XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MEDICINA
ADVAYATARAKA UPANISHAD
CARLOS ALBERTO TINOCO
Novembro
de 2009
Advayataraka Upanishad
(Upanishado do
libertador não-dual)
Este texto é o 53º
dentre as 108 Upanishads citadas pela Mukti. Ela
pertence ao Yajur-veda branco, e procura expor a
essência do Raja-Yoga. Foi escrito em forma de prosa e
verso, misturados.
1 – Elegibilidade do
Taraka-Yoga
Então, e
pelos poderes paranormais do Purusha, nós
apresentaremos a exposição daquilo que alcança o
asceta, que controlou seus sentidos e é cheio das seis
qualidades (*) e outras, explicadas aqui, nesta Advayataraka Upanishd.
2 - Os meios e os fins do Yoga
Sempre
compreendendo o significado de “Eu possuo a forma de Chit (Consciência Transpessoal)”, com os seus olhos bem
fechados, ou com os seus olhos ligeiramente abertos,
enxergando o transcendental Brahman através da
introspecção acima do centro das sobrancelhas, e tendo a
forma do do efulgente Sat-Chit-Ananda (Ser
Eterno-Consciênscia-Bem Aventurança), o praticante
torna-se da mesma forma de Taraka (forma da Realidade
Transcendental).
3 – A forma de Taraka
Porque isso
permite que a alguém atravesse o grande medo de experienciar o ciclo da existência pré-natal,
nascimento, velhice e morte. Isto é da forma de Taraka;
tendo percebido aquelas duas (entidades), Jiva e Ishwara
são ambos o resultado da ilusão, e desprezando todas as
coisas perceptíveis com “não isto, não isto”, o que
permanece é Aquele. É o Brahman não-dual.
4 – Como alcançar
Para
alcançar este estado, se deve-se ter os três tipos de
percepção (Lakshya).
5 – Descrição da
percepção interna
Existe, no
meio do corpo, Sushumna, a Nadi de Brahman, da forma do
Sol e do brilho da Lua. Partindo do chackra Muladhara
(roda do apoio da raiz), ascende na direção do
Brahma-randhra (porta de Brahman) localizado no topo da
cabeça. Localizada no seu centro, está a celebrada Kundalini, muito radiante como miríade de flashes
luminosos, possuindo delicada forma, tal como o fino
talo da flor de lótus. Tendo observado isto através da
mente, o homem se liberta de tudo que o prende a este
mundo, através da destruição de todos os seus enganos. Assim, o praticante percebe, incessantemente, a
totalidade da efulgência do Taraka-yoga, uma radiância
na região facial da testa, e assim se torna
um Siddha (dotado de poderes), um ser realizado. Um som
semelhante a “Phoo” é gerado nos seus dois ouvidos,
parando com a introdução da ponta de seus dedos. Quando
a mente está harmonizada com aquele estado, percebendo
uma radiância azul no espaço entre os olhos, ele
alcança, através da introspecção, uma bem-aventurança de
extraordinária qualidade. E o mesmo acontece no seu
coração. Assim, aquele que procura se libertar pela
prática da Percepção Interna.
(*) As seis qualidades
são:1- Sama, quietude, auto controle da mente; 2- Dama,
domínio de sí mesmo, autocontrole; 3-Uparati, descanso,
resignação; 4- Titiksa, tolerância, Alegria; 5- Samadhana,
presteza, decisão; 6- Sraradha, fé, fidelidade.
6 – Descrição da
percepção externa
E assim, a
descrição da percepção externa é a seguinte: aquele que
percebe o espaço etéreo de cor azul próximo da cor
índigo aparentemente brilhando semelhante a uma onda da
cor do vermelho-sangue, mas de fato alaranjada, em
frente ao seu nariz, há uma distância de quatro, seis,
oito, dez ou doze polegadas de distância, torna-se um Yogin (um adepto). Existem radiações à frente do alcance
da visão de uma pessoa, que irradiam dos seus olhos na
direção do céu eterno. Percebendo tais raios, o
praticante torna-se um Yogin. Ele vê tais cintilações
semelhantes a ouro fundido, como se fosse os raios de
sol vistos sobre a Terra. Tal visão torna-se fixa. Por
ele que vê através de uma distância de doze polegadas de
comprimento à frente de sua testa, é alcançada Amrtatva
(imortalidade). Onde quer que ele possa estar, verá a radiância do etéreo céu à frente de sua testa, e assim
se torna um Yogin.
