Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

PROCESSOS DE FORMAÇÃO E FACILITAÇÕES DE PSI
OU
INIBIDORES DOS FATORES DE REDUÇÃO DO LINK

 

G. S. SARTI  (ABRAP - IPPP)

 

Prefácio

Este estudo é uma reedição, revista e atualizada, de dois capítulos do nosso livro “Parapsicologia e Psicofísica”, editado em 1980 pela WZ.

Atualmente, no Brasil, um considerável avanço no terreno das teorias em Parapsicologia fez-nos agregar os conceitos de link e de seus fatores de redução, mais especificamente fi, rô, pi e tau, de sorte que aquilo que vínhamos descrevendo há vinte anos pode ser perfeitamente interpretado sob a óptica deste novo setting teórico. Recomendamos especialmente o livro de Ronaldo Dantas Lins Filgueira, “Curas por Meios Paranormais – Realidade ou Fantasia?”, editado pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, em 1995, no que concerne à perfeita definição das citadas funções psíquicas atuantes no fenômeno paranormal.

O texto a seguir é apenas um apanhado dos processos de formação e das técnicas facilitadoras do surgimento dos fenômenos paranormais. Outrossim, definitivamente, desencorajamos e desaconselhamos o leitor a tentar utilizá-las sem o devido acompanhamento de parapsicólogos de reconhecida idoneidade, exatamente por serem, algumas de tais experiências, capazes de, sem controle, promover desequilíbrio nas instâncias profundas da psique, podendo levar a conseqüências deletérias para o sujeito.

Podem ser distinguidas formas fundamentais de experiências paranormais

À exceção dos fenômenos mediúnicos que não estão enquadrados na classificação estatístico-psicológica, os demais podem ser reduzidos a coincidências e cognições. Seus processos de formação, conforme estudos realizados pelo autor, estão relacionados a seguir:

Por drogas alucinógenas

Por experiência surreal/automática

Por transe mediúnico

Por experiência transcendental/transpessoal

Por observação de fatos irrelevantes

Por condições laboratoriais

Por sonho

Por reificação

Por redução-ponto e ampliação-contínuo

Por transe hipnótico

Por coma

Por privação sensorial

Por morte iminente

Por megabrain

Tal classificação, além de incompleta, não é estanque. As formas de manifestação não serão estudadas isoladamente. Aliás bastariam para isso os títulos das classes, quase auto-explicativos.
 

Por drogas alucinógenas

A experiência alucinógena dá-se pela ingestão de produtos tóxicos que alteram os níveis normais dos neurotransmissores. Tal tipo de experiência altera a perceptividade e cria, mesmo sem elicitação externa, um desencadear de processos mnêmicos ou provenientes da consciência objetal. No primeiro caso a função phi tende a se anular. Ocorre daí um aparente paradoxo. Embora a filtragem seja pré-sensorial, sua deleção do processo perceptivo cria condições para que fatos irrelevantes sejam senorializados. Isto é, o aniquilamento de uma função extra-sensorial gera uma sensorialidade  exacerbada que por sua vez produzirá um fenômeno paranormal. É o que foi  popularizado chamar-se de percepção de realidades não comuns (Castañeda). O LSD, cuja fórmula molecular é algo semelhante à da serotonina, produz a perda das noções comuns de espaço e tempo. O espaço assume a proporção de um sólido. Os circuitos nervosos especializados se interpenetram funcionalmente, com conotações dadas ao estímulo diversas daquelas que comumente seriam dadas.

O “status” sensorial é caótico embora o campo perceptivo seja definido.

Nesse caos perceptual ocorrem criptoscopias, hiperestesias e relações invulgares.

Há visão de processos obscurecidos por barreiras, aglutinação de expectativas à situação presente e sensibilidades extraordinárias não lingüísticas, tal como telepatia. Tais fenômenos referem-se ao mundo exterior do experimentador. Porém mesmo em repouso de estímulos, a mente vagueia por campos dela próprios, por abaixamento do nível  mental  ou  coerção  de  energias  psíquicas. Muitas vezes há formação de símbolos numinosos com a visão de entidades superiores e de processos internos. O self torna-se fluido ocorrendo fusão entre os mundos exterior e interior. Dependendo das condições psicológicas do experimentador, os efeitos serão agradáveis ou não (Huxley).
 

Por experiência surreal/automática.

O efeito alucinógeno pode ser alcançado também por experiência surreal. Nela o indivíduo expressa características sombreadas de sua personalidade, sem perda da consciência, mas ao sabor do automatismo psíquico. No processo de energização dos signos pré-conscientes a realidade é distorcida entrando em choque com o princípio que rege o ego. Configura-se uma situação similar à do quadro esquizofrênico. A expressão automática faz com que a perceptividade incida sobre aspectos que pouco têm a ver com o foco normal da atenção (Camus).

