GANZFELD E PSi
Geraldo Sarti
(IPPP/ABRAP) – maio de 2009
A ser apresentado no V Encontro PSi, em Pernambuco,
Recife,
pelo IPPP/UNIBEM: "A Variedade das Experiências Humanas".
Por solicitação do IPPP, estou preparando esta
elucidação verbal talvez mais compreensível que o esquema simbólico -
matemático, enviado ao V Encontro PSi e intitulado "Princípio Transformativo da
Mente: Desvio da Forma e Degeneração da Massa" de março de 2009, neste site.
1 - O Dr Ronaldo Dantas Lins Filgueira verificou que nos testes Zener em PSi
ocorreria uma possível degeneração ou desvio da forma entre as respostas do
examinando e as figuras do baralho.
Em outros
termos, as imagens pensadas, por exemplo, de duas figuras de região topológica
com conexidade 1, como o círculo e o quadrado, poderiam representar acertos
distorcidos, já que topologicamente são indistintas. Isso viria a
significar que o pensamento imagístico do agente perceptor aplicar-se-ia
indiferenciadamente a formas diferentes, a partir de uma implícita capacidade
mental de transformar a percepção. Ronaldo Dantas chamou este fenômeno de
"Desvio Topológico da Forma no Processo Gâmmico" e eu admito que sua idéia se
insira no seu "Princípio Transformativo da Mente" que ele erigiu dentro da
"Teoria Parapsicológica Geral" por ele formulada como princípio básico.
Acrescento eu que o agente
PSi confiável é aquele que não apresenta o desvio da forma, isto é, o que
significa exatamente as figuras do baralho.
Porém, a sua Teoria Geral
admite tacitamente que o Princípio Transformativo da Mente é geral e difuso
pelos pensamentos das pessoas, no que eu concordo. Ele é um princípio
geral.
Eu chamo a isto
de Resistência ao Link mente - matéria, um fator implícito que impede a
significação sintática do pensamento sob pena de provocar a indistinguibilidade
entre o objeto representado e a representação mental dele. Isso,
naturalmente, iria criar uma confusão que impossibilitaria a organização do EU.
2 - Deve talvez ser acrescentado que os experimentos de alteração da
consciência, como Ganzfeld, são capazes de reduzir a resistência ao Link ou de
evitar muito o poder transformativo da mente.
A ausência da estimulação sensorial, ainda que parcial,
implica em tendência ao silêncio elétrico amplo da atividade cortical sintática
e material, que normalmente mantém o EU diferenciado do OUTRO de maneira que,
com o exemplo Ganzfeld, tal redução da resistência ao link mente - matéria fica
diminuída e o poder de transformação da mente algo interrompido na sua tendência
desviadora da forma.
Então, o experimento PSi, com alguma perda da identidade da
figura do baralho, caso dos agentes PSi em geral, todos nós, mesmo não sendo
confiáveis, em estados de alteração da consciência, espontânea ou provocada, pode simular um fenômeno PSi através da ampliação da consciência por
obliteração parcial do desvio da forma.
3 - O leitor poderá arguir-se que esse fenômeno não se distingue da própria
percepção sensorial normal, através da qual eu, você e todos percebemos a
realidade sem desvio da forma. Mas isto não é verdade. Todo objeto
representado no pensamento não tem relação perfeita com o objeto em si e nesse
aspecto haverá sempre um desvio da forma quando pensamos em alguma coisa, em
relação a esta coisa.
A palavra estranha que adotamos nesta curta dissertação terá
sido EU.
No caso de ESP há, conforme já mencionado, o similar desvio
da percepção, isto é, nós não podemos admitir que a percepção sensorial deixe de
refletir exatamente o que existe. Assim, do ponto de vista do observador
externo ao fenômeno, a não assunção de ESP pelo indivíduo é um "erro"
fundamental e necessário. Basicamente, sempre há prevalência de uma
entidade que significa o objeto: é o pensamento perfeito sobre a matéria
imperfeita (desvio). Isto, "paradoxalmente", assegura a existência do EU.
Se retirarmos a expressão "paradoxalmente" e eliminarmos a
existência do EU, sem qualquer retórica no discurso, conclui-se que o EU é a
própria representação, isto é, o pensamento,que se aplica indiferencialmente a
tudo que pode ser representado; em outras palavras, o pensamento estará linkado
a tudo e é tão difuso quanto o OUTRO.
