TSUNAMI – O DRAMA TRÁGICO
G.S.Sarti
Era madrugada de um domingo como outro qualquer.
Acordei lá pelas quatro enquanto dormiam nosso amigo:
Adilson de Freitas Rachid, o Rachid, e o meu filho
Therence Paoliello de Sarti, o Therence, geógrafo e
ambientalista.
Deve ser salientado que o Rachid tem muito medo de mar.
Como éramos os únicos no apartamento, situado em
frente ao mar de Copacabana, e àquela hora eu não tinha
nada para fazer ou raciocinar, resolvi ligar a televisão
pra passar o tempo e encontrei num canal da Net
(“Universal”, talvez) o filme, pra mim inédito,
intitulado “Mar em Fúria”.
Tratava-se da maior tempestade de todos os tempos,
segundo os meteorologistas da história, e que causava
ondas monstruosas no Mar do Norte, se não me engano.
Interessei-me em assisti-lo porque gosto muito das
fitas de catástrofe. Seu foco era um barco pesqueiro
moderno, de médio porte, localizado no meio da
tempestade. O filme era maçante pois só se via água
entrando e saindo pelo barco, de forma que não dava para
perceber maiores detalhes. E foi assim até o fim,
quando morreu o último tripulante ainda vivo.
Parece-me ter sido a história baseado em fatos reais.
Como o Rachid, conforme já dito, é fóbico a mar
(talassofobia), pensei em chamá-lo, de brincadeira, pra
acompanhar-me no aterrorizante (para ele) furor marítimo
com o qual procurava me distrair naquela entediante
madrugada. Mas, desisti da idéia, pois poderia
importuná-lo demais.
Entretanto, quando ele acordou, por volta das sete
horas da manhã, fiz algo que raramente faço: contei-lhe
o desenrolar do enredo, embora bisonho, só para
espicaçá-lo. Todavia ele, despretensiosamente,
afirmou-me, em contrapartida, ter sabido, fazia tempo,
através de um programa geográfico costumeiro na TV, que
no Japão tinha sido construída uma espécie de amurada
para proteger o litoral de uma onda, periódica ou
freqüente, lá comum. Ele tentou lembrar-se do nome
daquela onda, chegou a balbuciar palavras soltas com
dificuldade, até dar-se por vencido, pois realmente se
esquecera. Porém, ainda pôde acrescentar estender-se ela
por quilômetros. Com total ignorância sobre o assunto
não consegui emitir qualquer sinal de ajuda.
Neste ínterim surge o Therence, já pronto para uma
curta viagem ecológica. O Rachid então, por ser tema
próprio da Geografia, teve a idéia de perguntar-lhe:
-Therence, como se chama aquela onda lá do Japão?
Com o laconismo e a irreverência que externamente o
caracterizam, respondeu:
- Do Japão não sei.
Aí eu arrisquei:
- Pô The, esses cantos de lá, Japão, Sumatra ...!
Tsunami – disse ele e seguiu seu rumo. O Rachid
aquiesceu e a conversa banal acabou. No dia seguinte,
segunda-feira portanto, divulgado aos quatro ventos,
ficamos sabendo, eu e o Rachid, como tantos outros
espalhados pelo planeta, que multidões de pessoas haviam
sido vitimadas, mortas aos milhares, por enorme Tsunami,
resultante de um terremoto submarino, com epicentro em
Sumatra e grau 9,3 na escala logarítmica sismométrica
Richter , cujo máximo é 10,0.
Parece-me ter sido o mais violento maremoto já
registrado. Porém, como a rápida conversa a três e as
circunstâncias que a envolveram eram, aparentemente
irrelevantes, não lhes conferimos, eu e Rachid, nenhuma
importância, além do mais porque desastres, catástrofes
e coisas que tais vivem sendo noticiadas e fica tudo por
aí. Particularmente, eu também, achei que o acontecido
na Ásia já fizesse alguns dias e que a manchete do
jornal que lemos se referisse a fatos mais antigos.
Em síntese, não comentamos nem estabelecemos qualquer
conexão entre as duas cadeias de eventos.
Quando o Therence voltou, possivelmente terça-feira,
mas na mesma semana em que viajou, com certeza, falou
conosco:
- Aquela pergunta da Tsunami foi antes dos movimentos
tectônicos.
Aduzo, a título de curiosidade, que o Therence não
estava ciente do filme e do diálogo travado entre eu e o
Rachid. E, certamente o filme “Mar em Fúria” deveria
estar programado com antecedência seguindo a prática das
estações na Net.
Pensando bem, deve haver uma diferença, suponhamos,
de no máximo dez horas a menos, do Rio de Janeiro para
Sumatra. É possível então, que os eventos ocorridos em
casa e no Oceano Índico, tenham sido simultâneos, pois
muita gente tomava banho de mar nas regiões atingidas,
como me disseram depois. Não investiguei nada já que o
fato concreto foi que nenhum dos três tivera até a hora
brasileira de verão, na qual se deu nosso diálogo,
qualquer bit (de informação sintática) sobre o
cataclismo.
Estamos inegavelmente, perante uma coincidência digna
de consideração, pois apresenta evidente relação
temporal e simbólica, com alta significância
estatística, embora não quantificável, e forte conteúdo
psico-emocional, tal a comoção mundial provocada pela
tragédia.