Além das alucinações impostas à realidade, o experimentador surreal estabelece vínculos novos proporcionados pelos seus sentidos. É observada uma regressão sincrética da percepção e da expressão, assumindo os fatos abstratos conotações concretas e sendo denotados pelos artifícios emanados dos confrontos id-ego-superego. A contigüidade, a justaposição, o simbologismo e a hipostasia são básicos na experiência surreal. Tais processos regressivos, muitas vezes acompanhados de características primevas e míticas, induzem à hipótese de uma regressão psicológica em fundamentos neural-filogenéticos (Haeckel), de tal maneira que porções onomatopaicas, não lingüísticas, localizadas em áreas sócio-primitivas do sistema nervoso seriam  sede  para  a  telepatia.  Entretanto,  por amplicação-contínuo verificaremos que a descoberta dá-se por conexões em áreas conscientes, o que também nos faz suspeitar de outra sede não lingüística porém evolutivamente posterior ao centro frontal da fala e possivelmente localizada em hemisfério oposto. Como as duas hipóteses são contraditórias e como o efeito é aparentemente o mesmo da fenomenologia paranormal, especialmente a telepática, é de se presumir que um sistema nervoso paralelo ou alguma glândula ou chakra sejam sede da ativação telepática.
 

Por transe mediúnico.

Já o transe mediúnico apóia-se na disposição histeróide do aparelho.

Características marcantes dos processos conversivos-regressivos tais como o ambidestrismo, a convulsão e a xenoglossia acompanhados de partição ou duplicação de personalidade são espiriticamente interpretados como manifestações de almas desencarnadas. Do ponto de vista interpretativo o espiritismo é ainda uma bem sucedida hipótese em paranormalidade. As teorias psicopatológicas explicativas da paranormalidade do transe são meras formalidades médicas. Não chegam a envolver a natureza dos fenômenos processados  a não ser quando psicopatologistas de base analítica se preocupam com o transe e sua fenomenologia e, ao lado do traço histeróide, encontram significados individuais profundos. Fenômenos mais extraordinários como o teleporte, a materialização-desmaterialização (Aksakof) e a bilocação ou ubiqüidade fogem amplamente do tratamento psicológico e psiquiátrico mas não parapsicologia. Cumpre aqui assinalar que os fenômenos psicopatológicos, os espíritas e os parapsicológicos podem ocorrer simultaneamente, sem que isso vá implicar na condição de que sejam uma única manifestação. Sendo assim é absolutamente indispensável estabelecer-se uma distinção entre campos de atuação teóricos. Isso proporcionará a condição de entendimento mútuo e, ao invés de enfraquecer as partes teóricas envolvidas, possibilitará o fortalecimento de cada uma delas já que bases sólidas e inter-faces poderão ser solucionadas.
 

Por experiência transcendental/transpessoal.

A experiência transpessoal com seu correlato transcendental é tecnicamente produzida pela regressão hipnótica.

O transcendentalismo fundamenta-se na procura interior das raízes do ser. Os substratos básicos da existência vão sendo vivenciados pelo indivíduo inicialmente na fase fetal, sem quaisquer vestígios do ego, e posteriormente na fase pré-uterina. Mais conhecidos como estados alterados da consciência, os estágios transpessoais proporcionam experiências culminantes. A direção dos processos transpessoais, seja por regressão hipnótica ou auto-sugestiva, dá-se segundo uma determinada cartografia geral da vida psicológica. Tal cartografia é topologicamente dividida em regiões pessoais, internas e regiões transpessoais, externas (Ring). A vigília, o pré-consciente, a psicodinâmica e a consciência ontogenética são os estados possíveis da cartografia pessoal. As regiões transpessoais são os inconscientes transindividual, filogenético, extraterrestre e o vácuo.

A experiência culminante é substitutiva ora do fenômeno espírita, principalmente na região filogenética, ora do fenômeno psicopatológico no âmbito do transpessoal, como um todo e ora do parapsicológico, quando sua tradução se dá por coincidências e cognições múltiplas. A principal crítica à cartografia transpessoal é ser ela uma supersimplificação calcada na experiência regressiva e linearmente direcionada.

A par disso, no vácuo o sujeito identifica-se ao nada, tal como em alguns estados esquizofrênicos (O’Brien) e pós-analíticos dados pela ab-reação primal (Janov). Na verdade não há qualquer correlação entre o mundo físico e as consciências culminantes (Maslow) razão porque a descrição transpessoal situa-se algo desvinculada da complexidade parapsicológica. A evolução para se encontrar tal correlato é dada pela fórmula Zen transcendental, segundo a qual não há uma separação nítida entre a mente e o cosmos, concluindo-se que sob tal prisma o estado alterado da consciência nada mais é que o reencontro do ser com suas raízes materiais.
 

Por observação de fatos irrelevantes.

A observação de fatos irrelevantes, inevitável na experiência alucinógena, pode ser provocada pelo experimentador (Kammerer). Ele observa que existe uma relação transversal (Schopenhauer) ou acausal (Jung) entre múltiplos fatos de um momento. A relação transversal é primacial na interpretação existencial da natureza. Pode-se dizer que duas cadeias causais distintas são sistemática e estatisticamente correlacionadas a ponto de um observador suposto não participante, ver-se compelido a emprestar-lhes conteúdos psicológicos pessoais.

