Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

ENERGIA VIRTUAL

 

Geraldo Sarti

(IPPP - ABRAP) - março de 2010

 

1ª PARTE

 

Nossas investigações PSI, parapsicológicas, teóricas e práticas, por mais de 60 anos, indicam, com ênfase, que a ENERGIA VIRTUAL, que chamei de PSIERGIA é, convencionalmente, a expressão energética da Informação Semântica, em termos de que leva em consideração a massa mental que é imaginário-matemática.  A Informação Semântica, conteúdo do pensamento significador, deverá ser representada por PSICONS, ondas planas hiperdimensionais e mais velozes que a luz e que formam as ondas quânticas reais.

Alguns aspectos, dentre outros, poderão ser considerados:

1º) Temperatura dos Objetos:

A temperatura de qualquer objeto, sendo diferente do zero absoluto na escala Kelvin, significa que massas interiores a ele, e suas formadoras, estão em movimento permanente, chocando-se entre si e vibrando.  A temperatura é, pois, resultado da agitação térmica interior aos objetos que a apresentam em nossos termômetros de medida.  Porém, neste modelo material de movimento constante, os objetos nunca seriam os mesmos, quaisquer que fossem eles, inclusive nós.  O que dá consistência aos objetos é a identificação significadora que lhes damos ou o conceito ou Informação Semântica, mental, que fazemos “antes” de observá-los como parados quando, de acordo com o modelo de massas reais, eles não estariam na verdade.  Então, quando observamos os objetos, literalmente projetamos nosso conceito, como se os intencionássemos.  Nesse caso, os objetos são, então, projeções mentais.  Estamos conceituando formas sem nenhum conteúdo palpável ou perceptível.  Lembrem-se que o cérebro também é um objeto.  E que, também, se dividirmos os corpos para descobrir suas estruturas, encontraremos novos corpos em mutação permanente.  A Física insiste na pesquisa de sub-partículas, componentes das partículas fundamentais que comporiam os átomos fundamentais etc... e vários físicos que as foram identificando foram agraciados com o prêmio Nobel.  As últimas foram os quarks e glúons.  Partem agora para encontrar partículas de Higgs, que poderiam transferir massa aos quarks.  Para tal utilizarão um super acelerador de partículas, o LHC, com dezenas de quilômetros subterrâneos entre Paris e Bruxelas.  Acabarão, entretanto, mais cedo ou mais tarde, concluindo, mesmo indiretamente, uma forma pura, uma onda capaz de produzir massa e anti-massa: PSICONS hiperdimensionais, ou seja, seus próprios conceitos, imateriais, por mais complexos que forem e que são as suas teorias formuladas fora dos experimentos materiais e produzidas por suas consciências!  Heráclito de Éfeso, filósofo considerado o Pai da Dialética, nos anos 500 a.C. escreveu: ”Nós nunca podemos entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros. ”Entretanto, o que permaneceu inalterado mesmo foram os conceitos que ele fez de “rio” e de “nós” e, também, de “outros” (referindo-se a “nós”) e vice-versa.”  Sua mente o traiu.

Retornando à temperatura e falando fisicamente, toda referência à realidade será mais ou menos passageira, dependendo da agitação térmica.  Entretanto, será sempre passageira.

2º) Observação dos Objetos:

A simples observação dos objetos como fontes de radiação eletromagnética, ondas sonoras e estímulos mecânicos, todos concretos e tridimensionais, não poderia transformá-los em pensamento, imaterial e abstrato, a não ser que houvesse uma glândula no Sistema Nervoso, ou o próprio SN, que pudesse  fazer  tal  transformação. Porém, física e matematicamente, tal  “aparelho” não pode existir.

Eliminando-se a coincidência entre mente e cérebro, chamada por Freud de Paralelismo Psicofísico e por Jung de Sincronicidade e Unus Mundus, só nos resta confirmar a exposição do item 1º em que concluímos que é a mente, com  todos os seus conceitos subjacentes, o determinante da realidade tridimensional concreta do objeto.  Em outros termos, é a Informação Semântica, expressa com os PSICONS, o elemento criador e modificador da realidade, incluindo estas linhas escritas.

Alguns físicos aceitam que mente e cérebro sejam um todo, como veremos, mas apelam inevitavelmente para uma terceira entidade desconhecida como, por exemplo, a variável oculta não-local de David Bohm.  Tal variável, entretanto, estaria tão fora do espaço-tempo como os PSICONS, sendo muito mais complicada e afeta, exclusivamente, à Física Quântica, não considerando a Relatividade.

