderíamos então definir Arte como
função ou forma pela qual a vontade da significação pode
ser controlada; por surrealismo ou não (arte em geral).
O reconhecimento da dificuldade de expressional ou da
vontade em manifestar-se livremente pode ser
perfeitamente confundida com a origem do Princípio
Transformativo da Mente, a "enganar" a realidade
encontrando alguma forma alternativa, a princípio
difusa, de representá-la ou buscá-la de maneira sempre
parcial. A arte surreal assume como verdadeiro
este Princípio, e levanta os mecanismos de supressão da
informação semântica constelizada, através de ações que
demonstram o conhecimento desta necessidade intrínseca à
natureza. Veja-se, ao contrário que o nível de
significação em que agem os objetos é baixa ou
praticamente estereotipada haja vista, nesse caso, a
quase ausência de restrições ao LINK com os objetos e a
quase total ausência de necessidade do Princípio
Transformativo da Mente.