A teoria da sincronidade eleva a noção de coincidência significativa à categoria de lei universal. Sua base é a característica psicóidea da matéria, transversal a qualquer experiência energética causal do qual são substratos o espaço e o tempo. A hipótese de Jung aproxima-se do I Ching no qual os processos causais são meras mutações de uma estrutura circular universal, indistintos pensamento e matéria.

Assim, perdidas as noções de energia, espaço e tempo, indispensáveis ao discurso causalista na explicação do movimento, o que resta é uma estrutura de ordem dialética (Yang-Ying). Em Zen, o filósofo ao observar-se intimamente está concomitantemente examinando o cosmos, enquanto  a processuística causalista é substituída pelos embates de valências opostas.
 

Por condições laboratoriais.

As experiências laboratoriais são rígidas o bastante para revelar apenas os aspectos estatísticos da fenomenologia. Em contrapartida, as condições espontâneas revelam sobremaneira os aspectos psicológicos.

Possivelmente os processos em laboratório fundamentam-se no arquétipo das situações impossíveis (Jung). Tal arquétipo é o sustentáculo de um abaixamento do nível mental, abaixamento esse verificável nas condições de espontaneidade mesmo na ausência do citado arquétipo. O que acontece entretanto é que, até o momento em que haja a possibilidade de abaixamento do nível mental, a experiência espontânea não ocorre e, como os vínculos gnosiológicos inexistem capazes de provocar tal abaixamento, o limiar do ego decresce por influência favorável do tipo transversal.

Assim anterior ao fenômeno do conhecimento ocorre uma relação acausal entre percipiente e objeto.

Outra alternativa é que, postulada a permanência de semelhantes relações, certas condições de ordem neurofisiológica permitem sua captação e interpretação psicológicas. Nesse caso o substrato psicológico é dramático porque a atenção é despertada, tratando-se o fenômeno de pura coincidência com base na relação transversal. No âmbito laboratorial o fenômeno provocado é pobre quando comparado ao espontâneo, e isso se deve muito ao fato de que o interesse do experimentador se focaliza essencialmente sobre os aspectos estatísticos. Mesmo que ocorram fenômenos atípicos estes seriam reduzidos pela abordagem científica. O que é primordial na experiência provocada em laboratório é que é intentado algum controle da manifestação paranormal, além da sua identificação estatística. Porém, falhas conceituais, principalmente em relação aos procedimentos com alvos, como na clarividência, deixam a desejar.

Quando o experimentador estabelece um alvo para o percipiente, grande parte do conceito de clarividência e telepatia se esvai e fica valendo, principalmente, a capacidade dedutiva e diferenciadora do sujeito em relação ao alvo já proposto. Conte-se ainda que os juízes de prova nesse caso desempenham um papel altamente subjetivo na avaliação dos resultados. A par desses problemas, excluindo-se a hiperestesia, ainda é inegável o valor das manifestações controladas por propiciarem estudos analítico, sistemático, empírico e matemático.
 

·     Por sonho.

 

Na manifestação onírica do sonhador, devem ser considerados os conteúdos latente e manifesto. A precognição dramática dá-se a maioria das vezes através do material explícito. A análise do conteúdo pode no entanto revelar significados psicológicos profundos. Em tal caso, o manifesto, relacionado ao mundo exterior, e portanto contendo implicações de ordem físico-lógica, liga-se ao latente por uma relação que leva em conta momentos infantis, frustrações, desejos e fases. A manifestação por sonho coletivo nos dá uma aproximação da filosofia Zen pois que aspectos não perceptíveis do mundo social deixam-se transparecer. O sonho induzido (Désoille) é mais complexo em função da presença do diretor quando então o conteúdo fica de certa forma vinculado às próprias expectativas transmitidas pelo psicólogo. A condição de sonho, como acompanhada de movimentos oculares rápidos e intensa atividade occipital demonstra que precognição e clarividência tendem a surgir concomitantemente. Entretanto, o sonho não prospectivo da análise de Freud torna a interpretação parapsicológica dificultada em ser realizada porque, tal tipo de análise, remetendo ao passado e abstraindo os arquétipos como tais, não possibilita o estudo da precognição, podendo surgir apenas fenômenos retrocognitivos. Muito pouco se sabe das relações entre o sonho e a paranormalidade, embora o abaixamento do nível mental por relaxação do ego consciente proporcione as melhores condições para a ocorrência do fenômeno parapsicológico. Até que ponto a manifestação é de origem extra-sensorial dependerá bastante da escola do analista. Poderíamos arriscar que, por serem presente e passado construções humanas dadas pela facilidade de abordagem racional,  no  caso  de  um  modelo  de   tempo   fechado,  as noções de sucessão dão-se apenas do ponto de vista em que se coloca o analista em relação aos eventos. A regressão hipnótica pode significar então um avanço desde que sejam rompidos os tradicionais laços absolutistas e que sejam consideradas as teorias relacionais.

