Parapsicologia RJ - Geraldo dos Santos Sarti

TODA PERCEPÇÃO É EXTRA - SENSORIAL.

Em discussão com o Leitor

 

Geraldo Sarti

Janeiro de 2012

 

(IPRJ / IPPP / REVISTA CONSCIÊNCIA / PARAPSICOLOGIA E CIÊNCIAS MENTAIS / ABRAP / PORTAL DA PARAPSICOLOGIA / NIAC)

 

O experimento de Bell / Aspect e mesmo o princípio de exclusão de Pauli, como já demonstrado neste site, no que respeita à necessidade de simetria telepática para encontro da estrutura assimétrica da matéria, conduzem inequivocamente ao que se chama de “ação à distância”, imediata e inconsciente, entre dois sistemas quânticos, como os olhos de dois observadores em estados de mesma polarização luminosa.  São os típicos (0, 0, 0, 0...) e (1, 1, 1,1...) dos computadores e bits quânticos, isto é, estados 0 e estados 1 de Bell.  Neste caso, os feixes de fótons com polarização 0 iluminam mutuamente os olhos dos dois observadores com a mesma polarização 0, instantaneamente ou mais rapidamente que a velocidade da luz, (ou velocidade relativa duas vezes superior à da luz fotônica).

Isto concorda com observadores relativos movendo-se mais rapidamente que a luz em relação a certo observador suposto parado ou não.

Caso contrário, os 2 feixes de fótons não são percebidos por ambos os observadores.  As correlações de Bell não são evidentemente as mesmas correlações clássicas estatísticas entre eventos separados por causa e efeito (à velocidade da luz).  Então, os observadores estão conectados “antes da percepção”, isto é, estão telepática e inconscientemente interligados e a observação mútua entre eles, dos 2 observadores, dá-se como confirmação ou tomada de consciência da sua interligação anterior.   É o que se pode chamar de decoerência dos estados interligados ou das mentes interligadas (entangled minds).

Entretanto, os olhos dos dois observadores podem estar polarizados igualmente, com polarização perpendicular à da linha de visada entre os dois olhos.  Neste caso, os dois olhos são impactados pelos fótons correlacionados, mas não pelos fótons da percepção sensorial, isto é, os fótons das reflexões, estes com velocidade da luz.  Neste caso, não haverá a tomada de consciência posterior que confirme a conexão telepática entre os observadores, já que não se observam mutuamente.  Esta ausência de confirmação do colapso, ou da projeção local da conexão não-local, faz com que os observadores interligados mentalmente não possam comunicar suas “percepções inconscientes”.  Há um afastamento da “realidade” e conseqüente dúvida insolúvel.  Ou, em outros termos, as mentes permanecem coerentes, sem que o colapso abrupto ou a decoerência gradual  sejam percebidos sensorialmente, localmente.  Pode-se chamar isto de estado mental puro ou desrealização ou sublimação, típicos do que se convencionou chamar de insanidade mental, perda de contacto com o real ou de investimento objetal.

As conseqüências psicológicas são amplas e vêm bem detalhadas neste site com uso das terminologias quânticas, lacanianas e jungianas, basicamente como prevalência do símbolo, do império do inconsciente metafórico e da penetração nos domínios do trans-ego ou do trans-individual transcendente e arquetípico.  Deve ficar claro que o desejo metonímico de realização no objeto ou no Outro, no parecer de Lacan, é a única referência à realidade.  Esta referência nós a chamamos de link psicocinético de aproximação imaginária do Eu com o Real, situando-se, todavia, ainda no registro do simbólico e na metonímia da contigüidade e do desejo e não na metáfora da similaridade e da simetria.  É assim a base de construção da assimetria do Real, aludida anteriormente como estrutura assimétrica da matéria.  Assim, esta assimetria e descontinuidade do Real é apenas o desejo psicocinético de link para o objeto da percepção e da medição, objeto este imaginário e inacessível psicologicamente ao Eu.

Embora física e matematicamente tenha-se mostrado neste site o colapso abrupto dos símbolos para o Real local e suas decoerências gradativas para o mesmo Real local, o colapso através da descrição espinorial das hiperdimensões de Hamilton e as decoerências simbólicas dos estados puros, através da introdução do Fator de Lorentz na síntese quântico-relativista, deve ser assinalada a permanência da coerência dos estados transcendentes puros ad infinitum, independendo de localização e de linearização.  Estes estados puros e coerentes, entrelaçados, que se mantêm além do tempo e do espaço, nós os chamamos de Psicons e são referidos por Goswami como modos normais de vibração associados ao arquétipo do Self ou do si-mesmo jungiano, no que concordamos quase plenamente.  Nossa discordância é que os Psicons estão em outras dimensões e não apenas como aspectos atemporais e aespaciais típicos dos arquétipos, com “relativa autonomia”.  Para mim, os Psicons, inconscientes ou conscientes, têm absoluta autonomia, se inconscientes, não como os arquétipos, e sua transcendência, neste caso, não é, pois, apenas relativa.  Os arquétipos são uma decoerência parcial, antes do Real local.

