Dedicado aos
professores Mário Amaral Machado e Valter da Rosa Borges
Acabamos de
escrever o livro “Globalização da Mente”, em parceria
com meu amigo de FURNAS, Douglas Fernandes.
O livro é de
administração de empresas mas parte de estudos e
conceitos sobre o cérebro animal. O Douglas é um gênio,
i.e., com elevadíssimo quociente intelectual em qualquer
escala ou psicometria (fator G). Entretanto, ele não
possuía quase nenhum conhecimento de neurociência e os
meus poucos foram obtidos do que se especulava sobre o
sistema nervoso nas décadas 60-70.
Com a
sensibilidade característica das pessoas dotadas de rara
inteligência, ele pôde perceber imediatamente que o que
eu sabia sobre o assunto deveria estar desatualizado.
Em conseqüência, investiu muito, intelectual e
materialmente, na chamada era do cérebro, que é a última
década do século XX, com resultados aparecendo na
bibliografia no início do século XXI.
Então houve uma
ampla troca de informações e de posicionamentos
filosóficos que nos foi extremamente profícua. Em
outros termos, nós cobrimos praticamente tudo que se
sabe atualmente sobre o cérebro, a partir de Hipócrates
e de sua classificação humoral das personalidades e das
emoções. Porém, como não podia deixar de ser,
esbarramos num problema aparentemente insolúvel, tanto
pela neurologia quanto pela psicologia: a relação
mente-cérebro. O resultado foi que tivemos que nos
apropriar de alguns elementos oriundos da
Parapsicologia.
Embora os
neurologistas cheguem a cogitar, atualmente, da
consciência e do que ela seria eles, devido à sua
própria formação científica, não conseguem de jeito
nenhum livrar-se da tendência em considerar a
consciência um epifenômeno dos processos neurais. Como
exemplo, cito a neuroteologia, uma ramificação que
procura explicar a experiência numinosa ou seja, a
crença vivenciada em uma divindade reguladora da
atividade humana e individual. A neuroteologia
descobriu com tomógrafo de última geração que essa
experiência culminante, mística ou religiosa, é
acompanhada ou produzida por uma alteração cerebral
específica e localizada em certa região do encéfalo.
Quer dizer, Deus estaria reduzido a um fenômeno
eletro-químico associado à neurotransmissão. Em outras
palavras, Deus não precisaria realmente existir para que
pudéssemos ter a experiência divina: ele seria objeto
de uma determinada configuração cerebral, talvez
aleatória ou mesmo provocada por ingestão de drogas.
Mas, não pensem os leitores deste anuário que tal
abordagem é exclusiva dos neurocientistas. Os
psicólogos de formação psicanalítica reduzem a
experiência divina ao “gozo místico”, jargão que encerra
a idéia de que uma patologia psicológica, de natureza
histérico-conversiva, é a responsável pela nossa
possível fé em Deus. Ficaria assim Deus resumido a ser
conseqüência de um problema psicossexual.
Bem, tal
querela específica não me interessa e sinceramente
sinto-me incapaz de abordá-la. Estou apenas citando a
questão de Deus na neurologia e na psicologia como um
exemplo candente análogo ao da consciência, agora já no
âmbito da parapsicologia. Transcrevo, literalmente,
Paul Amos Moody, antropólogo e zoólogo, professor da
Universidade de Vermont, USA:
“O CÉREBRO
HUMANO”
Devido à
posição superior concedida à mente humana e à estreita
associação entre a mente e o funcionamento do cérebro,
enfatizaremos o desenvolvimento desse órgão em nosso
estudo da evolução do homem. O desenvolvimento do
cérebro oferece algumas pistas para o da mente. É digno
de nota, quanto a esse aspecto, que a notável conquista
da evolução humana tenha sido o desenvolvimento do
cérebro. Vimos que as aves se especializaram em
desenvolver as asas, os cavalos, em desenvolver as
pernas para poder correr, e os elefantes, em desenvolver
as presas, a tromba e os molares gigantescos. O homem
se especializou em desenvolver o cérebro. Assim, as
características originais de sua evolução estão
extremamente relacionadas com a desse órgão que, a
seguir, ocupará o centro do palco.
Antes de
prosseguirmos, é necessária uma palavra relativa à
omissão que pode perturbar alguns leitores. Concedemos
superioridade à mente, mas não dissemos nada sobre a
alma humana. A razão dessa omissão está no fato de que
esta situa-se fora do campo científico. A Ciência lida
com fenômenos que podem ser detectados, estudados e
medidos pelo uso de instrumentos. A alma não está
sujeita a essa abordagem. Não pode ser vista, pesada ou
analisada quimicamente; nem pode ser estudada pelos
métodos psicológicos. Desse modo, uma discussão da alma
estaria fora de lugar em um livro científico. Tal
afirmativa nem sempre será verdadeira mas, por enquanto,
devemos recorrer à Religião e à Filosofia para o
conhecimento da alma”.
Consultada a
respeito do tema, a socióloga Eliana Fernandes, esposa
do Douglas, que faz graduação em Teologia no Centro
Loyola na PUC do Rio de Janeiro, embora tenha achado
importante que o avanço tecnológico possa vir a
esclarecer algo sobre o além da matéria para as
populações em geral, ponto de vista sociológico, também
não quis emitir uma opinião do ponto de vista teológico.
Já o professor
Carlos Alberto Tinoco, engenheiro e pedagogo da
Faculdade Espírita do Paraná, que desenvolveu o
conhecido Modelo Organizador Biológico, foi bem claro ao
me afirmar: - “A consciência é não-local”.
