Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

MECÂNICA SIMBÓLICA, PSICONS E PSICANÁLISE

 

Geraldo Sarti

(ABRAP - NIAC - IPPP - IPRJ)

Dezembro de 2010

  

 

 

INTRODUÇÃO

A pedido do Dr. Fernando Salvino, que nos tem incentivado muito no desenvolvimento da "Teoria dos Psicons", estamos preparando um trabalho sobre os Psicons, a Psicanálise e os fenômenos paranormais.

Com os fenômenos paranormais parecem ser de natureza PSi e como os Psicons são basicamente expressão matemática da mente, descrita em termos do Inconsciente "i", do conceito "Є i", sendo "Є" o que chamamos de "símbolo estranho", "elemento estranho" ou somente "símbolo", destituído de qualquer realidade (por isto o "estranho") e supondo-se o "colapso" para a realidade deste conceito não físico Є i, através da manipulação inconsciente  i (-i)  =  , em que, neste caso,  é REAL e físico, então fica clara a participação da Psicanálise, ou do estudo do Inconsciente, por Freud, Lacan e Young, na relação mente-matéria.

De uma forma geral, designemos esta relação psicológica como LINK e ela deva expressar um contato com o REAL de ordem do Imaginário Laconiano, e eu já registro encontra-se no Simbólico.  Nós admitimos que este LINK mente-matéria é EMOCIONAL:

Tem-se nesta expressão o que se pode chamar de CONSCIÊNCIA.

O INCONSCIENTE "i" MATEMÁTICO

O Leitor deve considerar que  é a definição matemática do significante "i", o Inconsciente.  Ele representa, também, a hiperdimensão (no nosso caso a 4ª), em uma geometria euclidiana.  Assim, se o "elemento estranho Є" é o REAL R, então R i é o conceito, hiperdimensional, do REAL.  Naturalmente, a projeção do R i para o real, ele mesmo, será:

R i (- i)  =  R  ou, psicologicamente,

Como já foi generalizado na Introdução deste trabalho.

PSICON

P Psicon, como onda plana geral da Física Quântica, função PSi, é

 ψ =  ei(k x  -  w t)  ou

 ψ =  ei k (x - v t) .

O número de onda "k" ou quantum da massa, 2 π / λ , assegura que o expoente k (x - v t) possa ser expresso como um certo ângulo θ .  Neste caso,

ψ  =  ei θ.  Certamente, para  θ =  90º, e já que 

ψ =  ei θ  =  cos θ ± i sen θ ,

Poderemos escrever apenas  ψ ± = i.

A qualidade hiperdimensional do "i" foi desenvolvida como fundamento da teoria dos SPINS (rotações dimensionais) a partir da formulação de Hamilton em 1943.

Assim, a pressuposição de "i" por Hamilton tornou-se essencial para a FÍSICA - MATEMÁTICA.

Acrescento que no mencionado trabalho que estamos desenvolvendo sobre PSICONS, PSICANÁLISE e PSi, a alusão a Gödel é clara, já que o sistema dos números "i" ou Inconsciente, parece ser completo e, ao admitir a contradição interna ±, ou real/imaginário, sim/não, aberto/fechado, acesa/apagada, 0 e 1 etc..., burla o "Princípio de Incompletude de Gödel" e insere-se perfeitamente no Inconsciente descrito por Freud, Lacan e Jung.

Além disso, e por isso mesmo, aceito o princípio de "superposição coerente quântica" de estados absurdos como o conhecido Gato de Schroedinger.  A linguagem do Inconsciente, pelas associações, metafóricas e metonímicas, por superposição através de semelhança e contigüidade e as afirmações categóricas do lingüista Jakobson, a partir de Sanssure e do antropólogo Lévy - Strauss, estruturalista, reforçam muito as teses de Lacan sobre a prevalência, lingüística e significante, do INCONSCIENTE sobre o REAL.  Nestes casos, as associações simbólicas, os conceitos, dão-se, quântica ou psicologicamente, como uma soma:

O exemplo claro que se GATO = GATO VIVO ou ψ  = ψ1, então a1 = 1.