7 – Descrição da
percepção intermediária.
Segue-se
agora a descrição da Percepção Intermediária: Ele
percebe algo semelhante ao vasto disco solar do
amanhecer, resplandecente com variedade de muitas cores,
como uma enorme fogueira e semelhante às regiões do
meio-etéreo vazias disto. Ele permanece com a forma
idêntica à deles. Por vê-los várias vezes, aparece o Akasha (éter) vazio de qualidades; seguindo-se ao
transcendental Akasha, semelhante à escuridão palpável
trazida pelo esplendor da radiante forma de Taraka;
conseqüentemente o grande Akasha brilha como o fogo da
desilusão; em seguida, o Tatvakasha (Éter da Veracidade)
refulgente e transcendente esplendor que está acima de
tudo; ali então, se encontra o Suryakasha brilhando com
o esplendor de cem mil sóis. Assim, os cinco Akashas,
externa e internamente, tornam-se visíveis à
introspecção do Taraka-yogin. Ele que assim percebe,
liberta-se dos frutos da ação, e torna-se semelhante ao Akasha. Portanto, a percepção do Taraka torna o
praticante, doador do fruto da mente sem desejo.
8 – Dois aspectos de
Taraka
Taraka tem
dois tipos: a primeira metade, Taraka, e a segunda, a
variedade sem desejo. Aqui está o verso que responde ao
seguinte objetivo: conhecer então que aquele Yoga é de
dois aspectos, na ordem de prioridade e posteridade; o
primeiro deveria ser conhecido como Taraka, e o último,
Amanaska (variedade sem desejo).
9 – O prêmio do
Taraka-yoga
Sob as
pupilas, no interior dos olhos, reflete-se a luz do sol
e da lua. A visão, pela pupila dos olhos, dos discos
solar e lunar, consiste na visão deles pelo Yogin, após
concluir que, como no Macrocosmo (Brahmanda), existe um
par correspondente de discos solares e lunares no Akasha
do meio da cabeça do Yogin no Microcosmo (Pindanda). Aqui ele deveria também contemplar com uma mente olhando
acima dos dois como essencialmente um, como sem tal
mente, não há finalidade para o papel dos sentidos.
Então, Taraka deveria ser construído como possível
somente com a Percepção Interna.
10 – Os dois que devem
ser distinguidos como o Corpóreo e o Incorpóreo Taraka
possuem dois aspectos: Murti-taraka (Corpóreo) e
Amurti-taraka (incorpóreo). Aquele que culmina com os
sentidos é corpóreo; aquele que está além das
sobrancelhas é incorpóreo. Em qualquer dos casos, em
essência, a prática da meditação é desejável. Com os Tarakas, poderia ser descoberto o que existe acima
deles, o Brahman da forma Sat-Cit-Ananda, o qual resulta
da introspecção da mente. Então, fica claro que Brahman
é puro como luz branca. Brahman torna-se conhecido por
meio da introspecção do olho focado pela mente. Assim é
a Amurti-taraka (incorpóreo). Ele é apenas percebido com
a ajuda da mente, aquele Dhahara
e outras similares formas de Akasha tornam-se
conhecidas. A percepção da forma, sendo dependente da
mente e do olho, externamente e internamente, é apenas
pela conjunção do Atman, da mente e dos olhos, que a
percepção da forma é alcançada. Portanto, a percepção
interna em conjunto com a mente, é essencial para a
manifestação de Taraka.
11 – A real forma de
Taraka-yoga
Focando o
olhar intensamente, entre as sobrancelhas, o que se
manifesta através disto, aquela irradiação que permanece
acima das sobrancelhas é Taraka-yoga. Após provocar a
união do Taraka com a mente, com cauteloso esforço, o
praticante ergueria sua sobrancelha levemente. Esta é a
primeira variedade de Taraka-yoga. A posterior, que é
incorpórea, é chamada de Amanaska (sem desejo). Há uma
grande irradiação acima da raiz do palato. Isso é algo
que vale à pena ser meditado pelos Yogins. A partir daí,
flui um poder sobrenatural, tal como Animá e similares.