Tal assertiva porém não chega a atingir o cerne do problema por tratar-se de uma perspectiva especulativa com base exclusivamente convencionalista.
 

Por reificação

A reificação consiste na assunção de que o modelo é a realidade. Quando o experimentador passa a atuar conscientemente conforme constructos preestabelecidos, há uma alteração em sua ordem psicológica natural com a racionalidade exercendo um desequilíbrio sobre a afetividade. A ascendência hierárquica provocada do ego sobre o id estabelece de imediato um processo de reatividade afetiva intensa.

Não há nesse processo uma acomodação paulatina e a pressão antinatural e estereotipada da consciência e da racionalidade nada mais fazem que ultra catetizar as pulsões primitivas reprimidas. As manifestações psicocinéticas são usualmente relacionadas junto com exacerbações de processo afetivo como o ódio, característico da invasão que sofre o sistema inconsciente de forças provenientes desde seu exterior. Resulta em PK uma modificação da geometria do espaço e o afluir de conteúdos esplitados e incoerentes, cuja única ligação se estabelece com a natureza da energética psíquica.

A formação paranormal por ação reificante é bastante   perigosa   porque   a   contrapressão   sobre  o id é inicialmente insidiosa mesmo que o experimentador pretenda manter o controle da situação. Assim, o irromper é repentino e os relacionamentos com o mundo exterior sensível tornam-se quebrados, passando o experimentador a experienciar conteúdos alucinatórios significativos para o parapsicólogo.

A experiência surreal difere da reificante por não haver nela catexe e contratexe mas apenas desprendimento de resistências conscientes.
 

Por redução – ponto e ampliação-contínuo.

 

Freudianamente, aproximam-se muito da condensação e do deslocamento.

O fenômeno parapsicológico pode ser formado na topodinâmica da redução ao ponto e da ampliação ao contínuo.

Entendemos por redução ao ponto e ampliação ao contínuo duas formas de comportamento psicológico incluídas no processo de mecanismo de defesa. Ambos os comportamentos têm por finalidade a supressão dos significados desagradáveis que possam habitar o campo da consciência.

A psicologia topológica (Lewin) considera que as situações do espaço vital do indivíduo são desestruturadas ou quando representáveis por pontos ou quando representáveis por regiões fechadas uniconexas. Significa isto a inexistência de sub-regiões ou estruturas dentro da região considerada como ponto ou como contínuo.

 

A finalidade supressora da região psicológica continente  de  um  significado   desagradável  é alcançada quando esta região é transformada em ponto pela contração da sua fronteira. As diferenciações porventura existentes na sua estrutura deverão ser necessariamente suprimidas antes da contração, o que só pode ocorrer se as estruturas locomoverem-se para o exterior da fronteira até confundir-se com a própria fronteira em contração, porque a existência de estruturas diferenciadas e articuladas em uma região qualquer significa resistência à contração da fronteira.

 

Por um princípio de economia envolvido no mecanismo de defesa mais vale que a energia coberta por significados negativos seja dissipada para apenas um significado, daí o deslocamento das sub-regiões para o exterior antes mesmo que a contração se faça por completo. Ocorre então um contínuo, vazio de elementos estruturantes, mas ainda mantendo uma energia negativamente valenciada em função do significado que é da própria região fechada e vazia. Finalizando o processo de contração, fica mantida uma alta concentração, um ponto, impenetrável por outras regiões do espaço vital do indivíduo. O significado perdeu-se e conseqüentemente a valorização negativa da energia ao qual estava associado também. O ponto é então o sumidouro do problema mas vagueia no espaço psicológico até ser absorvido por outro significado ou, melhor dizendo, por um signo que ele, ponto energético neutro, transformará em significado.

 

Acontece em psicopatologia que certos indivíduos mantêm uma disposição constitucional a preencher seus campos da consciência de signos potencialmente negativos e que energizados transformam-se em significados desagradáveis que precisarão ser eliminados através de mecanismos de defesa. As manifestações depressivas são exemplos  bem  evidentes  de  um  continuado  processo  de supressão de significados com características depressivas. É observável a intermitência de estados disfóricos e a tendência potencial ao nutrimento de idéias de autodestruição. Na esquizofrenia, em suas várias formas manifestas, todo o campo da consciência reduz-se a um ponto altamente energizado, de tal maneira que a parte dessa energia deve extravasar sobre o soma, eg, a hebefrenia e a catatonia, e associar-se a signos destituídos de valor aparente como as repetições, imitações e hábitos vãos, tornando incoerentes e automáticas as descrições verbais.

 

Ressalvamos que tais processos manifestam-se ao nível da consciência, como tem sido descrito por esquizofrênicos nas fases iniciais da doença, isto é, sem perda da consciência mas apenas com alteração dela. Certamente a fonte reguladora do mecanismo de defesa é de ordem constitucional e inconsciente tanto quanto as disposições esquizóides, e pode ocorrer sob o prisma psicodinâmico, que os conteúdos afetivos profundos aflorem entre o automatismo verbal e a estereotipia do comportamento, por estarem, aquelas sim, sobrecarregadas pela energia que abandonou algum significado consciente.