Aqui já temos
algo de concreto. Eu direi entretanto “O cérebro é
local (segue o princípio das causas locais)”. Então
têm-se dois domínios de naturezas diferentes que se
influenciam mutuamente. A esta influência eu chamei
“link”. O neurologista inglês Huglins Jackson, pioneiro
no estudo das epilepsias, criou a expressão “paralelismo
psicofísico” para sintetizar essa suposta concomitância
dependente. Por isso ele foi alvo de breve crítica de
Freud, que pode ser lida na tradução brasileira
“Metapsicologia”, da editora Imago.
Já o filósofo
brasileiro Estêvão Cruz, em seu “Compêndio de
Filosofia”, admite que o fato psicológico antecede o
fato físico ou neuronal.
Se nós
imaginamos o link como uma função lógica, matemática
(provavelmente não bi-unívoca) algo talvez pudesse ser
desenvolvido em termos topológicos. Nesse sentido, eu
solicito ao eminente parapsicólogo Ronaldo Dantas Lins,
pesquisador do Instituto Pernambucano de Pesquisas
Psicobiofísicas – IPPP, que com tanta gentileza tem
aceitado, aprofundado e divulgado várias das minhas
idéias, inclusive esta do link, que dê uma atenção
especial ao que foi colocado logo acima.
Através de
caminhos diversos, eu e o cientista Horta Santos
concluímos que “o link é psicocinético”.
O campo da
consciência ele cunhou de “Domínio Informacional” porque
não há dúvida de que a consciência está preenchida de
pensamento e este é construído com informação.
A
não-localidade, para horror de Einstein, está
experimentalmente comprovada no mundo das partículas e,
com o aparato físico-matemático de hoje, isso exige que
o universo seja materialmente uno. Uma partícula na
Terra é inseparável de uma partícula em Júpiter. Tudo
está relacionado. Se pensarmos dinamicamente, a
não-localidade vai implicar na existência de sinais mais
velozes do que a luz. É a ação à distância.
Beauregard, em “Quantum Physics and Parapsychology”
sugere como alternativa que, ao invés de mais rápido que
a luz, o sinal viaje primeiro para o passado, recolhendo
informação das condições iniciais do sistema formado
quando as duas partículas (a de Júpiter e a da Terra)
estavam interagindo (formação do sistema solar) e depois
para o futuro, quando não mais interagem, informando a
uma delas que ela deverá comportar-se desta ou daquela
forma pois seu par está em outro estado. Nós podemos
dizer que esta é a “hipótese do ziguezague”.
Qualquer que
seja a especulação dinâmica adotada, haverá sempre uma
violação do princípio de causa e efeito, daí o “horror
de Einstein”. Houve, aparentemente, um movimento sem
causa da partícula jupiteriana. E, como ela
efetivamente se moveu mas não interagiu com a partícula
terrestre a solução é que seu movimento foi provocado
por uma informação e provavelmente mais rápida que a
luz. Claro que esta situação é experimental porque na
verdade há bilhões de partículas em Júpiter que estão
efetivamente interagindo e que mascaram a influência da
informação proveniente da partícula terrestre. Então
para corpos macroscópicos, os links das informações com
as partículas não aparecem mas existem efetivamente e
talvez possam até ser percebidos com um certo grau de
probabilidade.
Repetindo o já
dito, o campo da consciência, sendo um domínio
informacional, estabelece link com o sistema nervoso
composto por bilhões de neurônios. Da mesma forma que
em Júpiter, o link não é perceptível mas está ocorrendo.
Parece assim
justificável dizer-se que a relação mente-cérebro dá-se
por um “link psicocinético” em que uma certa
configuração mecânica de partículas no neurônio pode
secundariamente deflagrar o potencial de ação nele.
Maiores
considerações sobre o link mente-cérebro estão contidas
nos livros “Curas por Meios Paranormais”, do Ronaldo
Dantas Lins e “O Tempo e a Mente”, do Horta Santos.
Irei, no entanto, tecer uma consideração adicional sobre
o assunto link. Nós continuamos sem saber o que ele é
mas agora parece que sabemos o que ele não é: uma
interação física. Além do mais parece ser, com uma boa
chance, um fenômeno quântico ainda que de difícil
abordagem.
Passando ao domínio
informacional, acho bastante razoável que a informação
processada na consciência seja toda ela semântica.
Isso significa que é conceitual e imaterial e não
mediadora física como uma onda sonora ou eletromagnética
ou ainda uma reação química. Essa seria a
informação que se chama (Moles, A) de sintática,
passível de ser medida em bits, e entrópica.
Essa informação
semântica, capaz de efetuar quanticamente um link
psicocinético com sistemas materiais parece ser também
muito apropriada para nossos estudos e pesquisas sobre
os fenômenos PSI-GAMA.
Foi baseado
tanto na experiência PSI-KAPA quanto nas PSI-GAMA que
procurei desenvolver uma teoria (PSICONS), constante do
livro de mesmo nome. Os psicons seriam as
partículas-ondas que poderiam descrever o domínio
informacional semântico. Por coincidência ou não com os
experimentos quânticos já descritos, os psicons são mais
velozes que a luz e não possuem propriedades materiais,
formando vácuo, embora possam transformar-se em
verdadeiras partículas materiais. Tem-se assim uma
teoria matemática compatível com o campo da consciência
e com os fenômenos PSI.