12 – O Mudrá de Shambu
No caso das
percepções interna e externa, quando ambos os olhos
estão entreabertos, isto é o mudrá de Shambu. O lugar
onde moram os sábios, que praticam este mudrá, é
sagrado. Pelo seus olhares, todos os mundos são
santificados. A qualquer pessoa a quem seja dada a
oportunidade de adorar estes grandes Yogins, torna-se
liberta espiritualmente.
13 – Forma da percepção
interna
A radiação
brilhante da percepção interna, possui duas formas. Através da instrução comunicada por um grande mestre
espiritual, a Percepção Interna assume a forma de uma
radiação emanada do Sahasrara Chacra, ou irradiada por
Chit, oculta na caverna de Buddhi ou o Turiya-Chaitanya
(a quarta consciência) habitando no Sodadhanta(2).
14 e 15 – Descrição de
Acharya
Ele é o Acharya, bem-versado nos Vedas, um verdadeiro devoto de
Vishnu, destituído de malícia, que conhece Yoga, que tem
afeição pelo Yoga, que sempre tem na intimidade do seu
ser, o Yoga e é puro; que é cheio de devoção pelo seu
mestre espiritual, ele que especialmente conhece o
Purusha; ele que possui tais qualidades, é conhecido
como Guru.
16 – A sílaba “Gu”
indica escuridão, e a sílaba “Ru” dignifica dispersador. Por causa da qualidade de dispersador da escuridão, o
Guru é assim chamado.
17 – O Guru representa
o Brahman Transcendental; o Guru é o supremo objetivo; o
Guru é a transcendental sabedoria, e o Guru é o último
recurso.
18 – O Guru é o limite
final; o Guru é elevada abundância. Pela razão que ele
ensina sobre Aquele, está o Guru acima de qualquer
coisa.
19 – Frutos nascidos
pelo estudo desta Upanishad
Aquele que
lê esta Upanishad apenas uma vez, torna-se liberto do
ciclo de nascimentos e mortes. Nesse exato momento,
desaparecem todos os enganos cometidos nas suas vidas
passadas. Ele alcança todos os desejos do seu coração. Ele alcançou o objetivo e o fim da existência humana. Ele que conhece isto – Esta Upanishad.
(1) - As seis
qualidades, são: a) Shama = quietude, controle da mente;
b) Dama = domínio de si mesmo; c) Uparati = tolerãncia;
d) Titiksha = contentamento; e) Samadhana = presteza; f)
Shradha = fé.
(2) - Sodashanta ou
Sodas’anta, é onde o Turyia-Chatanya é dito habitar, ou
seja, um ponto dezesseis polegadas à frente da testa. A
expressão Turiya-Chaytanya significa o Absoluto Brahman.
CONCLUSÕES
1- No item primeiro, os
autores anônimos desta Upanishad farão uma exposição
daquilo que o praticante atinge, quando controla os seus
sentidos e é cheio das seis qualidades e de outras. Vale
destacar que a palavra Taraka significa a Realidade
Transcendente, ou seja, o Absoluto Brahman, “puro como a
luz branca”, como se lê no item décimo.
2- No item 2, há uma
referência a Sat-Chit-Ananda (Ser
Eterno-Consciênscia-Bem Aventurança). Trata-se de uma
expressão que tenta designar as propriedades do Ser-Interno, o Atman, idêntico ao Absoluto Brahman. O Atman está em tudo, seres vivos, sendo Ele, idêntico ao
Absoluto Brahman. Vale assinalar aqui que o Yoga aceita
a existência de Chitta e de Chit. Chitta é a mente
pessoal, o Ego, a nossa identidade como indivíduo. Chit
é uma “mente” transpessoal, além de Chitta. Chit também
é denominada
Atman. Vale ressaltar
que Atman não é alma individual.
