Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

PSICOCINESE

 

G. S. Sarti

(IPPP - ABRAP) - 09/09
Este estudo, constante do Livro "Parapsicologia e Psico física"
WZ. 1980, foi minha primeira tentativa de
descrição do fenômeno psicocinético.

 A Psicocinese pode ser interpretada
como o resultado da ação de forte carga efetiva
tornando o espaço - tempo localmente curvo.

 

A movimentação de corpos sob a ação de campos gravitacionais pode ser interpretada como provocada por uma alteração da geometria do espaço - tempo.  Genericamente, o espaço livre de forças é uma forma quadrática expressa em coordenadas espaço - temporais retangulares por:

,

a nova geometria, devida a Riemann, é uma função tensorial:

,

 

acima, gik é o tensor métrico.  Nesta expressão o tensor métrico é dado por coeficientes obtidos pela variação do elemento de comprimento em relação às coordenadas generalizadas d xi.

O elemento de comprimento   é:

,

fazendo:

,

onde  são vetores unitários, obtemos:

,

o elemento de arco, ao quadrado, será obviamente, excluídos os d x respectivos:

,

ou simplificando:

,

onde:

,

observe-se que apenas se gik = 1  para i = k  e 0 para i ≠ k, o intervalo métrico ds2 se torna não riemanniano e conforme a geometria aplicada na TRE desenvolvida no capítulo "Tempo e Causa".

Ainda, a variação da geometria do espaço - tempo determinando inicialmente a sua métrica vai, por dedução, implicar na compreensão das propriedades físicas do universo.  Porém, a distribuição de matéria é o elemento original da alteração espaço - temporal, excluída a ação gravitacional.  Não sendo a força gravitacional utilizável como elemento ordenador dos movimentos, a ordem estabelecida e observada é dada pela integração do intervalo métrico segundo leis do cálculo variacional que o transformam em acontecimentos -  trajetória maximais do espaço - tempo, chamados geodésicas e equivalentes no espaço plano às retas, e surgentes como elemento natural no desenvolvimento da teoria.

A aplicação desta teoria da relatividade geral objetiva fenômenos no âmbito gravitacional, suposta certa distribuição de matéria.

A equação geodésica do movimento no campo gravitacional é dado pela integração estacionária do intervalo métrico cuja condição é:

.

Em outros termos, se os pontos inicial e final da trajetória são mantidos fixos, qualquer variação da curva deixará de ser uma extremal.

Tomando a convenção da soma de Einstein, a expressão do intervalo se toma:

ds2  = gik dxi dxk

Fazendo a derivação variacional obteremos:

2dsδ (ds) = dxi dxk δ gik  +  gik dxi δ (dxk)  +  gik dxk δ (dxi)

ou anda, com algumas transposições do cálculo variacional teremos:

.

Aplicando a condição estacionária vem:

.


Fazendo integração parcial tem-se:

,


ou, o que é o mesmo para cumprir a condição de que os deslocamentos
δxj são arbitrários obtemos:

.


O 2o e o 3o membros podem ser escritos:

.


Os dois últimos termos podem ter seus sufixos iek substituídos por m tal que:

.


Substituindo tais simplificações na equação principal teremos:

.


Do cálculo tensorial podemos multiplicar a expressão logo acima por gjt:

.


Acima, [ik,j] é conhecido símbolo de Christoffel.

Utilizando outro símbolo de Christoffel ter-se-á:

.

É encontrada assim a equação da geodésica que descreve o movimento de corpos no espaço - tempo gravitacional.  Verificamos que a aceleração:

,

logo:

,

equivale à uma força agindo sobre a partícula, com o tensor métrico sendo o potencial do campo.

Se o tensor métrico é mantido constante, os símbolos de Christoffel se anulam de maneira que a aceleração se anula o que significa um retorno à TRE.  Diz-se então que nesse caso o espaço - tempo deixa de ser curvo para ser plano, podendo o movimento ser equiparado segundo uma trajetória reta da linha de universo.  Isto pode ser matematicamente realizado e fisicamente pode ser aplicado para pequenas regiões do universo.

Fenômenos psicocinético aproxima-se do campo gravitacional para pequenas regiões do universo fortemente curvas.  A analogia que fizemos com o campo gravitacional deriva do fato de que para esse campo não foi descoberta uma partícula portadora da interação.  Ao suposto gráviton, de massa e carga nulas o Spin 2, poderia passar a corresponder o psicon.  Da mesma forma que a "ação à distância" do campo gravitacional não é minimizada pela introdução de barreiras entre os corpos atraentes e processa-se instantaneamente pela ausência de partícula descritiva, também um campo psicônico se apresenta com idênticas características.

Tendo em vista que o conceito de força na geometrodinâmica da TRG é supérfluo e substituível exclusivamente pela passagem da geometria euclidiana para a geometria curva de Riemann, a adimensionalidade dos efeitos, acelerações, da equação diferencial geodésica nos permite abstrairmos de seu conceito como fundamental para a descrição dos fenômenos cinéticos (deve ser ressaltada a diferença constatável entre os dos campos; o campo psicônico não sofre aparentemente a redução coulombiana que ocorre nos campos gravitacionais).

A geometria de Riemann se aplica aos fenômenos afetivos por exteriorização sobre corpos mássicos sem interferência de partículas intermediárias que envolveriam a possibilidade de distorção de efeitos.  Chamamos portanto "exteriorização" à súbita eliminação da aproximada planidade das pequenas regiões do espaço - tempo, tendo em vista a presença de forte carga afetiva nas proximidades, analogamente à tremenda densificação da matéria (Black Hole).  Assim, com a modificação da geometria euclidiana para riemanniana, objetos em repouso passam a descrever movimentos parabólicos.  No caso, embora a geometria de Euclides preste-se igualmente à descrição de acelerações sob influência de campo de forças, , parecendo ser daí episternicamente diferente da geometrodinâmica, o fato é que na interpretação da psicocinese a questão se passa aquém do ponto de vista filosófico e queda na concretude da natureza do fenômeno em si.  Aliás, é matéria de discussão, conforme Russel, se realmente a TRG nos oferece um ponto de apoio mais adequado para interpretar a natureza ou se trata apenas de um derivativo epistemológico da teoria newtoniana.

Observamos que por ser a geometria euclidiana uma aproximação da riemanniana, a TRG também não se aplica (ver "Tempo e Causa") aos fenômenos parapsicológicos do conhecimento.

Finalmente, a TRG nos oferece uma oportunidade para especulação em torno da mecânica telepática.  A característica da sugestão mental por TP envolve provavelmente a noção de campo psicônico (Carington) já citada, com a vantagem de que a interação telepática dá-se sobre "matérias" de mesma natureza quais sejam as dos âmbitos puramente psicológico ou neuronal.  O possível "campo psicônico" utilizado analogamente ao campo gravitacional para se obter uma teoria através da qual seja considerado como elemento fundamental do fenômeno psicocinético apresenta nesse último caso justamente tal dificuldade essencial: a consideração de que o psicon pudesse se apresentar ora material, ora psicológico, ao invés do gráviton, unicamente material.  De qualquer forma, a partícula da interação eletromagnética, o fóton, da TRE, movimentando-se a velocidade  finita é também considerada ora corpuscular, ora ondulatória, mesmo na ausência de meios de propagação, encontrando assim o psicon um correlato dual na ciência reconhecida.

BIBLIOGRAFIA

Eddington, A. S. - The Mathematical Theory of Relativity - Chelsea - 1975.

Einstein, Albert - The Meaning of Relativity - Princeton - 1954.

Russell, Bertrand - análise da Matéria - Sahar - 1978.