3º) Observação dos Objetos Quânticos:

Em Física Quântica todo objeto é descrito ondulatoriamente.  Assim, neste caso, todo objeto da realidade é quântico.  Os objetos macroscópicos e maciços são apenas mais difíceis de serem observados como ondas do que as partículas.  Mas todos são quânticos, em essência.

Deixando aos interessados pesquisar detalhes mais ou menos técnicos da Física Quântica, passo a expor, brevemente, algumas conclusões importantes a que chegou o físico Amit Goswami, descritas em seu livro recente:

“A Física Quântica oferece uma nova e emocionante visão do mundo e contesta velhos conceitos tais como trajetórias determinísticas do movimento e continuidade causal.  Se as condições iniciais não determinam para sempre o movimento de um objeto, se, em vez disso, em cada ocasião em que o observamos, há um novo começo, então o mundo é criativo no nível básico.”

Ainda o físico, PhD em Física Quântica e professor emérito da Universidade do Oregon, EUA:

“Sugiro que o universo existe como potentia informe em uma miríade de ramos possíveis, no domínio transcendente, e que se torna manifesto apenas quando observado por seres conscientes”

Mas, acrescenta Goswami:  “Para sermos exatos, há aqui o mesmo círculo vicioso que dá origem à auto-referência....”

Este círculo vicioso só poderá ser eliminado se considerarmos que é a mente, a consciência ela mesma, que cria o objeto.  Isto só é possível com os PSICONS.

 

2ª PARTE

 

Nossa pesquisa pelos meandros das relações mente-matéria nos revelaram que mentes individuais, se as podemos qualificar como tais, compõem um espectro contínuo que se espalha, como um vácuo, por todo nosso espaço-tempo de referência.  Com isto, qualquer alteração em uma mente só poderá ser exercida por outra.  Mas isto não prejudica a totalidade do contínuo mental.  Assim, tal contínuo psíquico deve ser considerado como uma unidade básica que contém o infinito mental.

Neste sentido, pode-se dizer que há um permanente Link mente-mente telepático. Todavia, o afastamento cada vez maior da “realidade” faz com que as mentes aproximem-se da perfeita sublimação freudiana ou da penetração em estados de maior PSIERGIA e conseqüente perda da identidade em detrimento de “sua” participação no todo vacuolar.

Outro aspecto importante a considerar-se é que estas transformações e mudanças para estados ampliados de consciência, conhecidos como Ganzfeld ou campo total, são capazes de promover alterações substanciais cinéticas nos objetos que foram por ela, a consciência, criados.  Estas alterações cinéticas, conhecidas como Psicocinese, são transformações “materiais” que podem alterar toda a perspectiva evolutiva biológica, por exemplo, como a vida, a doença, a cura e a morte, que, como visto, são conceitos, são psicológicos.  Estados mentais modulantes vão criar matéria nova, também, promovendo regenerações tissulares, e alterar o ritmo entrópico dos sistemas biológicos, isto é, tendência progressiva ao desgaste e à hipofuncionalidade.  Pode-se mesmo afirmar que a morte não existe pois a mente não morre.  Tanto a vida quanto a morte são significações mentais materializadas em corpos fenecíveis.  Qualquer discussão sobre a finalidade teleológica destes processos mentais eu deixo a cargo de Aristóteles, de Wiener e sua teleologia cibernética ou de Monod e a teleonomia dos sistemas biológicos.

Com a radical mudança que acontecerá, toda a sociedade e seus sistemas políticos e sua organização talvez aproximem-se mais de um grupo familiar de formigas, com sua inextrincável  comunicação “química”, do que de um formigueiro social que caminha para a auto-destruição, como conceituamos nossa existência neste universo.

Tomando a formiga como exemplo, e levando o ”fim” à categoria de arquétipo junguiano, a formiga não se extinguirá, ela continuará sempre.  Como conceito mais fixo e mais próximo do Real, ela é considerada apenas um inseto e, por isso, desprezível.  Mas, aproximando-se mais do conceito de partícula, sem nenhuma ou quase nenhuma resistência da mente, seu fim é quase o mesmo do de uma partícula.  Quanto mais a desconhecermos mais ela existirá, embora pensemos que ela finde tal e qual pensamos de nós.