3- No item três, o texto
se refere a uma afirmação do famoso sábio vendantino
Shankarasharya “não isto”, “não isto”. Esta expressão
se refere ao fato do Absoluto Brahman não ser nada
daquilo que se possa pensar que Ele seja. Quando o
praticante alcança Sat-Chi-Ananda, rompe o ciclo da
existência pré-natal, nascimento, velhice e morte. Jiva
é a alma individual. Ishwara é uma palavra do Yoga
Clássico e significa o Absoluto Brahman. Aqui, não é o
caso, os autores anônimos a empregaram em outro sentido.
4- Aqui, os autores
anônimos dizem que para se alcançar Taraka, deve-se ter
os três tipos de percepção, que serão descritas em
seguida.
5- No item 5, o texto se
refere à anatomia exotérica do Yoga. Segundo a tradição
do Yoga, o ser humano possui três corpos: sthula sharira
= corpo grosseiro (corpo físico); sukshma sharira = corpo
sutil; karana sharira = corpo causal. Assim como o corpo
físico possui uma anatomia, o corpo sutil também possui
a sua anatomia. Dessa forma, o corpo sutil é formado
pólos seguintes elementos principais:
a) Chacras = rodas ou
“centros de força” psicofísicas, cada um delas tendo
influências físicas e psíquicas sobre o indivíduo. Existem milhares de chacras. Os principais são os
seguintes:
- muladhara chacra
= roda do apoio da raiz, localizado no assoalho pélvico;
- svadhistana c
hacra = roda que se põe de pé por si mesma, localizada
pouco acima do umbigo;
- manipura chacra
= roda da cidade das jóias, localizado na altura do
diafragma;
- anahata chacra =
roda do som não tocado (não produzido fisicamente,
localizado por trás do coração;
- vishudha chacra
= roda pura, localizado na garganta;
- ajña chacra =
roda do comando, localizado entre as sobrancelhas;
- sahasrara chacra
= roda de mil pétalas, localizado mo topo do crânio.
b) Nadis = canais ou
condutos por onde caminham os “pranas” ou “energias
vitais”. Assim como o sangue caminha nas artérias e
veias, alimentando todas as células do corpo físico, os pranas caminham nas nadis para alimentar os seus
diversos pontos;
c) Pranas ou “energias
vitais”. São de dez tipos: prana propriamente dito, de
cor vermelha e localizado no coração; udana, de cor
amarela, localizado na garganta; apana,de amarelo como a
cólera de ìndra, localizado próximo ao ânus; samana,
resplandecente como o leite de vaca, localizado próximo
ao umbigo; viana, cor de fogo, localizado em todo o
corpo. Estes são os principais. Os secundários, são: naga, localizado na pele e nos ossos. Associado aos atos
de espirrar e bocejar; kurma, idem,. Associado aos efeitos
de arrotar, coçar, abrir os olhos; krkara, ibidem. Associado aos atos de respirar, soluçar,
sentir fome; Devadata, ibidem. Associado aos atos de
sentir sono e bocejar; dhananjaya, ocupa todo o corpo. Associado ao ato de fitar atentamente.
d) Granthis. A palavra
significa “nós” São pequenas curvaturas nas nadis,
prejudicando a subida da energia Kundalini. Os
principais Granthis são: Vishnu Granthi, Rudra Granthi e
Brahma Granthi, todos eles localizados na Nadi
Sushumna.
e) Marmans. São pontos
de contato entre os corpos físico e sutil. São usados
para toques, visando produzir certos efeitos.
f) Kundalini. Energia
psicoespiritual, enrrolada como uma serpente, localizada
no Chacra Muladhara. Segundo a tradição do hinduísmo,
ela possui três voltas e meia. O Tantrismo a considera
como sendo a personificação do lado feminino do Absoluto
Brahman. Um dos seus principais objetivos consiste em
erguê-la através da Nadi Sushumna, até alcançar o Chacra
Sahasrara, localizada no topo do crânio. Isso seria a
união Shiva-Shakti, meta suprema do Tantra.
A expressão
“uma radiância na região facial da testa, e assim se
torna um Siddha (dotado de poderes), um ser realizado”,
se refere ao fato do praticante se tornar um ser dotado
de poderes psíquicos, após perceber uma radiância
localizada no Chacra Ajña, situado entre as
sobrancelhas.
6- Este item descreve a
chamada ”percepção externa”, muito obscuro.