Em suma, estaríamos agora todos linkados apesar da matéria
DESCONTÍNUA (massa, espaço e tempo) o pensamento é uno, um
VÁCUO CONTÍNUO SIGNIFICADOR (vácuo
semântico).
As figuras abaixo, com referência a Ganzfeld, podem facilitar
o que foi dito:



4 - Mas, estaria eu negando a realidade?
Não, não posso pensar assim. Nem que o pensamento crie
a matéria. Isso é fundamental,, mas parece ser apenas uma escolha, uma
probabilidade. Daí o aparecimento no esquema matemático proposto para este
encontro, do operador criador de matéria (massa, tridimensional).
"Eu" preciso da resistência sensorial ao LINK, relação
significadora entre a matéria e o pensamento.
5 - Estruturalmente, o desvio da forma é concomitante à degeneração da massa (e
da energia). Nós podemos ver isso na passagem matemática das equações de
Lorentz da partícula livre (PSICON) básicas para a Relatividade, e a equação da
massa - energia de Einstein. A primeira, geométrica, conduz à segunda.
Ainda estruturalmente, a equação de onda - livre (PSICON) da mecânica quântica é
uma reprodução da geometria de Lorentz. A multiplicidade dimensional
simbólico - matemático concorda com estes aspectos. Assim como o
pensamento geométrico e perfeito representa uma forma qualquer, ou melhor,
"encaixa" ou intenciona uma forma real, da mesma maneira assimila uma massa ou
matéria qualquer. Eu chamei a isto "degeneração da massa". O
pensamento projeta tanto a matéria como sua forma.
Tomemos como exemplo o círculo geométrico. Aplica-se à
roda imperfeita, com qualquer peso, com qualquer energia. Mas se penso em
roda, abstraio-me de suas irregularidades, de sua forma real. A
resistência ao link que dá significação à roda é exatamente esta dificuldade em
representar o objeto da realidade como ele "deveria ser" em sua composição e
estrutura. A experiência Ganzfeld suspende esta barreira à representação
ou à significação e gera alguma confusão do ainda EU com o objeto, mesmo que ele
seja o OUTRO.
Em resumo, para a analogia círculo - roda tem-se como
Princípio Transformativo da Mente:
Desvio da forma: imperfeição da roda real.
Degeneração da massa: peso da roda real.
Em ambos os casos pensamos aproximadamente em um círculo ou
em uma roda perfeita, seja com palavras, imagens ou símbolos, que "significam"
os sons, radiações, odores, etc... Ronaldo Dantas chama a atenção que o
círculo em Zener é na verdade uma coroa circular, uma roda, com peso, massa,
forma e acrescento, tridimensional.
OBS.: A luz provoca:
A sombra que é bidimensional, projetada na 3a
dimensão, pela massa.
O reflexo que, é bidimensional, e não pode ser refletido a
não ser pela 3a dimensão.
REFERÊNCIAS
• Geraldo Sarti
"Parapsicologia e Psicofísica" - 1980 - WZ - Brasil.
"Tópicos Avançados em Parapsicologia" - 1987 - EGUSA -
Brasil
"Psicons: DO REAL
ao Imaginário" - 1991 - ABRAP - Brasil.
"Processos de Formação e Facilitações de PSi ou
Inibidores dos Fatores de Redução
do Link" - 2002 -
www.parapsicologia.org.br - 2008 e
www.parapsicologia-rj.com.br
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• Horta Santos "O tempo e a Mente: O Universo
Inteligente" - 1998 - NOVA ERA / RECORD
- Brasil
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• Ronaldo Dantas Lins Filgueira "Curas por Meios
Paranormais: Realidade ou Fantasia?" - 1995 - IPPP / ASPEP - Brasil.
"Interpretação Topológica do Desvio da Forma no Processo
Psigâmmico" - 2009
www.parapsicologia-rj.com.br
"Teoria Parapsicológica Geral (e outros ensaios)" - 2000
- IPPP / Brasil.
"Teoria Parapsicológica Geral" - ? -
www.parapsicologia.org.br |
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