Esta é minha perspectiva de ENERGIA VITAL, uma derivação lógica da ENERGIA VIRTUAL ou PSIERGIA.  Falando praticamente, o exemplo mais comprobatório e mais impressionante que vislumbro desta energia é o terapeuta psíquico brasileiro Ronaldo Ayres.  Sua escolha consciente de vida altruísta e sua atuação efetiva de cura à distância, até mesmo em ambientes difíceis, de alto risco e de intensa afetividade depressiva, são extremamente dignas de consideração por todos nós, incluindo  autoridades, seja no campo da ciência, seja em outro segmento da atividade humana.

Outrossim, o norte-americano Dean Radin, engenheiro e PhD em Psicologia, atual  pesquisador do Instituto de Ciências Noéticas-IONS, fundado pelo astronauta Edgar Mitchell, sugere em seu livro “Mentes Interligadas”:

“Devido à circunjacência desta ‘gelatina não localizada’ dentro da qual nos achamos guardados podemos obter lampejos de informações sobre as mentes de outras pessoas, objetos distantes, o futuro ou o passado.  Não os captamos por meio dos sentidos nem tampouco porque sinais dessas outras mentes ou objetos viajem até chegar a nossos cérebros.  Nós os registramos porque algum nível do nosso contínuo mente/cérebro  já  é coexistente com as mentes de outras pessoas, objetos distantes e tudo o mais”.

Esta “gelatina holística não-localizada” sugerida por Dean Radin, parece-se bastante com os PSICONS.  Mas a indefinição do pesquisador é clara, embora sua sugestão seja muito interessante.  Em nossa linguagem, eu diria que, para ele, a mente cria a realidade e coexiste com o produto de sua criação.  Nesse caso, entretanto, não precisaremos de uma “gelatina”.  A mente  já seria  tal gelatina.  Além disso, nesta possível convivência mente-cérebro, por uma questão dimensional, estando a mente em hiperdimensões com referência à matéria tridimensional, é ela que hierarquicamente pode significar e criar o objeto, no caso, o cérebro.  Não haveria portanto o Unus Mundus do Jung, já citado.  Estando separada da matéria, a coexistência em um só contínuo mente/corpo parece ser uma tentativa inconsciente do Dean Radin, conservadora também, de não aceitar decisões (baixa resistência do EU) vindas de sua própria mente.  Devo dizer que esta separação hierárquica entre mente e corpo é o que Freud chamou de Inconsciente.  Lembro que conteúdos pré-conscientes são uma parte da consciência prontos para assumir o controle das atitudes de cada ser.  Trata-se de uma psicodinâmica.  Como diz o notável parapsicólogo luso-brasileiro Horta Santos, ”O PROGRAMA ESTÀ FORA DO DISPLAY”.

Encerro este item dizendo que qualquer pesquisa que use só aspectos materiais e não envolva os elementos psicológicos necessariamente presentes estará fadada a injustificável incompletude.  Isto é realmente o que deveria expressar Einstein e seu “Princípio da Completude”.  E, como diz Willis Harman, presidente do IONS no vintênio 77-97:

“Talvez os únicos limites da mente humana sejam aqueles em que acreditamos”.

E, posso concluir, por ora, com a paráfrase:

“Talvez os únicos limites da realidade sejam aqueles em que acreditamos”.

 

3ª PARTE

 

Em 1957, em sua tese de doutorado em Princeton, EUA, Hugh Everett III, com base em desenvolvimentos exclusivamente quânticos, apresenta a interessante conclusão matemática da existência de Múltiplos Universos.  Esta tese, diante do estranho resultado encontrado por seu autor, em que considerava a memória e a capacidade de escolha da máquina observadora, tal como se fosse uma consciência, fazendo parte de um sistema composto por ela e o objeto, apesar de muito conhecida e estudada atualmente como a “interpretação de muitos mundos”, conduziu-o ao descrédito da ciência oficial da época.

Caminhando por rumos totalmente diferentes e usando princípios básicos da Física Quântica e da Relatividade, chego a conclusão quase idêntica à de Everett.  Para tanto, generalizei o postulado de Born ( Inglaterra-1924 ) e o estendi ao tempo, chamando-o de ”Princípio Cosmológico Geral”.  Com isso, surgem infinitos universos, não paralelos mas perpendiculares entre si, sem que a consciência criadora deles seja afetada (ela é toda re-arrumada como um “efeito borboleta mental “).  Estes universos possuem massa e anti-massa crescentes, ou simplesmente novos conceitos que se reprocessam, além de espaço e de tempo necessários.