 

Relembremos que as sociedades mais opressoras política e socialmente ressentem-se de uma grande estatística de esquizofrênicos justamente porque repletas de signos potencialmente desgastantes da integridade pessoal. Associados aos fatores disposicionais, com maior probabilidade surgirá a doença.

 

O ponto de vista psicanalítico para a esquizofrenia é de que as energias objetais transferem-se ao nível inconsciente ligadas ao significado disposicional desagradável, permanecendo no plano consciente uma atividade  puramente  verbal    destituída do seu sentido original. Assim, psicodinamicamente a esquizofrenia é explicada porque as energias objetais ligam-se ao sentido disposicionalmente e inconsciente, permanecendo a atividade verbal livre do sentido original. Ainda assim, embora a repressão se manifeste, uma atividade residual permanece consciente, de tal forma que a expressão verbal ainda pode se utilizar de signos contíguos verbalizáveis, cada vez mais distantes da realidade objetal. É como se se desenvolvesse uma contraenergia repressora na parte verbal, dissociando esta última do conteúdo inconsciente, de forma que a repressão do significado não sofre solução de continuidade, principalmente quando a doença é irreversível. Além disso, tal processo é virtual em psicanálise porque, a partir de certo estado de doença, as energias provenientes do soma e do ambiente não chegam a encontrar signos conscientes reais passíveis de integração ao conteúdo reprimido. O afastamento cada vez mais flagrante entre os níveis do inconsciente objetal reprimido e do consciente verbal fluido caracterizam a doença. Observamos que topologicamente a energia consciente sintetizou-se em um ponto de livre locomoção no espaço da consciência, e que psicodinamicamente este ponto energético, fixou-se no aspecto disposicional ou infantil (Freud), desagradável e não resolvido, possivelmente facilitado por fortes pressões externas, vinculando-se então ao conteúdo genético, inconsciente. Nesse caso é que um dispositivo alucinatório delirante de falha no mecanismo de defesa pode deixar aparecerem os conteúdos inconscientes sob a forma de descargas energéticas por entre os maneirismos e abstrações do esquizofrênico. Os conteúdos irrompidos, relacionados à situação inconsciente sob a forma de inovações perceptuais, se devidamente compreendidos e analisados, poderão indicar a presença de um fenômeno parapsicológico. Tomemos um exemplo vindo de Jung, extraído de Nise da Silveira. Antes porém daremos um aspecto diferencial  entre a psicanálise de Freud e a psicologia analítica de Jung. Este psicanalista suíço, discípulo dissidente de Freud, descobriu a existência de um inconsciente coletivo tão atuante nos indivíduos quanto o inconsciente individual freudiano. A existência dessa forma de inconsciente permite que certos conteúdos afetivos comuns à humanidade se façam manifestos de maneiras invariantes independentemente do período histórico, da geografia ou dos indivíduos considerados. Tais conteúdos coletivos surgem através de condutas padronizadas chamadas arquétipos. Tais padrões de conduta ou arquétipos são possivelmente transmitidos às gerações por uma forma não biológica de atavismo, desde que são calcados em mitos e fábulas de povos antigos e certamente originários de atos operantes do homem sobre a natureza e sobre si próprio. O termo atavismo tomado em sentido não biológico, embora careça de substrato científico é por nós utilizado na medida em que a hereditariedade do conhecimento e da cultura e a modificação lamarckista do código genético são hipóteses pouco aceitas, a despeito de lacunas na cibernética do ARN e da insatisfatoriedade da teoria darwiniana no entendimento de certas adaptações específicas ao meio ambiente. O exemplo a que nos referimos respeita a um fato ocorrido em 1906, quando Jung trabalhava no hospício de Burgholzli, Zurich. Um esquizofrênico paranóide que olhava para o sol, piscava e balançava a cabeça, disse a Jung que se ele o imitasse “o pênis do sol mover-se-ia também e este movimento era a origem do vento”. Em 1910 em meio a antigos manuscritos gregos de visionários de Mithra, Jung leu: “... e também  será visto o chamado tubo, origem do vento predominante. Ver-se-á no disco do sol algo parecido a um tubo, suspenso. E na direção das regiões do ocidente é como se soprasse um vento de leste infinito. Mas se outro vento prevalecer na direção das regiões do ocidente, ver-se-á da mesma maneira o tubo voltar-se para aquela direção”. Acrescente-se que o doente não possuía cultura antiga e que os manuscritos só foram revelados após sua alucinação. Portanto ele não poderia ter retirado aquela passagem do seu inconsciente pessoal, restando daí por simples oposição à coincidência parapsicológica, a manifestação arquetípica de seu