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Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

O PARADOXO EINSTEIN-PODOLSKY-ROSEN
E O PSICON
4a AULA

 Reedição revista em 02.2010
Publicado em 1991 no livro "Psicons do Real ao Imaginário" - ABRAP

Geraldo Sarti - IPRJ / IPPP / ABRAP

 

1 - PRINCÍPIO DE COMPLETUDE DE EINSTEIN

Em 1935, Einstein, Podolsky e Rosen publicaram uma "experiência de pensamento", anteriormente esboçada por Einstein, em 1927, em Solvay.  Esta experiência ficou conhecida como Paradoxo E - P - R e tentava atingir duramente a linha de pensamento de Bohr (escola de Copenhagen) da Física Quântica.

Segundo o princípio de completude de Einstein, todo elemento da realidade física deve ser matematicamente expresso em termos da teoria física, caso contrário a teoria não estará completa e não será capaz de expressar a realidade.

 

2 - O PARADOXO E - P - R

Pode-se imaginar, como o fizeram Paty e Hoffman em 1981, uma molécula diatômica decaindo em 2 átomos separados completamente A e B, supondo-se que entre eles não ocorra mais qualquer interação.  Duas considerações devem ser feitas: o spin total inicial deverá ser igual ao spin total final na mesma direção e spins em um sistema, em diferentes direções, não podem ser conhecidos simultaneamente.

Dito de outra maneira, o spin de A na direção  x  não poderá ser conhecido ao mesmo tempo que o spin de A na direção y.

Diz-se que são quantidades conjugadas, que se inserem no princípio de incerteza de Heisenberg por não conterem, isto é, não admitirem uma só autofunção de onda simultânea que os possa representar.

Na descrição da experiência EPR, vamos por exemplo, chamar o spin S, do átomo A, na direção x, de S(A, x) e assim sucessivamente.

Suponhamos que se saiba, sem perturbar o sistema molécula M, que S(M, x) = 0.  Pela constância do spin, após a separação total, S(A, x) = - S(B, x), tal que sua soma permaneça nula, como antes da separação.  Isto é uma condição lógica que nos permite, pela medida de S(B, x), conhecer S(A, x).  Então podemos medir S(A, y), passando-se a conhecer com precisão absoluta S(A, x) e S(A, y), que, como vimos, pelo princípio da incerteza, não poderiam ser conhecidos simultaneamente.

Tal fato leva à conclusão imediata que a realidade do fenômeno poderia ser expressa por uma só função de onda, de tal forma que, na teoria quântica em geral, a função de onda não descrevia a realidade completa.  Naturalmente, faltava inserir na função de onda da física quântica alguma "realidade" que lhe faltava.

 

3 - OS PSICONS E O PARADOXO

Na elaboração do Paradoxo EPR fica claro que um elemento não físico foi introduzido: o conhecimento lógico S(A, x), a partir da teoria física.  Isto é, todos os demais elementos são físicos, a não ser o significado da teoria que permitia a um observador deduzir S(A, x).  Mesmo que este observador fosse uma máquina, ela deveria ser programada logicamente por um outro observador para o qual a teoria teria um significado.

É inequívoco que a experiência pensada obriga a que haja uma certa função de onda que elimine a incerteza do conhecimento simultâneo dos spins de A.  Se aplicarmos a onda psicônica para casos similares de não comutação quântica, como por exemplo, momento e posição (ou energia e tempo), e obrigarmos que haja simultaneidade no conhecimento de seus valores, concluímos imediatamente que surge uma massa imaginária (ver apêndice), logicamente superlumínica.  Além disso, para que o experimento fosse completo, o que faltava era o significado da teoria.

Sendo assim, a duas conclusões importantes pode-se chegar: a onda psicônica está associada ao psicon (massa imaginária) e o psicon e sua onda relacionados ao conceito, ao conteúdo pensado da teoria física.

 

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em sua autobiografia, Einstein supõe duas alternativas para solução do paradoxo, alternativas que ele rejeitava: telepatia ou ação à distância (ver Notas Autobiográficas, 1972, Editora Nova Fronteira, pág. 81).  No fundo, ambas as alternativas conflitavam com seu postulado básico da inexistência de velocidades superiores à da luz.