7- Neste item está a
descrição da Percepção Intermediária. Aqui há
referências ao Akasha, o éter que é brilhante e possui
a forma de Traka. Há uma comparação entre o Akasha e
Taraka.
8- O item oitavo é muito
obscuro, de interpretação complexa.
9- O nono verso faz
referência à identidade entre o macro e o microcosmo. O
macrocos- mo é o universo inteiro e o microcosmo, é o
corpo do Yogin. Item bastante complexo.
10- No item décimo, há
uma referência ao poder da meditação e da sua capacidade
de levar o praticante a alcançar estágios superiores de
consciência. O autor deste texto, não encontrou a
tradução da palavra “Dhahara”. Aqui fica claro que os autore anônimos desta Upanishad, dizem que a mente do
observador, constrói a realidade externa. Esta afirmação
está de acordo com o conhecido problema da medida em
Mecânica Quântica, onde o a escolha do observador, “cria”
a realidade externa.
11- No item onze, o
autor anônimo desta Upanishad descreve uma técnica que
consiste em focar a mente entre as sobrancelhas, no
Chacra Ajña. Em conseqüência disso, aparece uma luz
muito brilhante e o praticante adquire poderes
psíquicos.
12- O ítem doze faz
referência a um mudrá de Shambú ou Shiva. Mudrá aqui se
refere a um gesto feito com os olhos, mantidos
semicerrados pelos praticantes. De u membros dm modo
geral, mudrás são gestos feitos com o corpo, com as mãos
ou com os olhos, objetivando afetar as energias prânicas
do praticante. Pode ser também os grandes brincos
usados pelos membros da ordem Kamphata, ou ainda os
cereais tostados usados nos rituais sexuais do tantrismo
da linha Vama (esquerda). Aqui diz o autor anônimo que
os que praticam esse mudrá, santificam os lugares onde
estão.
13- Neste item, os
autores anônimos desta Upanishad descrevem a Forma da
Percepção Interna. Faz referência ao mestre espiritual,
o Guru. Diz que a Percepção Interna possui a forma de
uma luminosidade emanada pelo Chacra Sahasrara, ou
também irradiada por Chit, a Consciência transpessoal. Buddhi é a parte nobre da mente, de Chitta. Aqui há uma
impropriedade, pois sendo Chitta a mente pessoal, que
contém Buddhi, não pode abrigar Chit, Turiya-Chaitanya. Vale destacar que a palavra mente é usada
indistintamente de consciência.
14 e 15- Nestes dois
itens, os autores anônimos desta Upanishad descrevem as
qualidades do verdadeiro Guru. Dentre os vários tipos de
mestre espiritual ou Guru, vale destacar o Acharya, um
tipo de professor. Aqui é dito que o Acharya descrito é
um devoto de Vishnu, o que indica que os autores
anônimos eram vaishnavas. Para eles, o verdadeiro Guru é
o que tem devoção ao seu mestre, numa clara alusão à uma
linhagem de mestres espirituais denominada Sampradaya,
onde um ensina ao outro, formando uma cadeia
discipular.
16- Neste item, os
autores anônimos descrevem a etimologia da palavra
“Guru”.
17 e 18- Nestes dois
itens, os autores anônimos desta Upanishads descrevem as
qualidades do Guru. Segundo o hinduísmo, a presença do
Guru representa a presença do Absoluto Brahman. O Guru é
perfeito, possui uma sabedoria infinita, etc.
19- Neste último item,
os autores anônimos descrevem quais são os resultados
obtidos por aquele que lê esta Upanishad, mesmo que por
uma vez, apenas. Esse leitor afortunado, após a leitura,
torna-se liberto do ciclo de mortes e de renascimentos,
desaparecendo todos os erros por ele cometidos em suas
vidas anteriores. Ele alcança todos os desejos do seu
coração e atinge o objetivo da existência humana. Tudo
isso, simplesmente, por conhecer esta Upanishad.
CONCLUSÃO
Para o hinduísmo e o Yoga, pessoa saudável é aquela que
alcançou a libertação espiritual, ou seja, aquela que
atingiu o estado de Moksha, Mukti, Kaivalya, Apavarga.