inconsciente coletivo. Em oposição à redução ao ponto apresentamos a seguir a ampliação ao contínuo. Como antes dito, as topologias do ponto e do contínuo são idênticas porque ambas se referem a situações psicológicas completamente desestruturadas. Entretanto os processos de mecanismo de defesa são diferentes para os dois casos. No primeiro, como visto, a fronteira da região negativa contraía-se de tal forma que o significado deixava de existir para o sujeito, restando apenas um ponto de alta densidade energética, livre para manifestar-se no campo da consciência ou do soma (ou considerava-se psicodinamicamente que o significado era reprimido ocasionando liberações somáticas de energia). Consideramos no entanto a ampliação ao contínuo uma disposição não psicopatogênica de mecanismo de defesa. Processa-se no campo da consciência voluntária e exclusivamente e não parece encontrar correlato na ótica freudiana. O estado alienado e abstrato do esquizofrênico é seu oposto sintomático, porque o indivíduo realiza uma intensa atividade cortical, sublimadora ou compensadora, podendo ser o caso, no sentido de retirar o significado negativamente  (ou  filosoficamente  negativado)  valenciado através da dissipação da energia para signos vizinhos ou longínquos. Assim a atuação do mecanismo de defesa de ampliação ao contínuo não se dá pela contração do significado negativo mas pela dissipação de sua energia para outros significados. Conseqüentemente, retirada a energia, o significado deixa de existir, restando apenas um signo vazio delimitado por novas regiões que se estruturaram e cujas fronteiras lhe darão o lugar no campo psicológico do indivíduo. Certamente é esse o resultado de um bem sucedido tratamento psicoterápico porque daquele pesado valor só restará uma lembrança inócua. O princípio dialético de relacionamento de subestruturas vizinhas dar-se-á de maneira mais pujante do que vinha sendo feita antes da elaboração desse mecanismo de defesa. Ocorre entretanto que uma possível tendência neurótica particular poderá eventualmente conduzir o processo à uma aceleração mantida constante pela propensão à paranóia e ao narcisismo. Nesses casos as perspectivas psicóticas oriundas de problemáticas paralelas ao fenômeno em questão poderão ser prognosticadas e evitadas. Desse processo costuma resultar a aparição de descobertas, invenções e criações aparentemente extemporâneas e ageográficas incrivelmente precursoras e clarividentes. Pouca ênfase tem sido dada nos estudos em parapsicologia a esse tipo de fenômeno proveniente de ampliação ao contínuo pela dissipação de energia estruturante de uma região consciente negativa. Embora pareça tratar-se de uma conseqüência natural da atividade intelectiva de indivíduos intelectualmente dotados, a grande maioria dos casos é que a simples especulação intelectual desses indivíduos não conduz a resultados positivos. Uma simples experiência nos faria compreender o que  dizemos. Se  conseguíssemos  agrupar organizadamente uma equipe de cientistas dotados de elevados QI no sentido de elaborar as teorias da relatividade de Einstein, possuindo aqueles cientistas em grupo o mesmo nível de conhecimento do físico alemão, a atividade intelectual por eles despendida seria superior à desenvolvida por Einstein, mas certamente eles não alcançariam os mesmo resultados revolucionários e corretos, ainda que assim o desejassem com vigor. O que dizemos, independentemente da possível refutação da indutividade da citada hipotética experiência, caso ela fosse passível de realização, é que muitos processos conscientes utilizados na criação e na solução de problemas objetivos, que podemos aqui cognominar insights, ou intuições reveladoras, ainda que complexas, são de natureza qualitativa. De alguma forma as energias liberadas no mecanismo de ampliação fixam-se em áreas até então inexploradas pela atividade intelectual do indivíduo originando, aí sim, em função do potencial do sujeito, resultados mais ou menos lógicos ou complexos, mas, de qualquer maneira surpreendentemente de acordo com a realidade mensurável. O elemento que possibilita o acordo da idéia consciente a uma realidade objetivável dá mostras de sua existência, nesses casos, de forma bastante clara. Enquanto os demais processos lógicos dependem de uma aprendizagem inicial para se manifestar, tanto a intuição quanto o insight são fenômenos sintéticos e imediatos. Naturalmente que há condições facilitadoras, estas no escopo do estudo parapsicológico. Porém, no âmbito da compreensão, estes são fenômenos conceituais, por definição auto-explicativos e que expressam unicamente uma relação de acordo entre a idéia e o fato, aparentemente anti-analisável, sendo daí identificados  pelos  seus  efeitos  e  não por suas estruturas processuais próprias ou por suas naturezas.