Deve ser salientado que o processo inconsciente é considerado primário, ou calcado sobre imagens concretas (GATO), bio - fisiológico.

A verbalização abstrata é secundária e geral (VIDA e MORTE) e sua relação com o REAL dá-se pelo "LINK" psico - emocional consciente e pré - consciente com progressivo afastamento do REAL bio-fisiológico ou aumento da repressão da culpa inerente à biologia ou ao chapamento da mente (inconsciente) à realidade.  Têm-se assim:

Є i (-i)  = Є                                            (1) (chapamento físico ou criação do REAL) ou

.     (2) que, psicologicamente fica:

 

 .                                    (3)

Veja-se que se n = 0  a RESISTÊNCIA (FATOR DIMENSIONAL DE LORENTZ) é igual a 1 e tem-se a situação de chapamento psicológico:

 Є i  =   Є                                               (4) chapamento psicológico).

A relação (3) da CONSCIÊNCIA é, assim, um ajustamento (ou recalque ou repressão) da situação biológica máxima (4), sem qualquer recalque.  O "estádio do espelho lacaniano" pode ser interpretado quando, aproximadamente ao ano e meio de vida, o bebê ao afastar-se de seu próprio corpo pode observá-lo:

EUi  =  EU  (chapamento psico-biológico).

.

(o EUi afasta-se do EU REAL e pode observar seu corpo biológico).

Este afastamento é progressivo e igual ao aumento do número  n de dimensões da RESISTÊNCIA DE LORENTZ.

Antes de passarmos ao próximo tópico, deve ser salientado que a "linguagem do INCONSCIENTE" é independente da repressão que é exercida sobre ele concomitante ao aparecimento do EUi, já afastado ou já psicológica e emocionalmente LINKADO ao EU biológico e à REALIDADE em geral.  No trabalho a ser apresentado ao Leitor, poderá ser acompanhado o natural aparecimento do EUi para assegurar toda a REALIDADE.  Os elementos simbólicos eles mesmos, imagens primárias ou abstrações secundárias continuam, da mesma forma, associando-se por condução  e deslocamento, mesmo que os símbolos assumam cada vez mais o caráter de abstrato à medida que a repressão aumenta.  Em outros termos, o LINK emocional diminui, a repressão aumenta e o símbolo estranho transforma-se cada vez mais em elemento afastado da realidade primária.  Ainda, embora o INCONSCIENTE permaneça com sua linguagem própria a generalização e a abstração acompanham mesmo a formação do SUPEREU, com a expressão simbólica alcançando maior abrangência da REALIDADE e estabelecendo relações lógicas e formais mais globais e genéricas, tornando difícil (para mim) a identificação dos elementos operacionais linguísticos do INCONSCIENTE.  As transformações internas do EU na direção do SELF estarão presentes no já mencionado futuro estudo a ser publicado.

MEDIÇÃO REAL E CLÁSSICA, PELO CÉREBRO (POR EXEMPLO) DE PSi E O COLAPSO DO PSICON

Viu-se, anteriormente, que  Є i (-i)  = i  e que  i = ψ±  = ψ i θ  para  θ = 90º, equivalente a cos θ ± i sen θ  para  θ = 90º.

A função PSICON, apenas espacial,

ψ  =  e ± i k(x-v t)  pode ser constituída simplesmente por

 ψ = e ± i θ  onde, no lugar de  θ ou de k(x - v t) encontra-se o símbolo  Є qualquer que seja ele.

Naturalmente, isto equivale a colocar-se o "elemento estranho" Є no lugar do espaço (x - v t) no nível hiperdimencional.  A mesma coisa que fez Einstein introduzindo a massa ou a matéria nos numeradores espaciais galileanos das equações de transformação de Lorentz.  Então, hiperdimensionalmente, estamos substituindo o elemento Massa de Einstein ocupando o local (x = v t) do espaço - tempo real pelo "elemento estranho" simbólico Є ocupando o mesmo espaço - tempo (x - v t) na hiperdimensão i (x - v t).  Isto é válido pois, conforme a Psicanálise, i = INCONSCIENTE, admitindo qualquer símbolo Є estranho à realidade.