 A descrição do experimento Bell / Aspect, feita por Goswami, é bem elucidativa e merece a análise do Leitor interessado.  O livro do Goswami, que descreve o colapso abrupto, é citado na bibliografia, bem como o de Radin, este com descrição verbal da decoerência gradual e do próprio experimento de Bell / Aspect, e que também sugerimos ao Leitor.  Neste caso de decoerência, pode-se admitir que a gradualização gere maior ou menor tomada de consciência e, assim, também, sua autonomia  no tocante à sua localização espaço-temporal será apenas relativa.  Aspectos repressivos ou de recalcamento do inconsciente podem variar em torno da culpa e da mágoa ou ressentimento, aproximando ou afastando o Eu, do link psicocinético objetal ou do Outro como parte telepática do si-próprio.  Física e matematicamente, isto pode ser expresso pelo Fator de Lorentz como medida dos níveis de repressão e fuga à culpa e à mágoa latentes.

Mas, tanto Goswami como Horta Santos, em seu “O Universo Inteligente – O Tempo e a Mente”, tentam interpretar o Universo como dotado de uma inteligência ou de uma consciência física, quando o enfoque psicanalítico, mais particularmente o lacaniano e sua retórica do inconsciente, dão conta do Real como uma aproximação do desejo de realização, inalcançável  pelo discurso apenas do próprio Real e material.  A prevalência do simbólico é inevitável, mesmo quando significante primeiro vazio de sentido, como o Falo, a ser simbolizado e metaforizado no discurso.  Lévi-Strauss e Jakobson são estruturalistas precursores desta idéia, assim como Jung e a manifestação mitológica de Édipo, mesmo que este último psicólogo tenha abandonado a sua persona e erigido o arquétipo duplo anima-animus, masculino e feminino, além das máscaras individuais dos egos, conectados dentro do Self.

O máximo que, creio eu, se pode pensar para se realizar o mundo físico e material é que ele seja Sincronístico com o mundo mental e que as correlações e colapsos fotônicos abruptos de Bell / Aspect sejam manifestações desta  sincronicidade de um universo psicofísico uno e sincronístico (Unus Mundus).

O Universo primário duplo de Bohm, como conseqüência de uma variável quanto-mecânica oculta e não-local, exerce praticamente o mesmo efeito de um universo que se auto - define e é consciente ele mesmo, além da nossa ação e do nosso desejo, consciente ou inconsciente.  É como se o olho polarizado não tivesse um observador que pudesse pensar em polarizá-lo.

Gostaria de alertar o Leitor que, pela Geometria Riemanniana curva da Relatividade Geral, os fótons não se moveriam em linhas retas, mas sobre espaço-tempo curvo e sofreriam as distorções normais de percurso exercidas por corpos locais, com alteração consequente das próprias polarizações e frequências.  Assim, as correlações e colapsos fotônicos de Bell / Aspect não seriam verificados, prejudicando a análise quântica em sua validade universal não-local das similaridades.  Porém, deve ser salientado que a Teoria dos Psicons, deste site, perfeitamente compatível com Bell / Aspect, tem a mente observadora hiperdimensional e mais rápida que o fóton, ou imediata, assim como a Teoria da Relatividade Geral tem sempre um observador externo, também hiperdimensional e também passível de superar, à escolha do teórico, a velocidade linear da luz.  Em termos geodésicos da Relatividade Geral, haverá o mesmo imediatismo infinito da velocidade e da aceleração do deslocamento fotônico e o modelo padrão de Friedmann, FLRW, que mostramos, neste site, ser matematicamente “furado” em suas pressuposições geométricas, deverá ser empregado para exprimir melhor a métrica do universo e os desvios de frequência dos fótons.

Na Teoria que tratamos neste site, os Psicons são os observadores mentais hiperdimensionais e sua única relação com a realidade local se dá em pontos nodais zero de inflexão da onda psicônica, equivalentes aos colapsos abruptos das hiperdimensões não-locais, com geração do universo clássico, determinístico e aparentemente separado em seus componentes materiais. Neste caso, a mente e seus símbolos desaparecem e o mundo seria só matéria.

No caso da decoerência de que tratamos anteriormente, permanece o Link do desejo imaginário e metonímico da Realização objetal, inalcançável. A realidade torna-se uma média do supereu e da opinião geral, sendo transposta e transgredida por paranormais que a vencem e penetram o vácuo da telepatia e da identificação por similaridade simbólica carregada de afeto e arquetipicamente quase não-local.

Nossos experimentos de entrechoque de fótons, com Dan. Castilho dos Santos, e de inversão do sentido do tempo horário, com Raquel dos Reis Azevedo, são exemplos típicos e femininos de superação das barreiras individuais impostas ao ego pela crença generalizada no impossível clássico.

Mas, não serão tais transgressões e os transgressores da média, os paranormais e sublimados, e mesmo os considerados “psicóticos“, a chave para a transformação efetiva de uma realidade que se nos apresenta, hoje em dia, devastadora e terrificante?

 

BIBLIOGRAFIA

 

SARTI - “PSICONS“ - ABRAP – 1990

HORTA SANTOS – “O TEMPO E A MENTE“ – NOVA ERA – 1998

GOSWAMI – “O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE“ – ALEPH – 2008

RADIN - “MENTES INTERLIGADAS“ ALEPH - 2008