Em 1965, Bell mostrava a possibilidade de realizar a experiência EPR em laboratório, utilizando correlações estatísticas entre propriedades de pares de partículas.

Experiências por todo o mundo principalmente as de Aspect, na década de 80, demonstraram, insofismavelmente, que a física quântica estava certa e as alternativas de Einstein deveriam ser aceitas.  Em outros termos, dever-se-ia aceitar sem dúvida a existência de sinais mais velozes que a luz, sinais aos quais, em princípio, nada se pode afirmar sobre suas naturezas.  Porém, se as fórmulas de Einstein da relatividade especial estariam certas, tais sinais são informações, com velocidade e massa imaginária, isto é, psicons.

Veja-se que já em 1959, Bohm formulou uma teoria de variáveis ocultas não locais com possível significado físico e que não violaria a idiossincrasia de Einstein.  Todavia, tal potencial oculto seria tão adimensional em relação ao espaço e ao tempo como se fosse uma consciência (sugestão de Walker em 1975).

 

APÊNDICE

PARADOXO E - P - R

Duas quantidades dinâmicas são consideradas como não comutativas quando a aplicação do comutador de seus operadores quânticos é necessariamente diferente de zero.  Vejamos, para duas quantidades quanticamente representáveis por operadores A e B então:

A  ψ1  =  α ψ1

B  ψ2  = β ψ2

Sendo α e β os autovalores de cada equação de operadores, chama-se função ψ de autofunção simultânea porque soluciona igualmente ambas as equações.  Nesse caso:

 ψ1  =  ψ2  =  ψ              e

           B A ψ  =  α β ψ  .   

           A B  ψ = β α ψ .
     _________________
       (AB  -  BA) ψ  =  0

[A, B]  =  (A B  -  B A)

Então, os operadores A e B comutam.  Entretanto, se as equações de autovalores não admitirem soluções simultâneas, isto é, se ψ1  ≠  ψ2

[A, B]  ≠  0 

isto é, o operador comutador não comuta A e B.

É bastante intuitivo, embora matematicamente demonstrável, que as quantidades dinâmicas correspondentes aos operadores A e B que não comutam, isto é, que não possuem função de onda simultânea para soluções das equações de operadores, não possam ser medidas simultaneamente com precisão.  Isso implica em que em certo instante duas quantidades dinâmicas não possam ser totalmente precisadas.

A demonstração matemática conduz à incerteza geral:

.

Pudemos assim observar que os princípios que regem a demonstração do princípio de incerteza de Heisenberg partem das soluções de equações de operadores quânticos.  Tal prova é pois uma consequência da própria auto-consistência da formulação quântica mas, no entanto, cria sérios problemas em termos de "experiências de pensamento" como, por exemplo, a do paradoxo Einstein-Podolsky-Rosen que, introduzindo a informação como elemento não físico, subjetivo, intuitivo, permite terminar com a imprecisão de medidas de duas quantidades regidas pelo princípio de incerteza, e.g., componentes de spin de moléculas decaídas, nas direções x  e  y.

Por outro lado, podemos definir o princípio de incerteza para quantidades que não comutam, tais como:

.

.

Em verdade os operadores espaço - quantidade de movimento linear e energia - tempo não comutam, isto é, é impossível determinar-se simultaneamente, com precisão absoluta, seus valores medidos sobre um sistema físico.

No caso dos psicons, como frequência e comprimento de onda são constantes:

.

.

Isto é, a imprecisão espaço temporal é total, o que concorda com a aplicação do postulado de Born.

Finalmente, é interessante mostrar-se o que ocorre com a comutação  [x0p , P0p]  aplicada a ψ, (psicons), obrigando-se à comutação:

.

Tal resultado deve significar que se  ψp, (psicon), fosse solução simultânea para os operadores x e p.então o produto desses valores teria um valor constante sob medição simultânea, sendo tal a constante de Dirac imaginária, não estando envolvidas quaisquer incertezas.

O mesmo resultado é obtido com relação ao par energia tempo, embora Heisenberg não a tivesse aplicado, o que significa que a informação lógica de p  e  E, respectivamente mv  e mc2, seriam imaginárias, confirmando a massa e a velocidade imaginárias do psicon por meios indiretos e solucionando o paradoxo EPR via informação semântica.

Deve-se lembrar, nesta conclusão, que

,


e que

.