Em segundo lugar, estaremos admitindo enfim que qualquer medição real R, da hiperdimensão i R, deverá ser, por exemplo, na "casca".

Para uma hiperesfera, a realidade correspondente é uma esfera oca, tridimensional.  Para uma esfera tridimensional, eventualmente sólida, o círculo será também uma "casca" ou linha circular dentro da esfera. 

Na breve análise a ser realizada, o elemento de volume  +  tempo, ou simplesmente o elemento de volume d V será substituído, convencionalmente, pelo elemento de linha d x  em uma dimensão.  assim, qualquer elemento hiperdimensional volumétrico i d V, contendo o símbolo Є , isto é, Є i, estará sendo medido ou percebido na terceira dimensão d V, como sobre uma "casca" volumétrica ou, como vamos fazer, para uma dimensão espaço (tempo),

i K (d x - i v d t)  →  Є i  → Є .

Quanticamente, como já esboçado, um estado genérico representado pela onda ψ pode ser expresso como superposição linear de funções próprias de estados de uma grandeza ƒ que assume valores próprios ƒ n, tal que:

.

ou

.


Neste caso, os Zn  dão os "pesos" numéricos de cada função própria ψ n ou de cada estado de grandeza  dentro da função geral ψ .

O somatório  indica que a superposição de sub-estados ψn da grandeza ƒ é discreto ou descontínuo.  No caso do GATO, sendo ƒ a grandeza "animação", que poderá ser 0 ou 1, isto é, morto ou vivo, a função de onda, ou onda GATO ψ fica:

ψ  =  z1 ψ1  +  z2  ψ2  ou

 ψ =  z1 (0)  + z2 (1).

Como os estados (0) e (1) ou  ψ1  e  ψ2 são, no caso, os dois únicos considerados como possíveis para a grandeza "animação",

então z1  =  z2.

Deve ser acrescentado que quanticamente, os estados ou ondas  ψn são perpendiculares, isto é, ψn  ψm  = δmn significando que se n = m, o produto  ψn  ψm  = 1 e, se n ≠ m, o produto  ψn  ψm  = 0.  São produtos internos  ψn  ψm  = | ψn|  | ψm| cos α.

Neste caso, o produto de ψ  por si mesmo, ou por seu conjugado complexo  ψ*  é tal que:

| ψ |2  =  1  ou

|Z1|2 ψ12  + |Z2|2  ψ22  = 1

Como  ψ1  ψ1  =  ψ2  ψ2  = 1 então, para que as condições unitárias de | ψ |2  =  1 sejam mantidas, chamada "normalização", então:

|Z1|2  +  |Z2|2  = 1  o que deve resultar que

.

Atendendo a estas condições, diz-se que as funções ψ1  e ψ2 são ortonormais.

Em geral, para o estado discreto que estamos considerando,

.

Se não for estendido o critério de normalização, então a função ψ não poderia ser representada por uma "superposição de ondas discretamente distribuídas".  Entretanto, neste caso discreto, isto parece natural.  Mas, se a distribuição considerada por contínua, então a superposição por funções próprias ψn fica:

.

No caso que estamos considerando para a onda plana PSICON do INCONSCIENTE, a grandeza ƒ é o próprio expoente hiperdimensional.  Se considerado o ângulo θ, representativo da posição no espaço - tempo em 2 dimensões, ou, o que é o mesmo, em termos da dimensão  x  e da ix (2ª dimensão), na qual localizamos o símbolo Є, passível de colapso pela projeção:

Є i (-i)  =  Є.

Então, simplesmente,

(convergência).

e a questão parece solucionada.  Todavia, parece difícil localizar qualquer coisa em u ângulo expresso por duas dimensões, uma real e a outra imaginária.  O colapso iria dar-se pela operação (-i n θ) e isto será estudado no próximo artigo.

No caso simples do elemento de volume d V ou, como estamos fazendo, do elemento de comprimento d x, para um Universo Aberto, a função ψ será:

(divergência).