 

O de grande interesse para a parapsicologia seria a resposta de como e porque mesmo as cadeias lógicas conhecidas relacionadas as aprendizado e à memória, elas próprias estão de acordo com uma aparente lógica da natureza. Na ampliação ao contínuo essa dependência em relação ao aprendizado deixa de existir e então o fenômeno poderia ser apressadamente “explicado” como uma solução de continuidade ocorrida no processo lógico do pensamento, sendo daí interpretado por pura oposição. O que faz com que a energia dissipada na quebra do processo lógico encadeado do pensamento se disponha na forma de um significado representativo adequado à realidade comum é entretanto transcendente daquilo que faz com que a própria cadeia lógica apareça naturalmente. O acordo da idéia e do fato ocorre a todo momento e é um fenômeno do qual depende estritamente a vida. Assim, por uma questão de adaptação, a geração desse acordo pode ser inicialmente considerada como repousando na eleição humana dos processos que permitem a manutenção da espécie; portanto esses processos podem ser inferidos pela comparação com aqueles que a dificultem em relação a fatos conhecidos. Embora o núcleo de tal acordo não seja atingido por semelhante explicação, que é apenas um modelo, o preponderante é que o acordo por ampliação ao contínuo não se dá por inferências especulativas, mas unicamente por verificação, independendo da necessidade da adaptação pois que esta só ocorre após a constatação do fato procedido. Em outros termos, no caso em pauta a necessidade de fenômeno não é conhecida no momento e no local em que ele ocorre.

 

A análise do processo energético da ampliação ao contínuo nos mostra entretanto que o signo preexistia antes de ser energizado, em uma forma de inconsciência não reprimida.

 

Observamos neste ponto a complementação do formalismo psicoanalítico exposto na redução ao ponto. Se acima já havia sido traçada a oposição dos movimentos topológicos, fica aqui bastante evidente a relação da contraposição entre os processos psicodinâmicos, libertário da ampliação e repressivo da redução. E, por extensão, formulamos aqui a hipótese de uma consciência coletiva nos moldes do desconhecimento não proveniente por censura mas por desativação.

 

Como anteriormente descrito, pode ocorrer uma deterioração paranóica do processo de ampliação do campo consciente, fazendo com que as estruturas desse campo se interrelacionem em uma forma especial de eqüipartição energética do ego através de ação disposicional. Tal eqüipartição dirige-se para o fortalecimento extremo do ego, às expensas das demais estruturas que, esvaziadas de seu conteúdo primitivo, passam a estabelecer interrelações aleatórias do ponto de vista do observador, sendo o comando dessas interrelações pertencente “à visão de si mesmo”. Pelas características descritas, o ego se torna caótico e ocorrem as conhecidas formações de sistemas e engrenagens centralizadas no Eu. As formações dessas múltiplas e aleatórias relações entre os signos foram minuciosamente averiguadas por Kammerer, conforme citado por Jung, terminando por conduzi-lo a uma fase maníaca e fazendo-o penetrar  na loucura.

 

Embora as relações entre os signos sejam estatisticamente  comprováveis  como  possíveis,  dentro  de restritos níveis de significância, e embora tais conexões sejam absurdas do prisma da causalidade, o paranóico consegue introduzir uma lógica improvável causal com elevada participação de uma grandeza delirante. Kammerer e Schopenhauer sugeriram que transversalmente às cadeias causais de eventos aparecem leis de serialidade conectivas entre eventos de cadeias causais distintas. A lei de serialidade como propõe Kammerer é a que efetivamente dá consistência ao universo de fatos causalmente determinados.

 

Assim, eventos simultâneos ou contíguos de cadeias causais de origens diversas se relacionam por uma lei de natureza não determinística. O efeito do processo paranóide na ampliação ao contínuo faz emergir, de uma forma significante para o observador, fenômenos que de outra forma permaneceriam despercebidos mesmo que correlacionados no espaço e no tempo, tais como a simulcognição e a clarividência.

 

Por transe hipnótico

Estado basicamente trofotrófico em que o sujeito estabelece um canal único de comunicação com o hipnotizador. Reduzida a extensão do campo do ego consciente, o indivíduo é sugestionado pelo agente, em geral por via auditiva, a vivenciar experiências viscerais, motoras, sensoriais e de desempenho de papel (Lins).

Particularmente diferente do sono, tanto no eletroencefalograma quanto no eletrooculomiograma, o potencial vígil permanece energizado porém consumido pela sugestão e pelo apagamento proprioceptivo e exteroceptivo e da crítica do Ego..

Abandonado por Freud por não permitir trabalho de perlaboração, ainda assim os conteúdos podem ser interpretados psicanaliticamente e propiciar tratamentos psicoterápicos.

A indução sugestiva do hipnólogo favorece a hipermnésia ou a paramnésia mas é muito interessante a progressão da memória para verificar-se até que ponto ocorrem ou não precognições e clarividências.

A hipnose à distância, chamada sugestão telepática, sem indução vocal e feita pela primeira vez, sem condicionamentos, pode ser tentada com indivíduos particularmente sensíveis.

A hipnose também pode proporcionar interessantes experimentos de visão remota, considerando-se sempre na significância estatística o homeomorfismo topológico dos alvos, de que trata Lins.
 

Por coma.

No coma a consciência sofre uma elevação do nível de tolerância aos impulsos exteroceptivos. O comatoso mantém precárias condições fisiológicas porque os centros do sistema nervoso, simpático ou parassimpático, tendem a não dominar os processos viscerais.