A conclusão mais clara, seja por Everett, seja por mim, é que a mente é capaz de determinar instantaneamente quais universos terão matéria.  Reside aí a igualdade da teoria dos PSICONS e a do “Estado Relativo” de Everett:  ambas apontam para a escolha dos universos pela mente.

A diferença essencial entre as duas teorias é que, na formulação de Everett, a mente observadora do objeto é a chave da criação do objeto (círculo vicioso).  Na Teoria Psicônica, a mente não precisa observar o objeto.   Ela projeta-se no espaço-tempo vazio.

As duas teorias competem, evidentemente, com a do big-bang.

 

BREVE ANÁLISE CONCLUSIVA

 

As equações básicas da Relatividade Especial, formuladas pelo físico alemão Hendrik Lorentz,em 1904, referem-se apenas a uma dimensão espacial, quando deveriam aplicar-se a um número qualquer de dimensões mas, pelo menos, a três. Qualquer nova dimensão acrescentada estará, como é óbvio, hierarquicamente acima das anteriores e aceitará, necessariamente, velocidades superiores à da luz ou imaginário-matemáticas.

Em segundo lugar, tais equações, referidas a partículas livres (ou PSICONS-partículas), envolvem velocidades além da luz.   Assim, tais expressões, quando vistas como ondas livres planas (ou PSICONS-ondas), identificam-se às “ondas de matéria” de De Broglie (França-1924), conseguida pela simples eliminação do conhecido “Princípio da Incerteza” de Heisenberg (Alemanha-1927).

Mas Einstein não conhecia tais ondas ainda e não poderia, a não por telepatia acima da pré-consciência, atentar para  elas mesmo porque poderiam ferir sua suposição principal de que a velocidade da luz é a máxima velocidade que corpos reais poderiam ter e sua preocupação era lidar com a matéria e não com pensamentos em si.

Corrigindo estes detalhes na Relatividade e associando-a à Física Quântica, foram encontrados, ou intuídos, os PSICONS, cujo estudo está sendo empregado nesta exposição sobre ENERGIA VIRTUAL.

Como diz Lacan, ”o Inconsciente estrutura-se como linguagem”.  Podemos, entretanto, com o conhecimento da idéia central do presente estudo, dizer que “o Inconsciente é a própria mente consciente estruturada lingüística e matematicamente“

Quem rejeitar a idéia central do trabalho, ”a realidade é mental” poderá, simplesmente, estar resistindo em defesa do seu Ego prestes a ser invadido.  Afinal, como pode a realidade ser mental se a tocamos, vemos, ouvimos etc....?  Este raciocínio que surgirá na mente dos meus pacientes irmãos, indubitavelmente, pode ser ele usado para preservar nosso auto-conceito, nosso EU.

Termino com Freud, em “Metapsicologia” item “Comunicação entre os sistemas pré-consciente e inconsciente”:

“Defenderemos as complicações de nossa teoria enquanto verificarmos que atendem aos resultados da observação, e não abandonaremos nossa expectativas quanto a chegarmos, no final, por meio dessas próprias complicações, à descoberta de um estado de coisas que, embora simples em si, possa  explicar todas as complicações da REALIDADE”. (o grifo é meu).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Bohm, D. - A Totalidade e a Ordem Implícita-Cultrix - 1992  

Everett III, H. -“Relative State” Formulation of Quantum Mechanics - Review  of Modern Physics -1957 - EUA

Freud, S. - Metapsicologia—Imago-1974

Goswami, A. - O Universo Auto-consciente.  Como a consciência cria o mundo material – Aleph - 2008

Horta Santos, J.J. - O Tempo e a Mente.  O universo inteligente - Nova Era/Record -1998

Jung, C. - La Interpretación de La Naturaleza y La Psique - Paidós -1964 - Argentina

Lacan, J. – Escritos - Perspectiva -1988

Radin, D. -Mentes Interligadas.  Evidências científicas da telepatia, da clarividência e de outros fenômenos psíquicos – Aleph - 2008

Sarti, G.S. - Psicons - Do real ao imaginário – ABRAP - 1991

 

REFERÊNCIAS DIGITAIS

 

Carlos Alberto Tinoco - http://www.carlostinoco.blogspot.com

Interpretação de muitos mundos - wikipédia

IONS - Institute of Noetic Sciences - http://www.noetic.org

Geraldo Sarti - http://www.parapsicologia-rj.com.br

Ronaldo Ayres - http://www.youtube.com/ayresronaldo

Hugg Everett III - Wikipédia

Thiago Ribeiro Santos - http://www,espelhodaseras.blogspot.com/