Como estamos considerando o símbolo Є, de outra forma equivalente à massa ou matéria M, então sempre será possível fazer

.

A normalização, equivalente à "realização" pelo colapso do símbolo  Є i (-i)  = i, é expressa pelo uso do delta de Dirac, que pode ser considerado como sendo a representação matemática da medida por um aparelho da dimensão real (ou casca) feita na hiperdimensão imaginária.  O mesmo que colapso da hiperdimensão.

O Delta de Dirac é, no caso de x,  δ(x  - x0)  = , para x = x0  e 0, para x ≠ x0.

Então, se z = 1 para ψ (x)  =  ψ (x0), como já visto, tem-se:

ψ (ix)  =  ψ (ix0)  =  δ (x - x0)  ou

ψ (i Є)  = ψ (i Є0)  =  δ( Є -  Є0), isto é, o símbolo  na 2ª dimensão é realizado na medida do cérebro por exemplo, na 1ª dimensão, como  o elemento localizado Є0.

Como toda esta análise admitiu o uso do elemento de linha d x em lugar do elemento do 3 - espaço, d V, deve-se considerar que toda a abordagem deverá ser feita em 4 D.

Assim,  .


onde  .


Então,   .


Neste caso, o cérebro como instrumento clássico de medida mede, como uma "casca", os símbolos  mentais, isto é,  i.

Tem-se que Є i (-i)  = Є  ou  ψ (Є i)  =  δ (Є  - Є0).

Então, o símbolo mental, ou conceito, gerado por uma associação sintática entre Є e i, Є i, tem expressão cerebral, admitindo-se o cérebro como instrumento que mede o símbolo.

Pode-se perfeitamente admitir que o símbolo Є esteja associado à massa M e, nesse caso, a medida do cérebro é PSICOCINÉTICA, da mente sobre o cérebro.

Todos os elementos reais são passíveis da representação simbólica que os cria e a relação mente - cérebro generaliza-se em mente - matéria.

INFLUÊNCIAS TRIDIMENSIONAIS.

NO CÉREBRO TRIDIMENSIONAL.

Os elementos todos da REALIDADE EM 3D + t, como visto, são criações mentais.  O cérebro, também um símbolo projetado, mede os elementos da realidade dentro do sistema neurológico perceptivo ou aferente.  Neste caso, o modelo simbólico cérebro escolhe a função cerebral de captação de estímulos projetados e dos próprios símbolos diretamente psicocinéticos.

A situação, para encerrar este artigo quase introdutório ao próximo artigo, é a seguinte:

 

O OBJETO PODE SER O PRÓPRIO CÉREBRO,

À exceção do cérebro considerado como aparelho de medição (auto - medição - A Oobe deve ser discutida com carinho).

Além disso, qualquer elemento real pode ser considerado como cérebro.  no caso de objetos quânticos representados por "pacotes de onda" de distribuição probabilística de grandezas físicas clássicas no espaço - tempo (mesmo sem uso da equação de Browning) tais como energia, quantidade de movimento, e mesmo temperatura expressa probabilisticamente por algum pacote de onda.  Do movimento browniano caótico clássico, haverá sempre necessidade de um medidor macroscópico, ou simplesmente clássico, mesmo que, na física quântica, os sistemas clássicos sejam sistemas quânticos que se comportem mais classicamente, e se aproximem dos sistemas clássicos.  O Leitor poderá consultar para esta última assertiva o capítulo "As Quasi Classique", De Landau - "Mécanique Quantique Non - Relativiste", mas deve considerar que o Próprio Landau, à pág. 9, deixa explícito:

"Quanto à formulação dos princípios fundamentais da mecânica quântica, ela é intrinsecamente impossível sem a intervenção da mecânica clássica".

Estas observações parecem referirem-se aos "PACOTES DE ONDA" criados pelos PSICONS. Os fundamentos das mecânicas, clássica ou quântica, continuam teoricamente, dentro desta teoria dos sistemas hiperdimensionais inconscientes do espectro contínuo das ondas planas complexas e de seus símbolos associados, Isto é, dos PSICONS, como aqui apresentado.