Com o apagamento da consciência, o paciente, incrivelmente, pode viver as chamadas experiências fora do corpo (OOBE), que são relatados em muitos casos.

No caso de anestesia geral o resultado é muito similar e o desvinculamento sensorial total tornaria impossível qualquer percepção do exterior. Mas, muitas vezes, parece ocorrer um desacoplamento entre a mente e o cérebro e o paciente pode ver-se deitado na  cama,  observar detalhes criptoscópicos e ouvir conversas, fatos que são relatados a posteriori do coma e que são confirmados pela equipe que assistia o paciente.

O retorno do coma em geral é tomado pelo comatoso como experiência dramática, próxima do renascer de uma morte e apropriada para reestruturação do Eu. O coma, nessas condições, é utilizado como terapia (insulinoterapia - cura de Sakel), em pacientes drogadictos.
 

Por privação sensorial – Ganzfeld  

Nesse caso, similar à hipnose (Ey) nos seus aspectos neuropsicológicos, o sujeito não estabelece transferência com nenhum interlocutor. O Eu fica submerso cumulativamente com o decorrer do tempo, primeiro com o pré-consciente imagético, que podemos chamar de 1ª fase para, em uma 2ª fase do experimento, vivenciar eclosões da natureza do recalcado. Conteúdos muito profundos afloram em seguida, estabelecendo-se um estado confusional em que não ocorre mais a distinção entre o conteúdo psíquico e as realidades exteriores vividas na evolução humana. Esse estágio muito profundo remete o sujeito a experiências que não podem ser interpretadas psicanaliticamente e que revelam uma estreita correlação emotiva com o inconsciente coletivo da psicologia profunda. Abaixado o nível sensorial, o processo de elicitação deixando de ocorrer, os conteúdos manifestos irrompem de forma caótica, sem organização. A eclosão de tais conteúdos podem conduzir o sujeito a alucinações, mantendo-se um estado que deve ser interrompido com evitação de problemas secundários de ordem cardíaca.

A privação sensorial pode ser indicativa de que o ser humano contém em sua base psíquica as raízes da formação biológica e mesmo do universo físico sendo, nesse caso, um experimento inefável.
 

Por experiência de morte iminente (NDE)

 

Foram estudadas as NDE por muitos parapsicólogos dos USA como Kubler-Ross, Haraldson, Schmeidler, Osis e principalmente Moody, daí serem também conhecidas como experiências moodyanas. Uma interpretação bastante boa da semelhança de relatos de pacientes que passaram pela morte clínica e “retornaram” é de que eles teriam em comum o nascimento, no pólo oposto da morte. A descrição de suas vivências, retirados os aspectos adquiridos e personalísticos na sua estruturação vital, revelou passagem por túnel à semelhança do parto e de suas possíveis influências de grande repercussão para a psique do sujeito que não teria outra escolha senão optar pelo trauma do nascimento (Abraham), embora contestado por Jung.

Foi verificado que a precognição ocorre muitas vezes nas descrições verbais dos clinicamente mortos. Esse aspecto tem sido particularmente estudado por via estatística, revelando-se potencialmente promissora.

Como ficou mantida a atividade cortical, a consciência passa por uma alteração, possivelmente traumática do ponto de vista psicológico e não se sabe se no momento da inconsciência da morte ocorreria uma repressão do tipo transpessoal e conforme a psicologia profunda (coincidências significativas).

 

Por megabrain

Técnica recentemente introduzida no Brasil, o megabrain é o contrário da privação sensorial. São estimuladas, estroboscopicamente e não, as regiões auditiva e visual do córtex cerebral, de forma bilateral, podendo-se chegar a quatro elicitações diferentes, duas em cada hemisfério. Inicialmente o paciente fica atento, procurando relacionar as ordens auditivas à interpretação das imagens. O processo vai atingindo um clímax quando as ordens ouvidas não mais se relacionam às imagens diferenciadas binoculares.

Como se pode depreender, megabrain é marcantemente ergotrófica e desorganiza o funcionamento eferente do hipotálamo do cerebelo e do sistema límbico.

Espasmos involuntários, sudorese, descontrole esfincteriano e tremores são uma conseqüência motora e secretora natural e que pode ser mais ou menos rapidamente alcançada dependendo do ritmo ou da intensidade das estimulações.

O sujeito, que antes mantinha razoável controle sensorial e motor, passa a sofrer de um recrutamento difuso do córtex, não excitando-se mais com as variações do ambiente em que se encontra, conforme descrito, para posteriormente adentrar em uma forma de convulsão tônico-clônica ou mioclônica.

É bem provável que megabrain desencadeie uma infatigável reverberação elétrica sensorial entre estruturas vizinhas do sistema nervoso central tal como em grande mal de estado de mal epiléptico. O coma convulsivo ocorre se o processo não for interrompido e o complexo de pontas deve aparecer em todos os traçados EEG na fase paroxística.

Maiores estudos sobre megabrain fazem-se necessários para verificar-se se da eficácia do método na externalização psicocinética.

 

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