ANÁLISE CONCEITUAL DO FENÔMENO
Pode-se dizer que o drama TSUNAMI teve uma projeção
em Copacabana, drama ocorrido lá em casa, de mesmo
conteúdo arquetípico e que não liberou a mesma
quantidade de afeto do DRAMA do Oceano ÍNDICO.
Vamos chamar o DRAMA TSUNAMI de f(x’) e o DRAMA
projetado de f(x), aonde também poder-se-ia chamar D(x’)
e D(x), substituindo o vetor f por D, sendo x e x’ os
componentes espaciais pluridimencionais do DRAMA.
De uma maneira geral, tem-se o KERNEL, ou FUNÇÃO DE
GREEN G(x,x’), tal que a transformação linear de vetores
seja matematicamente expressa por
f(x) =
∫G(x,x’)
g(x’) dx’
Nesse caso
g → f,
uma função linear mas se
g = f
então ter-se-á em substituição ao KERNEL, o DELTA DE
DIRAC δ(x,x’)
de forma que
f(x) =
∫δ
(x,x’) f(x’) dx’
Pelo TEOREMA DE FOURIER, desprezando-se os fatores de
normalização, já que o estudo é conceitual, não
numérico, teorema consagrado:
∞
∞
f(x) =
∫-∞
[
∫-∞
e iκ(x – x’) dκ
]
f(x’) dx’
Que eu vou escrever, com inserção de SPLIT do
δ
:
∞
∞
f(x) =
∫0
e –iκx dκ
∫-∞
e iκx’ f(x’) dx’
∞
Ao primeiro integrando eu chamarei
∫0
δ
dκ
= 1,
supondo distribuição
fortemente ponteaguda à medida em que ela se estreita
com x . Então
f(x) =
∫
eiκx’ f(x’) dx’,
isto é
δ
(x’) = eiκx’
Em outras palavras, o veículo projetor do vetor drama
D(x’) → D(x) pode
ser escrito na forma:
D(x) =
∫
eiκx’
D(x’) dx’
Nota-se assim que eiκx’
é a onde plana do tipo PSICON (semântica).
Ψp
= eiκx
na qual, se
κ
= cte. então a incerteza em x’ é infinita, isto
é, a velocidade em que se propaga o drama D é superior à
da luz, recordando-nos que
κ
= 2π/λ =
número de onda; então pλ
= h onde p
é o momento linear da partícula psicônica associada.
CONSIDERAÇÃO FINAL
A onda plana perfeita, sem pacote, a
Ψ (x,t),
sem relevância a introdução do tempo, que
projetou D(x’) em D(x), é um PSICON-ONDA
ei(κx
– ωt) que, do ponto de vista probabilístico
e semântico-dramático, é coerente com as situações
vivenciadas no Oceano Índico e em Copacabana. Não se
deve esquecer que
t = x
e
iπ/2 , isto é, o tempo é o espaço
imaginário
ix.
Com o evento TSUNAMI, ela tem todas as
características de um transmissor de dados sem meios
físicos intermediários e, portanto, com velocidade
superior à da luz.
Há dois aspectos relevantes quais sejam: que,
certamente o fenômeno apresentou-se fora do cone de luz
de Einstein e, pois, sujeito a todas as formas de
relação que violam a de causa e efeito, esta
necessariamente subluminica; em segundo lugar ocorreu
uma coincidência altamente significativa, conexão não
causal, do ponto de vista da “física moderna” e da qual
participaram afetos profundos, como preconizou Jung em
suas situações arquetípicas.
Segundo ele, teria ocorrido, insofismavelmente, uma
sincronicidade a qual foge às dimensões espaço-temporais
reais.
Alguns filósofos deístas poderão argumentar que a
mente surgiu muito antes do surgimento da espécie humana
homo sapiens e, em conseqüência, há mais de 14 bilhões
de anos de um suposto BIG-BANG. Fica aberta a questão
filosófica: As idéias antecedem os fatos como os
relâmpagos antecedem os trovões?
Como sugeri em “PSICONS” a onda gravitacional ou o
gráviton associado, com spin 2h, jamais poderá ser
detectada com instrumentação física real. O que resta é
a mente, trabalhando, sempre, com PSICONS. Se houvesse
interferência de potenciais materiais com os GRÁVITONS
(ou PSICONS), a função deles agregadora deixaria de
existir, descaracterizando seu papel exclusivamente
imaginário matemático.
Querendo estabelecer uma síntese, ou uma relação
inequívoca, entre os PSICONS e a SINCRONICIDADE, não
posso deixar de pôr em relevo que ambas as teorias
dão-se no espaço-tempo imaginário matemático, princípio
básico para que a síntese seja feita.
Os DRAMAS em si, devido aos seus graus de intensidade
afetiva, podem constituir-se em agentes facilitadores
dos fenômenos PSI, sejam eles cinéticos (Pκ) ou
sensoriais (Pγ), obliterando, mais ou menos, os fatores
de seleção sensoriais e psicocinéticos, conforme já
aventado por mim e por Ronaldo Dantas Lins do IPPP.
Aconselhamos ao leitor que quiser se aprofundar no
assunto em pauta pesquisar na bibliografia ou entrar em
contacto comigo.
BIBLIOGRAFIA
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COURANT, R E
HILBERT, - “Methods of Mathematcal Pbysies”,
Interscience Publishers, 1953, vol I – New York – USA
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